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Apoiado na nostalgia, "King of Fighters XIV" é ótimo jogo de luta em times

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

22/08/2016 11h16

Nos tempos em que os fliperamas de bairro existiam por todo o Brasil, lá na década de 1990, houve uma disputa entre a SNK e a Capcom para saber qual empresa tinha os melhores jogos de luta. Foi durante essa "guerra" em que vimos nascer games como "Street Fighter Alpha", "Art of Fighting", "Rival Schools" e "Fatal Fury". Ainda nessa guerra a SNK resolveu fazer o impensável: uma reunião com os personagens de seus títulos em um jogo de brigas. Nascia ali "The King of Figthers", uma das séries mais emblemáticas do gênero.

De lá pra cá, a SNK passou por momentos sensíveis e deixou os games com cara de reciclados. Hoje a empresa parece ter voltado aos eixos e mostra seu mais recente trabalho em "The Fing of Fighters XIV", que presta homenagem aos games anteriores de uma forma singela e com muita competência no PlayStation 4.

Nota The King of Fighters XIV - Arte/UOL Jogos - Arte/UOL Jogos
"The King of Fighters XIV" acerta ao apostar na nostalgia e trazer estilo de jogo típico da série de volta para os jogos de luta
Imagem: Arte/UOL Jogos

"KoF" acerta em cheio trazendo o seu modo clássico de times de 3 lutadores, lutas individuais, modo de história, modos online dos mais variados tipos e até um sistema de treino parecido com o que surgiu em "Street Fighters IV", só que em escala muito menor, priorizando combos de golpes especiais.

Quem jogou nos fliperamas vai lembrar de muitos combos, como o do Iori Yagami, que arreessava o adversário para o lado, soco e mais um golpe com três socos – um combo curto, mas efetivo. A sensação de jogar é exatamente a mesma, e isso não é reflexo de memória afetiva, já que "KoF XII" e "KoF XIII" falharam miseravelmente justamente nesse "feeling".

Como diz o título dessa análise, "KoF" é calcado em referências aos jogos do passado e tenta lembrar o jogador o motivo de tanta gente se recordar da série com carinho. Tudo no jogo faz um esforço para trazer as boas memórias para o jogador, como os cenários antigos atualizados para um game em 3D, como o posto de gasolina do time de "KoF 96", o parque de diversões de "KoF '97" e o aquário de "KoF 2000".

As referências continuam atacando o coração nostálgico do jogador, com ilustrações liberadas no modo de história, músicas rearranjadas e até histórias de encerramento de cada time, que nos fazem lembrar do tempo em que a SNK trazia legendas toscas em português que não fazem sentido algum – só que dessa vez tudo está certinho, felizmente.

Dentro do ringue, que é o que mais interessa, "KoF XIV" acerta em cheio ao mesclar uma boa leva de personagens clássicos com 18 novos lutadores. Sim, você vai poder ver Kyo, Iori, Terry, Ryo, Robert, Mai ao mesmo tempo em que vai aprender a jogar com a estranha Sylvie Paula Paula, o ninja brasileiro Bandeiras Hattori e o estranhíssimo Xanadu, que tem olhos esbugalhados de louco.

Somando com os dois chefes, são 50 personagens que mostram combinações de golpes que empolgam e combos devastadores - vai levar um tempo para você dominá-los. Esse número surpreende ainda mais pois "The King of Fighters XIV" faz o mesmo caminho de "Street Fighter IV", entrando com tudo no mundo dos jogos em 3D. Isso de forma alguma atrapalhou na jogabilidade, mas é notório que a SNK preferiu manter o jogo rodando a 60 quadros por segundo do que apostar na arte.

O jogo não enche os olhos com sua beleza, mas também não é feio. A aposta em uma arte mais simples, no entanto, valeu para tempos curtos de carregamento, o que é essencial para um jogo onde o objetivo é ter em mãos três lutadores que se revezam em cada round.

Em resumo, "The King of Fighters XIV" acerta ao apostar no saudosismo, ao trazer novos personagens e até na sua arte, que sim, poderia mais vistosa, mas está longe de ser feia – nos primeiros vídeos de divulgação, era nítida a baixa qualidade do visual e isso até chegou a ser um temor para os fãs. Mas será que "The King of Fighters XIV" voltou para bater de frente com seu rival, "Street Fighter V"? Quem vai responder a essa pergunta é a comunidade dos fãs de jogos de luta. Por enquanto, "KoF XIV" vem como um jogo que vem para mostrar que a SNK não está morta e que ainda tem muita porrada para distribuir.

Como é de se esperar de um game de luta hoje em dia, o jogo traz opções de lutas online. Porém, como os servidores só foram liberados no dia de lançamento, quando também publicamos este texto, não deu para testar antecipadamente os recursos online.