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UOL Jogos Mobile: Microtransações estragam nova versão de "Dungeon Keeper"

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

06/02/2014 18h00

Da mesma forma que exemplos como "Oceanhorn", "Device 6" e "Ridiculous Fishing" mostraram recentemente que parte da indústria de jogos mobile caminha na direção certa, outros provam que certas produtoras preferem investir em formas de manipular os fãs a gastarem mais e mais dinheiro do que em tornar seus games mais divertidos.

A Electronic Arts já decepcionou no final do ano passado com "Heroes of Dragon Age", que mal podia ser descrito como um jogo, e agora volta para sucatear mais uma de suas franquias clássicas no formato mobile. Infelizmente, esse é o destaque da semana.

DUNGEON KEEPER

Produtora: Electronic Arts • Em português? Sim
Disponível para: iOS (grátis) • Android (grátis)

Para os fãs da clássica franquia "Dungeon Keeper", o melhor que a Electronic Arts podia ter feito com a marca era deixá-la descansar em paz no fundo de algum de seus calabouços. Mas não foi isso que aconteceu, e cá estamos com um remake da clássica fórmula, adaptada aos padrões do que a antes criativa EA hoje considera como sendo diversão.

O novo "Dungeon Keeper" é uma aberração. Todos os elementos familiares aos fãs da série, que foi uma das primeiras do gênero defesa, aparecem desfiguradas por contagens regressivas intermináveis - daquelas que constantemente empurram os jogadores em direção às microtansações.

Diferente de uma série de outros exemplos que implementam tais microtransações de maneira inteligente e justa, este game simplesmente só torna-se jogável se o fã abrir a carteira. Os custos das armadilhas e atualizações para os calabouços rapidamente alcançam valores astronômicos, e cavar uma área de 3x3 em blocos com gemas é uma tarefa que demora literalmente dias. Tudo isso, claro, a menos que você compre gemas com dinheiro de verdade.

O pior agravante é o fato de que, debaixo de todas as tentativas baratas de roubar para si um pouco do dinheiro gerado por "Clash of Clans", o novo "Dungeon Keeper" esconde elementos que seriam bem-vindos em uma reiteração real da clássica série, como seus gráficos estilizados e sua interface por toque. Mas não dá para aproveitar nada disso frente a um jogo que não perde uma oportunidade para lhe pedir um trocadinho.

ASSISTA AO TRAILER DO NOVO "DUNGEON KEEPER"

FLAPPY BIRD

Produtora: GEARS Studios • Em português? Não
Disponível para: iOS (grátis) • Android (grátis)

A trajetória de "Flappy Bird" rumo ao topo da lista dos jogos mais baixados na AppStore é um verdadeiro mistério. O game, que tinha sido lançado em setembro do ano passado para iOS, debutou no final de janeiro na Google Play e em questão de dias tornou-se um ícone da cultura popular da internet.

Discutido em redes sociais e fóruns por ser extremamente difícil, o jogo é, na verdade, extremamente bobo. Trata-se de uma cópia do joguinho de helicóptero que viciou o mundo todo quando Flash era uma tecnologia nova, repleta de anúncios por todos os lados - inclusive alguns que atrapalham o progresso e podem causar arremessos de celulares.

Não é um jogo bom, e muito menos um jogo recomendável. Mas, até o final da semana, até a avó do Joãozinho vai baixá-lo em seu smartphone. Apenas para deletá-lo e nunca mais olhar para trás na segunda-feira.

LEGO STAR WARS: MICROFIGHTERS

Produtora: Warner Bros. • Em português? Não
Disponível para: iOS (US$ 0,99)

Em teoria, um shoot 'em up nos moldes clássicos 16-bit inspirado pela amada franquia "Star Wars" é uma ótima ideia. A mistura com LEGOs é desnecessária - mas mal não faz. É uma pena, portanto, que "LEGO Star Wars: Microfighters" não passe de um joguinho promocional para a linha de brinquedos, visivelmente produzido com recursos limitadíssimos.

Com estágios, veículos controláveis e inimigos inspirados por ambas as trilogias já lançadas da série, o game não impressiona por dois fatores em especial. Em primeiro lugar: tudo no jogo é igual. Os inimigos comportam-se da mesma forma, os veículos funcionam de maneiras praticamente idênticas, e os estágios não oferecem desafios únicos nem marcantes. E o outro: o game é lento ao extremo, e, de quebra, muito fácil.

As cutscenes entre estágios são péssimas, e só estão lá para preencher buracos. Mas elas pouco importam: o que importa é que existem shooters melhores e também jogos de "LEGO Star Wars" melhores disponíveis para iOS.