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Van Damme, violência, vacilo e vitória: saiba a história de "Mortal Kombat"

Claudio Prandoni

Do UOL, em São Paulo

09/02/2015 10h12


Hoje em dia a série é uma grife famosa, com filmes, séries, brinquedos e outras ações e produtos que movimentam milhões de dólares.

Mas nem sempre os 'kombates' foram assim tão cheios de prestígio...

Sangue e mitologia

Há 23 anos, quando começou, "Mortal Kombat" era algo bem mais simples. Em cerca de um ano uma equipe composta inicialmente por quatro pessoas criou o primeiro jogo.

  • Divulgação

    Cotado para estrelar o primeiro "Mortal Kombat", Van Damme foi 'trocado' por Johnny Cage. Curiosamente, em 1995, viveu uma versão digitalizada de Guile em "Street Fighter: The Movie"

Era para ser uma produção estrelada por Jean-Claude Van Damme, com imagens digitalizadas do ator e outros lutadores, mas o licenciamento não deu certo e o time acabou criando algo original em cima da ideia.

Buscando inspiração principalmente em filmes dos anos 80 e mitologia chinesa, os produtores Ed Boon e John Tobias deram vida a ninjas, feiticeiros, monstros e outros guerreiros cheios de poderes especiais.

De carona, veio também a violência que fez a fama e infâmia da série. Socos e chutes faziam pipocar inúmeros quadrados vermelhos pela tela, como se fosse sangue, e os terríveis golpes de finalização, eternizados pela alcunha 'Fatality', chocaram a todos com cabeças arrancadas, corpos em chamas e corações pulsantes arrancados do peito.

Para o público do início dos anos 90, especialmente no ocidente, que aprendeu a jogar videogame com as formas quase abstratas do Atari e os ícones amigáveis da Nintendo, foi um choque e tanto.

A controvérsia foi tamanha que senadores dos EUA começaram a questionar as produtoras de jogos sobre a representação de violência nos games. O intenso debate acabou impulsionando a criação da Entertainment Software Rating Board (ESRB), que até hoje se responsabiliza por classificar jogos de acordo com faixa etária nos Estados Unidos.

VEJA CENAS DA CAPTURA DE MOVIMENTOS DE "MK1"

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A era de ouro

O sucesso tremendo de "Mortal Kombat" nos fliperamas só fez aumentar a ansiedade pelo lançamento das versões para consoles caseiros.

Todas saíram em 13 de setembro de 1993, uma segunda-feira que levou da equipe de marketing do game o apelido 'Mortal Monday'.

Gráficos mais simples e menos violência não impediram o sucesso: dois meses depois, a produtora Acclaim revelou ter vendido cerca de 3 milhões de cópias, contando Mega Drive, Super Nintendo, Game Boy e Game Gear.

Em tempo, a turma do Mega Drive se deu melhor, já que por meio de um código era possível habilitar o sangue e os Fatalities mais violentos do fliperama - o clássico A, B, A, C, A, B, B.

Inevitáveis sequências vieram e "MK" surfou bem a onda de sucesso nos anos seguintes.

"Mortal Kombat II" foi maior em tudo: mais guerreiros, Fatalities, cenários, segredos e, claro, sangue. "MK3" trouxe um tom mais sombrio e personagens variados, como os robôs Cyrax, Sektor e Smoke e a quatro-braços Sheeva, da mesma raça de Goro, do primeiro "MK".

"Ultimate MK3" expandiu o terceiro episódio, especialmente por trazer de volta uma imensa seleção de ninjas coloridos que ficou de fora do "MK3" normal, e "Trilogy" dispensou qualquer bom senso ao reunir em um só game praticamente todos os personagens, golpes e cenários da trilogia inicial da série.

FILMES E AFINS

Nos anos 90 um dos indicadores de sucesso era ter uma adaptação para os cinemas. "Mortal Kombat" passou por isso duas vezes: a primeira, com algum sucesso, tinha Cristopher Lambert no papel de Raiden e agradou muita gente; já a continuação, "Aniquilação", foi uma vergonha completa.

A série também já se aventurou em inúmeras HQs oficiais e até seriados. O mais recente, "Legacy", começou como projeto de fãs e acabou virando produto oficial da Warner.

Fora de sintonia

Para o quarto episódio da série, em 1997, "Mortal Kombat" entrou nos espaços das arenas 3D, estilo então já consolidado por "Sould Edge", "Tekken", "Virtua Fighter" e outros games.

"MK4" trouxe também diversos personagens inéditos - como os vilões Quan-Chi e Shinnok, que até então só tinham aparecido em "Mythologies: Sub-Zero" - e o uso de armas e objetos do cenário durante as lutas.

Apesar das boas críticas ao game, "MK4" marcou o início de uma era tenebrosa para a franquia. Por volta de 1999, durante o desenvolvimento de "MK: Special Forces", o co-criador John Tobias, responsável principalmente pelo enredo da franquia, saiu da Midway.

Entre 2002 e 2006 saíram "Deadly Alliance", "Deception" e "Armageddon", todos jogos de luta 3D que introduziram montes de personagens sem carisma e modos de jogo dos mais diversos e malucos, desde ação e pancadaria ao estilo "Final Fight" até quebra-cabeças e corridas de kart.

A qualidade estava lá, mas pouco combinavam com o tom sombrio e violento de "Mortal Kombat".

O único raio de luz nesta época foi "Shaolin Monks", de 2005, game de ação cooperativo estrelado por Liu Kang e Kung Lao que recria momentos dos primeiros "MK". Virou clássico cult e até hoje alvo de inúmeros pedidos de sequências e remasterizações.

Volta por cima

O reboot não só trouxe a glória de volta a "MK", como catapultou a série para seu ponto mais alto: o game de 2011 é o mais vendido em toda a franquia - a estimativa é de mais de 5 milhões de unidades vendidas pelo mundo todo, somando todas as plataformas.

Com grandes poderes, vêm também grandes responsabilidades. O sucesso do estúdio NetherRealm credenciou a equipe a cuidar de outras marcas famosas da Warner, tanto que o estúdio já cuidou também dos excelentes "Batman: Arkham City Lockdown", para smartphones e tablets, e "Injustice: Gods Among Us", game de luta com história original e heróis e vilões da DC.

A jornada nos leva então a mais um momento de expectativa e ansiedade, visto que no próximo mês de abril chega "Mortal Kombat X". O game retoma de onde o reboot de 2011 parou e lança a história 25 anos no futuro, mostrando lutadores e acontecimentos inéditos.

O título chega com ares de blockbuster, com diversas edições especiais à disposição, HQ contando eventos que antecedem o game e prévias novidades a todo momento.

O Brasil, felizmente, não tem ficado de fora da festa: "MKX" será o primeiro título totalmente dublado e legendado em português (o anterior tinha só legendas) e Ed Boon veio até à BGS 2014 mostrar o game e conhecer os fãs daqui.

O game sairá para PS4, Xbox One, PS3, Xbox 360 e PC em abril no Brasil. As versões para consoles custarão R$ 220 nas lojas, enquanto o disco para PC sairá por R$ 100.