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Novas missões de "Assassin's Creed" têm visão progressista da prostituição

Ao menos em "Assassin"s Creed", a identidade do Estripador não permanecerá um mistério para sempre - Divulgação
Ao menos em "Assassin's Creed", a identidade do Estripador não permanecerá um mistério para sempre Imagem: Divulgação

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

08/01/2016 15h09

"Jack, o Estripador" é  a última expansão do ótimo "Assassin's Creed: Syndicate". Distribuída por download, a aventura se passa 20 anos depois dos eventos do jogo original e é estrelada por uma Evie Frye mais madura e um assassino perturbador. O maior destaque vai para a abordagem dada pelo game às prostitutas, tratadas com mais seriedade do que em outros jogos da série.

"Syndicate" se passa na Inglaterra durante a era Vitoriana, mas a trama original acontece duas décadas antes do surgimento do primeiro assassino em série que se tem notícia. Jack, o Estripador espalhou o terror em Londres ao matar cruelmente várias mulheres nas ruas da mesma Whitechapel que serve de base para os protagonistas do jogo da Ubisoft. No mundo real, o Estripador desapareceu sem deixar vestígios e nunca teve sua identidade descoberta.

Claro, com a Ordem dos Assassinos envolvida no caso, a história seguirá um rumo diferente em "Syndicate".

AC Jack the Ripper - Divulgação - Divulgação
Mais velha, a protagonista Evie Frye assume a missão de defender as prostitutas de Londres contra o assassino e outros exploradores.
Imagem: Divulgação

Visão progressista

Deixadas de fora da campanha principal de "Syndicate", as prostitutas que sempre estiveram presentes em outros "Assassin's Creed" ganham destaque na nova aventura: todas as missões da expansão envolvem ajudar as moças de alguma forma, seja expondo agressores ou libertando as mulheres do controle de gigolôs e cafetinas.

O mais interessante em "Syndicate" é que Evie não está salvando as mulheres da prostituição, mas livrando-as daqueles que tentam explorá-las e lucrar com seu trabalho. No game, a prostituição não é mostrada como um vilão ou um problema social que deve ser combatido - a falta de alternativas sociais para aquelas mulheres é o verdadeiro problema.

"Muitas mulheres destituídas não têm outra escolha além de se voltar para a prostituição para sobreviver", descreve o game. "Elas não são respeitadas e não recebem nenhuma proteção - Alguém deve se levantar por elas". E é aí que Evie Frye assume o papel de defensora das prostitutas. Nada mais justo, em uma série conhecida por abordar temas difíceis, como religião, exploração colonial e escravidão, além de colocar em destaque personagens vindos de minorias sociais, independente da época em que o jogo acontece.

O jogo passa uma mensagem importante, de que as mulheres são livres para fazer o que quiserem com seus corpos e não devem ser desrespeitadas ou exploradas por isso. Prostitutas não deveriam ser tratadas como cidadãs de segunda classe pela polícia ou pela sociedade vitoriana (e o mesmo vale para qualquer outra sociedade, inclusive a nossa).

Ótima aventura

As missões secundárias de "Jack, the Ripper" trazem variações das mecânicas de "Assassin's Creed" (como o uso da visão sobrenatural dos assassinos para investigar a cena dos crimes ou ao adaptar a intimidação dos inimigos para constrange-los nas Marchas da Vergonha) e desenvolvem em quem joga uma empatia com as personagens, construindo uma conscientização sobre o tema que passa longe do tratamento dado em franquias como "Grand Theft Auto", por exemplo.

Sim, você vai correr por telhados, assassinar brutamontes, participar de perseguições de carruagem e se encontrar com personalidades históricas. Vai até controlar o Estripador em alguns momentos chocantes do game. Esse é um "Assassin's Creed" e certas coisas são inerentes ao game - mesmo que, diferente do jogo tradicional, a precisão histórica seja deixada de lado em alguns momentos.

Evie conta com novas armas, como bombas e lâminas que induzem medo nas vítimas. Tanto a origem dos novos equipamentos quanto a existência de Jack estão ligados ao final de "Syndicate", então é melhor terminar a campanha original antes de se aventurar pelas ruelas de Whitechapel, se você se incomoda com spoilers.

Mesmo mais curta do que a campanha principal de "Syndicate", "Jack, the Ripper" é uma das melhores aventuras da série "Assassin's Creed" e poderia facilmente ser vendida como um jogo separado. Assim como o jogo original, "Jack, the Ripper" oferece opções de áudio em português e em inglês, assim como legendas e menus em nosso idioma.

A expansão "Jack, o Estripador" sai por R$ 48 (ou pode ser adquirida com o passe de temporada de "Assassin's Creed Syndicate", que custa R$ 60) e está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One.

VEJA TRAILER DE "AC SYNDICATE: JACK, THE RIPPER"

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