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"Você tem que crescer junto com os filhos", diz pai de família cosplayer

De passatempo das filhas, cosplay se tornou a principal atividade da família Sales - Pablo Raphael/UOL
De passatempo das filhas, cosplay se tornou a principal atividade da família Sales Imagem: Pablo Raphael/UOL

Pablo Raphael

Do UOL, em Fortaleza*

17/07/2016 09h08

Aos 46 anos, Italo Sales é fã e praticante de cosplay, hobbie que conheceu através das filhas. Nos últimos dois anos, Italo foi ao Sana caracterizado como personagem de "League of Legends". "Você tem que entrar no sistema, precisa crescer junto com os filhos", explicou o pai cosplayer ao UOL Jogos.

"Pouco mais de três anos atrás, eu comecei a fazer cosplay", contou a filha mais velha, Ivignia, de 19 anos. "Minha mãe perguntou se não era coisa de criança, eu convenci ela que não e ela aceitou fazer um traje para mim". Segundo a mãe, Cristiane, confeccionar pessoalmente os trajes e adereços foi o jeito encontrado para baratear os cosplay. "Os preços eram muito altos! Aprendi a costurar cosplay para satisfazer as vontades delas".

Ivi convenceu as irmãs a entrarem na brincadeira, fazendo cosplay de personagens de games como "League of Legends" e, neste ano, "Overwatch". "Nós compramos o jogo e está lá em casa, esperando para instalar depois do evento", contou a cosplayer caracterizada como a heroína Tracer. "Não instalamos antes porque ficariamos jogando e iria atrasar toda a produção".

"No ano passado foi assim com 'LoL'", confessou a irmã mais nova, Carol, de 15 anos. "Ficavamos ajudando a produzir os cosplays com uma mão e jogando com a outra".

Para Cristiane, o que era uma brincadeira das filhas começou a ganhar contornos de negócio. Conhecida entre os cosplayers locais pela qualidade das roupas e acessórios das filhas, ela começou a aceitar encomendas de outros adeptos do hobbie. "Primeiro foram os amigos mais próximos das meninas", contou. "Eles gostaram do resultado e fizeram propaganda para outros cosplayers".

Este ano, apenas as garotas vieram ao Sana caracterizadas. "Queremos investir mais nelas, para dar tudo certo. É a hora delas brilharem", disse Italo, orgulhoso. Os trajes feitos para o evento levam meses para ficar prontos e são as versões finais de até quatro tentativas.

São roupas super elaboradas, fantasias que incluem peruca, sapatos, adereços como armas e até lâmpadas de led, os cosplays são finalizados no corpo das meninas no dia do evento. Mas mesmo com tudo feito sob medida, elas não encaram nenhuma dieta rigorosa.

"Na véspera, a gente está tão nervosa que come muito mais do que o normal!", contou Ivi.

Ivi e Carol só vão jogar "Overwatch" depois do Sana: "Se não, ia atrasar a produção do cosplay" - Pablo Raphael/UOL - Pablo Raphael/UOL
Ivi e Carol só vão jogar "Overwatch" depois do Sana: "Se não, ia atrasar a produção do cosplay"
Imagem: Pablo Raphael/UOL

Diversão é essencial

Curiosamente, a família Sales só compete no concurso de cosplay do Sana. Mesmo quando vão a eventos em outros Estados, as meninas só posam para fotos e passeiam, não entram nas competições.

"É um sonho participar de campeonatos maiores", contou Ivi. "Mas eu tenho medo, fico com vergonha. Aqui em Fortaleza tudo bem, eu sou daqui, conheço todo mundo que participa, o resultado nem importa".

Para Italo, o importante é que as filhas se divirtam. Segundo o pai, a competição faz bem para o ego, mas o essencial é a felicidade e a diversão das meninas.

"Hoje somos uma família ainda mais unida", disse Italo. "Quando as pessoas ficam velhas, elas esquecem que um dia foram crianças. E você tem que ser criança pro resto da vida, se não, como vai viver nesse mundo tão complicado?"

*O jornalista viajou a convite do Sana