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BGS: "Advanced Warfare" é renovação tímida para "Call of Duty"; impressões

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

11/10/2014 13h01

"Call of Duty: Advanced Warfare" é o jogo mais importante da franquia desde o primeiro "Modern Warfare". O game da Sledgehammer carrega nos ombros a responsabilidade de renovar a série bilionária e reconquistar a confiança do público, desgastada com a repetição anual de idéias e mecânicas em cada jogo.

UOL Jogos testou o modo multiplayer de "Advanced Warfare" no Brasil Game Show, em São Paulo, e conversou com o produtor Mike Mejia sobre as novidades do próximo "Call of Duty" e os desafios de inovar dentro de uma série consagrada.

"Começamos a desenvolver a idéida de 'Advanced Warfare' logo depois que terminamos a produção de 'Modern Warfare 3'", lembra Mejia. A Sledgehammer estreou na série auxiliando o estúdio veterano Infinity Ward no "Call of Duty" de 2011, mas o jogo deste ano é o primeiro totalmente feito pela produtora. "Chegamos no conceito do soldado avançado e do exoesqueleto e as mecânicas novas podemos oferecer para os jogadores".

Até onde a Sledgehammer pode chegar sem descaracterizar o jogo e afastar mais fãs do que atrair o público de volta?

Pela partida jogada no BGS, a resposta parece ser: "Não muito longe". Apesar do exoesqueleto e as novas possibilidades de movimentação (grandes saltos que permitem um deslocamento vertical que não era possível em jogos anteriores), a impressão inicial é que pouca coisa muda no game. O soldado se move de forma pesada e os saltos são atrapalhados, sem a elegância e a agilidade dos Pilotos de "Titanfall" ou dos Guardiões de "Destiny" - para citar apenas dois concorrentes diretos do arrasa-quarteirão.

Para Mejia, é importante manter a essência de "Call of Duty", seja com a campanha cheia de sequências cinematográficas ou com o multiplayer robusto e acelerado. "As partidas de 'Call of Duty' são rápidas, tudo rola em 60 quadros por segundo o tempo todo. O jeito que você joga, a profundidade do game, os vários perks, as armas e habilidades, tudo isso faz 'Call of Duty' ser o que é".

"Nossos fãs sabem disso, mas eles vêm pedindo por novidades e esse é o foco de 'Advanced Warfare', queremos oferecer aos fãs novas maneiras de jogar o game".

VEJA TRAILER DE "CALL OF DUTY: ADVANCED WARFARE"

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Zona de guerra genérica

Jogamos uma partida de controle de território, bem tradicional, em um mapa que mostrava uma instalação militar em ruínas, com carros destruídos pegando fogo do lado de fora e grandes galpões vazios onde muitas vezes se concentrava o tiroteio, A área tinha mezaninos e passarelas que permitiam explorar bem a movimentação vertical mas fora as boas texturas em alta definição, o mapa não tinha nada impressionante.

Mesmo a ambientação parecia vinda do mesmo "Call of Duty" de sempre. Talvez a visão de veículos incendiados na rua impressione o público norte-americano, mas para quem mora em São Paulo, parece mais parte do cotidiano do que uma zona de guerra. É de se esperar que a identidade visual de "Advanced Warfare" venha da campanha solo, porque ao menos o mapa jogado no BGS não tinha nada de memorável.

Para quem teme um jogo futurista demais, "Advanced Warfare" está longe disso. O exoesqueleto e os lançadores de granada acoplados ao braço parecem ser os acessórios mais "sci-fi" do game. E, vale dizer, esses lançadores eliminam toda a satisfação de arremessar uma granada com precisão. O soldado só aponta o braço e dispara a granada como outro projétil qualquer.

"A inovação nas mecânicas tem que ser equilibrada com o que os fãs conhecem de 'Call of Duty'", explica Mike. "No final das contas, estamos fazendo o jogo para os fãs. Quando você pega o controle para jogar, a sensação que tem é de que isso é novo mas ainda é 'Call of Duty'".

Renovação tímida

Do que foi visto na demonstração de "Advanced Warfare", o que realmente agradou foi o sistema de personalização. São muitas opções de roupas, capacetes, óculos e rostos para os soldados, tanto homens quanto mulheres. No mais, é o mesmo combate de sempre, rápido e não exatamente "realista", mas ao menos neste primeiro contato, não tão divertido quanto já foi em jogos anteriores.

Se isso é um problema da demonstração, pelo contato rápido com as novidades mecânicas e sem poder explorar com profundidade os sistemas de criação de classe, os novos 'supply drops' e o "Pick 13" - coisas que podem ser melhor assimiladas jogando a campanha com um aprendizado gradual (e com o progresso que libera novas e melhores funcionalidades para o exoesqueleto) - ou algo inerente ao game, é uma questão que exigirá pelo menos mais algumas horas de jogo.

Por agora, fica a impressão que "Advanced Warfare" traz uma renovação tímida para "Call of Duty". É um primeiro passo necessário para reconquistar os fãs. Resta saber se não é um passo curto demais.

"Call of Duty: Advanced Warfare" sai em 4 de novembro para PC, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One.