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Jogamos: Em português, "The Witcher 3" é RPG épico acessível para todos

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

15/04/2015 14h10

Produção mais ambiciosa da CD Projekt Red, "The Witcher 3: Wild Hunt" marca uma mudança de postura da produtora polonesa. Visando um público maior, o jogo é mais acessível para os jogadores recém-chegados do que os dois títulos anteriores.

Não, "The Witcher 3" não é um jogo fácil. Jogar na dificuldade "Normal" é bem mais desafiador do que outros games do gênero, como "Dragon Age" ou "Skyrim". Nos níveis de dificuldade mais elevados, a experiência é similar a de um "Dark Souls" ou "Diablo III" no famigerado modo Hardcore, onde só se vive uma vez.

A acessibilidade aqui envolve apresentar o game, seus personagens e objetivos de forma clara para todos - não importa se é o primeiro "Witcher" da sua vida, se você é um veterano dos computadores ou um leitor ávido dos romances de Andrzej Sapkowski.

UOL Jogos teve a oportunidade de explorar o mundo de "The Witcher 3" durante 3 horas, passando pelas missões iniciais e se aventurando pelos vastos Reinos do Norte. Isso é apenas uma pequena fração do RPG de proporções épicas (que pode durar mais de 200 horas) que sai em maio para PC, PlayStation 4 e Xbox One.

Caçador de monstros

No game, você controla o bruxo Geralt. A aventura começa no castelo Kaer Morhen, uma área onde os feiticeiros praticam suas artes de combate e magia. No mundo de "The Witcher", os feiticeiros são guerreiros dotados de habilidades mágicas e reflexos sobrenaturais. Tidos como aberrações pelas pessoas comuns, eles vivem isolados e ganham a vida caçando monstros.

Essa sequência inicial faz ás vezes de tutorial, pois Geralt precisa treinar a jovem Ciri, uma aprendiz de feiticeira mal saída da infância. Além de ser mais legal do que blocos de texto para ensinar as mecânicas básicas do game (combate, magia, inventário), a cena permite desenvolver vínculos com outros personagens. Ao fim do tutorial, você já sabe que em "The Witcher 3" Geralt está procurando por Yennefer, ele é acompanhado por um bruxo mais velho e amigo de longa data e que Ciri é uma jovem aprendiz muito importante para o feiticeiro.

Nas horas seguintes, viajamos pelos Reinos do Norte na busca por Yennefer, a mulher "com cheiro de lilás e groselha". Por um descuido meu, Geralt ficou bêbado em uma estalagem. Mesmo a visão turva não o impediu de nocautear alguns fanfarrões que fizeram comentários preconceituosos sobre o bruxo ser uma "aberração".

Passada a bebedeira, decidi dar um tempo na missão principal e realizar alguns contratos, conversar com o povo nas ruas e caçar monstros nos pântanos. Vale notar, embora a versão jogada já estivesse defasada (era uma 'build' de janeiro, diferente do game quase finalizado de hoje), o jogo já estava todo em português - e muito bem dublado.

Cavalgando pelo cenário, dei de cara com várias missões e personagens curiosos, como uma velha assustadora que queria sua frigideira roubada de volta, um mercador que tentou enganar Geralt sobre uma carroça roubada e após um dia e uma noite perambulando e lutando contra monstros aleatórios, descolei um contrato para caçar um grifo. Essa missão se dividiu em várias etapas, desde rastrear a criatura, investigar seu ninho para descobrir mais sobre a ameaça e até buscar ingredientes para construir uma armadilha.

O confronto com o grifo foi bem empolgante, principalmente por mostrar o quanto o sistema de combate de "Wild Hunt" é superior ao dos "Witcher" anteriores. Você maneja a espada com ataques rápidos e fortes, bloqueia e se esquiva com agilidade. Com a outra mão, Geralt lança várias magias (e sacar qual é a mais apropriada para a situação é parte da brincadeira). Tudo isso rola fácil e de forma fluída - cavalgar é mais difícil do que lutar, o controle da montaria lembra Agro, de "Shadow of Colossus".

Geralt também pode usar uma besta, novidade na série e que num primeiro momento causa estranheza até no feiticeiro. Tradicionalmente, os bruxos usam apenas suas duas espadas e a magia para abater os inimigos, mas pelo jeito, os tempos são outros. A arma é útil, principalmente contra inimigos alados.

VEJA CLIPE COM CENAS DE "THE WITCHER 3"

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Tramas complexas

Um elemento importante em "Wild Hunt" é que tudo no game é mais complexo, em termos de narrativa, do que parece. Cada pequeno encontro rende um bom diálogo e traz novas informações sobre os personagens. Uma herborista na floresta se revela uma garota cheia de energia e posições políticas fortes. Um comandante militar do exército invasor é um fazendeiro com mais compaixão do que os aldeões de quem tomou as terras.

É fascinante conversar com os personagens de "The Witcher 3" e aos poucos ir descobrindo mais sobre suas vidas e o mundo onde estão inseridos. Algumas missões paralelas terminam deixando mais perguntas do que respostas. A velha da frigideira, por exemplo, é alguém que deve voltar a aparecer em uma missão posterior.

Talvez o melhor das tramas de "The Witcher 3" é que não há uma linha clara entre bem e mal. Nesse aspecto, o jogo se assemelha muito mais ao seriado "Game of Thrones" do que a outros jogos de fantasia medieval, como os concorrentes "Dragon Age" e "Elder Scrolls".

FAZENDO A COISA CERTA

  • Divulgação

    Para tornar "The Witcher 3" acessível ao público brasileiro, a CD Projekt investiu pesado na localização do game. Segundo o coordenador Alex Boiret, o processo levou um ano para ser concluído. "Sempre que uma missão do jogo ficava pronta, já passávamos para o estúdio em São Paulo". O game conta com um dos maiores times de dubladores em um projeto do tipo, entre eles Sérgio Moreno, voz bem conhecida de quem joga games em português - o ator está em "Far Cry 4", "Watch Dogs" e "Assassin's Creed Unity".

"The Witcher 3: Wild Hunt" sai em 19 de maio para PC, PlayStation 4 e Xbox One.