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Com Batman brutal, "Arkham Origins" acerta ao manter fórmula da série

Rodrigo Guerra

Do UOL, em Los Angeles

13/06/2013 09h02

O Cavaleiro das Trevas nem sempre ostentou o título de “melhor detetive do mundo”. No início de sua carreira ele era mais visceral, bruto e até descuidado.

É isso o que a equipe da Warner Bros. Montreal busca mostrar em “Batman: Arkham Origins” – e consegue com grande sucesso.

À primeira vista, o novo jogo do Homem-Morcego lembra, e muito, “Arkham City”. Da interface, que está idêntica, aos voos pelos céus de Gotham City. As similaridades não param por aí, pois os combos e golpes funcionam da mesma maneira que no título de 2011.

Ben Mattes, produtor sênior da WB Montreal, disse que essa semelhança é proposital. “Nossos fãs gostam dos jogos anteriores por terem um sistema de jogo bem robusto e afinado. A Rocksteady [produtora dos games anteriores] nos ajudou muito nos passando o material que eles produziram para que a transição não fosse sentida pelo jogador”, explicou ele.

Entretanto, Mattes faz questão de mostrar que “Origins” é um novo jogo, com personalidade própria. Segundo ele, voltar no tempo e mostrar as origens de Batman é uma forma de eles contarem uma história nova e sair das sombras da Rocksteady.

“Nos jogos anteriores, Batman já é uma figura pública e as pessoas gostam dele e poderiam até falar ‘Ei, Batman, como vai a esposa? Dê um alô para o Superman e, por favor, tire meu gato da árvore’", brinca Mattes. "Sim, eu sei que estou exagerando, mas o que quero dizer é que queremos mostrar mais da alma do Batman, a aura em torno dele, o mistério ao redor do personagem, aquele monstro que dá medo em todos que olham para os céus”.

“Essa é a história que queremos contar e que nos dá muita liberdade. Queremos mostrar que este jogo não é uma cópia idêntica dos games da Rocksteady”, conclui o produtor.

Sangue de morcego

Pelo ponto de vista dos produtores, a volta no tempo é uma boa ferramenta, pois com isso abre mais espaço para extrapolar as ações do Cavaleiro das Trevas no game. Como dito, Batman está muito mais agressivo e impulsivo. O trailer mostrado na E3 passa claramente essa mensagem quando o Morcegão deixa um capanga do Caveira Negra cair do topo de uma torre para ser empalado por uma grade.

“Digamos que este é um Batman mais jovem e mais cru. Ele acabou de começar sua carreira como vigilante e ainda não sabe como fazer tudo o que faz sem ser agressivo”, comenta Mattes. O produtor cita ainda uma cena em que este jovem Batman tenta obter uma informação de um capanga segurando-o pelo pescoço, porém ele está com tanta raiva que acaba deixando-o inconsciente no meio do interrogatório.

“Nessa cena Batman fica frustrado, pois sabe que passou dos limites daquele cara e que foi muito duro. Em nosso jogo, Batman comete muitos erros e eles são muito legais de se ver, afinal, nunca vimos Batman sair da linha”.

VEJA BATMAN EM AÇÃO EM "ARKHAM ORIGIN"

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Mais do mesmo – mas com novidades

A exploração de “Arkham Origins” segue o mesmo padrão dos games anteriores, ou seja, você vê seu objetivo no mapa, segue até ele, bate em alguns capangas, investiga a cena de um crime e entra em um prédio furtivamente. Isso foi legal em 2011 e continua legal hoje. Porém, no meio do caminho existem novos e empolgantes elementos, como as missões secundárias e aleatórias que aparecem na cidade.

Você pode estar lá, planando como um morcego assustador quando de repente vê um assalto a banco. Você pode simplesmente ignorar e seguir em frente, ou derrubar todos os bandidos. A escolha é sua.

Outra novidade está no modo detetive que agora permite fazer a reconstituição de um crime. Na demonstração que UOL Jogos testou, Batman é surpreendido por um helicóptero, mas o veículo perde o controle e cai nas ruas de Gotham.

Nessa hora seus instintos de investigador se sobressaem e ele vai examinando pistas e voltando passo a passo o que aconteceu. A cada nova pista, ele consegue entender o que aconteceu, 'rebobinando a fita’, voltando quadro-a-quadro os momentos da queda - o efeito lembra muito o Memory Remix, do recente "Remember Me".

Primeiro ele descobre que houve uma pane no helicóptero, depois conclui que não foi uma pane, mas sim um ataque de um atirador de elite. Ao descobrir o atirador, ele percebe que esse capanga era só um embuste e que na verdade o disparo foi feito de muito mais longe e de alguém muito mais perigoso: Deadshot.

Essa reconstituição do crime abre uma nova missão de forma inteligente e instigante. Afinal, por que Deadshot queria salvar Batman? Isso só saberemos quando o jogo sair.

No final das contas, mesmo seguindo os passos da Rocksteady, a equipe da WB Montreal mostra que pode fazer um bom jogo do Homem-Morcego. Eles melhoraram e expandiram muitas das coisas que vimos nos jogos anteriores e a vontade que deu era de não largar o controle e continuar jogando para acompanhar a história desse novo Batman que tem 'sangue nos olhos'.

"Batman: Arkham Origins" tem lançamento agendado para dia 25 de outubro em versões para PlayStation 3, Wii U, Xbox 360 e PC.