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Com maquiagem e bom humor, 'drag queen gamer' cria vídeos para público LGBT

Amanda Sparks é drag queen, youtuber e desenvolve seus próprios jogos. - Rodrigo Guerra/UOL
Amanda Sparks é drag queen, youtuber e desenvolve seus próprios jogos. Imagem: Rodrigo Guerra/UOL

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

21/06/2016 17h21

Zapeando pelo YouTube você encontra os mais diversos tipos de criadores de conteúdo para o público gamer como BRKS Edu, Zangado, Castro Brothers entre tantos outros. Mas um canal em específico chama a atenção por ser apresentado por Amanda Sparks, a drag queen que é a personificação de Henrique Oliveira, que além de tudo isso, é designer e desenvolvedor de games.

Mesmo ainda em começo de carreira, o canal DRAGeek já mostrou games como "Mônica no Castelo do Dragão", "Overwatch" e "Tomb Raider", mas também fala de séries e já fez tutorial de maquiagem.  Amanda arrasa na maquiagem forte, o cenário decorado com ícones de videogames e muito shade (piadas com uma pitada de veneno).

A ideia de abraçar o YouTube veio na onda de divulgar seus jogos, mas acabou se tornando um canal que chega para atender a um público carente de conteúdo nerd/geek direcionado: a comunidade LGBT.

Amanda Sparks - Reprodução - Reprodução
Amanda se maquia, grava e edita seus vídeos de gameplay no YouTube
Imagem: Reprodução

Diferente de outros youtubers, Amanda precisa se montar antes de apertar o REC na câmera. "Eu faço uma maquiagem teoricamente rápida que leva mais ou menos umas cinco horas para me maquiar – mentira!", brinca "Leva mais ou menos uma hora [para ficar pronta], por aí. Aí como já estou com a maquiagem, eu costumo gravar mais de um episódio pelo menos. Entre um e outro eu troco de peruca, de roupa, gravo o jogo e edito depois. Aí já fico com material para trabalhar na semana e a seguinte".

Amanda cuida de todo o processo: edita, faz as animações e publica seu programa. "Eu tinha pensado em publicar toda terça, mas agora vai ao ar quando fica pronto", explica.

Fã inveterada de "Space Channel 5", de DreamCast, a youtuber diz que "É o jogo que eu mais amo no mundo inteiro". Mas a queen não fica só nos games do passado e joga de tudo e mais um pouco "Eu sou muito de fase, sabe? Eu estava na fase do 'Metal Gear Solid V', zerei, peguei tudo e disse 'tudo bem, tenho mais o que fazer', depois passei para 'Street Fighter V', só jogando online. Agora estou na fase do 'Overwatch'. Chego em casa, ligo o computador em  fico jogando por horas, horas e horas".

 

Representatividade gay em jogos

Henrique não fica montado de Amanda o tempo inteiro e também não fica dedicado apenas ao gameplay. De manhã ele trabalha em uma agência como designer, e durante a noite ele divide o seu tempo livre entre gravar os vídeos para o YouTube e seu próximo game  – que ainda está no princípio do desenvolvimento.  

Seu mais recente trabalho, "Amanda Sparks and the Shade Forest", é um game mobile inspirado em "Pitfall" e "Mario", mas seu selo, Amadapps, já conta com uma série de títulos como "Flappy DragQueen", "Snapshot Diva" e "Copter Queen".

A ideia de desenvolver jogos veio com a vontade explorar a diversidade de personagens diferentes nos games, "Acho que nem era questão apenas de [sentir falta de] jogar com uma drag. Sempre que eu jogava um RPG eu sempre montava uma personagem feminina e tal, por que eu me contentava em ser um personagem feminino", conta.

"Mas imagine como se sente uma pessoa negra que não se vê em um jogo por que só tem gente branca e etc. Dá para entender essa falta [de representatividade] e é por isso que eu estou tentando tocar nessa ferida com meu trabalho".