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Xbox One deixa Kinect de lado para conquistar jogadores

Pablo Raphael

Do UOL, em Los Angeles

11/06/2014 01h10

O Xbox One pode ser o seu próximo videogame. É o que deseja a Microsoft, fabricante do console que nasceu como uma central de entretenimento ambiciosa, mas que na última segunda-feira (9) assumiu ser, de fato, um console para jogos.

Em uma apresentação com 90 minutos de duração, sem pausas para respirar, e pontuada por jogos de tipos bem variados, indo do próximo “Call of Duty” ao singelo game independente “Ori”, o Xbox One mostrou que está na disputa pelo público ‘gamer'.

Curioso que, para isso, a Microsoft não deu destaque nenhum para os “antigos" diferenciais do Xbox One. Nada se falou de processamento em nuvem ou mesmo do Kinect. O acessório, tão badalado um ano atrás pela empresa, agora nem é lembrado - um novo “Dance Central”, barato e digital, é a rara exceção no catálogo de novidades da empresa.

Mesmo a produção de conteúdo transmídia teve participação tímida, restrita ao projeto “Halo Nightfall”, série produzida pelo cineasta Ridley Scott e apresentada como material de apoio para “Halo 5: Guardians”.

Jogos exclusivos

Entre as vantagens que um fabricante de console tem na guerra com a concorrência, os jogos exclusivos estão em posição de destaque. Preço, poder de processamento, tudo se torna relativo quando a plataforma é a única capaz de rodar um game muito desejado pelos fãs.

A Nintendo tem “Mario”, “Zelda”e  outras séries clássicas do passado. A Sony, “God of War”, “Uncharted” e “Gran Turismo”, entre várias franquias estabelecidas. A Microsoft, por sua vez, não tem tantos títulos exclusivos. “Halo”, sem dúvida, é o maior deles.

Não foi à toa que a coletânea “Halo: The Master Chief Collection” foi um dos destaques da Microsoft na E3 2014. A caixa reúne os jogos “Halo" de 1 ao 4 em um só disco. Ficaram de fora apenas os episódios “ODST" e “Reach”, que não são estrelados pelo herói grandalhão.

REPAGINADO (DE LEVE...)

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    O pacotão “Master Chief Collection” é generoso em muitos aspectos, mas no quesito melhorias gráficas, que é praticamente o padrão nesse tipo de coletânea, faz o serviço pela metade. Enquanto “Halo 2 Anniversary” é todo redesenhado para o Xbox One, os outros jogos seguem intocados, exatamente com a mesma cara do Xbox 360.

O pacote chegará ainda este ano, aproveitando o aniversário de dez anos do clássico “Halo 2” e oferecerá muitas horas de jogo, uma grande diversidade de modalidades - tanto multiplayer quanto para um jogador - listas de jogo que combinam fases de toda a saga, 4 mil pontos de Conquistas e um tratamento especial para o aniversariante.

“Halo 2” terá o visual todo refeito em alta definição, cenas de animação recriadas e expandidas e a opção de trocar, sem pausa alguma, entre os gráficos redesenhados e a versão original. E, para a alegria dos fãs veteranos, o festejado modo multiplayer do game estará presente, com seis mapas vindos diretos do clássico game do primeiro Xbox.

Outras boas pedidas da Microsoft incluem o jogo de corrida “Forza Horizon 2”, que traz um festival de velocidade em um grande mapa no “sul da Europa”, uma região que reúne elementos típicos da geografia da França, Itália e Espanha, entre outros países.

No Xbox One, o game é feito a partir de “Forza Motorsport 5”, com gráficos caprichados, física realista e o divertido Drivatar, que dá aos carros na pista a ‘personalidade' de outros jogadores. A fórmula é aplicada sobre um mundo aberto para explorar e competir, além de uma direção mais suave e disposta à manobras radicais. É “Forza” menos sisudo e mais divertido.

No mais, a Microsoft aposta forte no multiplayer, coisa que os estúdios internos da empresa sabem fazer bem e ponto forte da rede Xbox Live. Seja em “Fable Legends”, aventura medieval onde quatro heróis lutam contra monstros comandados por um quinto jogador, ou no frenético e violento “Sunset Overdrive”, todos os jogos do Xbox One contam com forte apelo multijogador.

Tamanha é a importância do multyplayer que a apresentação da Microsoft se encerrou com “Crackdown”, jogo de ação com aparência cartunesca mas carregado de adrenalina. O game original fez sucesso no começo de vida do Xbox 360 e agora a série retorna às raízes sob a batuta de David Jones, um dos criadores de “GTA" e pai do “Crackdown” original.

Tiros certeiros

O apelo multiplayer está não apenas nos jogos próprios do Xbox One, mas também nos jogos multiplataformas apresentados pela Microsoft, desde o arrasa-quarteirão “Call of Duty”, que busca se reinventar em “Advanced Warfare”, até “Evolve”, franquia bem inovadora que coloca quatro jogadores no papel de caçadores e um quinto controla um monstro em constante mutação.

KILLER INSTINCT

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    Um dos primeiros exclusivos de peso do Xbox One, “Killer Instinct” vai ganhar novos lutadores no próximo semestre. A segunda temporada incluirá o pugilista T.J. Combo, o fogoso Cinder e outros.

Com anúncios breves de continuações aguardadas de jogos de sucesso, como “Rise of the Tomb Raider”, e até o resgate de franquias do Xbox original, como “Phantom Dust”  e do mascote Conker (ainda que como personagem no beta de “Project Spark”), a Microsoft quer assegurar que possui os principais jogos do mercado para o segundo semestre e para 2015.

Ainda longe da variedade de ofertas do PlayStation 4, o Xbox One começa a dar os primeiros passos em direção a um futuro melhor, com jogos de alta qualidade capazes de prender a atenção dos usuários por alguns meses.

A conferência da Microsoft na E3 2014 aponta para um caminho mais claro e melhor resolvido do que sugeriam os primeiros meses de vida do Xbox One.

Lacuna para preencher

Com bons jogos à caminho e um foco melhor definido nos games, resta ao Xbox One preencher uma importante lacuna: a do jogo imperdível, o 'vendedor de sistemas' - o chamado 'killer app'. Os candidatos em potencial, como “Halo 5” e o novo “Gears of War" praticamente não apareceram na feira.

“Quantum Break”, projeto ousado da Remedy (de “Alan Wake”), optou por ‘pular' a E3 e será revelado em mais detalhes na feira européia Gamescon, que acontecerá em agosto.

Acenar para os fãs com um jogo imperdível, daqueles que podem se tornar clássicos instantâneos, é algo que a Microsoft precisa fazer logo. Mais ainda, é tarefa obrigatória para o console conquistar os corações, mentes e bolsos dos jogadores.

VEJA COMO FOI A CONFERÊNCIA DA MICROSOFT NA E3 2014

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