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"Civilization VI" é o melhor game da série; leia análise

Sid Meier"s Civilization VI se sobressai em comparação aos outros jogos da franquia - Divulgação
Sid Meier's Civilization VI se sobressai em comparação aos outros jogos da franquia Imagem: Divulgação

Barbara Gutierrez

Do UOL, em São Paulo

23/11/2016 15h28

"Civilization VI" é muito melhor do que seu antecessor. Não me leve a mal, mas o quinto título da franquia recebeu diversos DLCs até chegar ao seu primor, enquanto o novo game da 2K só requer alguns retoques e atualizações para tal. As melhorias no espaço das cidades, mudanças nos construtores e novos menus de Tecnologia e Ciência mostram que a desenvolvedora pode ainda inovar sem perder a boa e velha essência de “Civilization”.

Sim, não se preocupe: você ainda vai ter a mesma gana para saquear Tribos Bárbaras, mas a novidade é que há a chance de tomar uma surra deles se seu jogo estiver nas fases iniciais. O mundo dá voltas, não é mesmo?

Nota "Civilization VI" -  -
"Civilization VI" tem legendas e menus em português e está disponível para PC

Citando alterações, a forma como as cidades não ocupam mais apenas um espaço único e o novo conceito da utilização dos construtores (que agora realizam diversas funções e possuem duração antes de serem consumidos) oferecem um ar mais estratégico à franquia.

Sua capital pode ocupar diversas zonas do mapa com Maravilhas do Mundo, universidades, templos ou fazendas - acredite em mim, elas são necessárias. Pouco a pouco cada cidade vai crescendo naturalmente conforme seu jogo evolui, fazendo com que “Civilization VI” fique no equilíbrio certo entre realismo e diversão em um jogo de estratégia.

Estes dois pontos brincam bastante entre si no game, que enquanto retrata os líderes das civilizações com um visual cartunesco também tenta trazer uma postura mais sólida dos personagens nas partidas.

Não se surpreenda caso Montezuma I, o líder dos astecas, já se apresentar perguntando se você é um guerreiro ou um covarde e depois ficar enciumado se sua nação tiver Recursos de Luxo que ele não tem. Historicamente falando, “Civ VI” traz caricaturas embasadas o suficiente para mostrar que os desenvolvedores realmente fizeram sua pesquisa.

Pedro II - Reprodução - Reprodução
Pedro II era, reconhecidamente, um grande defensor das artes e ciências
Imagem: Reprodução

E por falar nisso, a forma como a Firaxis Games adicionou o Brasil logo de cara ao novo jogo deu continuidade do que a desenvolvedora fez com "Brave New World", DLC de “Civilization V” que trazia Pedro II e nossa grandiosa nação. A diferença, desta vez, é que a empresa acertou ainda mais no sexto título, inserindo características dignas para o imperador que continua sendo o líder brasileiro no game.

Ainda preferindo a vitória cultural, o último líder na Monarquia brasileira traz a habilidade Magnânimo, que oferece reembolso de 20% no custo de Grandes Personalidades e a agenda política de Patrono das Artes, que faz com que o líder não goste de civilizações que disputam com ele por Grandes Personalidades. Apesar do barulho do Carnaval de Rua nas cidades do Brasil no game, Pedro II deve estar descansando feliz em sua tumba depois desta caracterização.

Ao deixar de se levar tão a sério quanto no quinto game, o visual mais divertido de “Civilization VI” faz um par perfeito com sua trilha sonora mais sóbria, oferecendo uma música única para cada civilização, que evolui e ganha novos arranjos ao passar de cada era.

As horas a fio gastas no computador não são um problema, já que nenhuma das quatro variações da melodia orquestrada (reproduzidas na Era Antiga, Medieval, Industrial e Atômica) acabam enjoando o jogador, que também tem a possibilidade de ouvir as músicas das sociedades que encontra conforme sua partida. É a mistura do Brasil com o Egito, literalmente, se você der a sorte de ter os dois povos no mesmo jogo. Só não espere que “É o Tchan” entre na próxima DLC.

Game traz a pitada certa de mistura entre diversão e estratégia - Reprodução - Reprodução
Game traz a pitada certa de mistura entre diversão e estratégia
Imagem: Reprodução

Por fim, mas não menos importante, se você gosta de levar surras épicas e sentir que todos aqueles anos jogando games de estratégia foram para o lixo, o multiplayer é seu lugar. Não por que os outros jogadores são tão bons assim, mas aparentemente a campanha nunca será um desafio tão grande quanto disputar território contra pessoas de verdade e logo você sente o baque.

Piadas - e lágrimas - à parte, a Firaxis continua aprimorando o jogo, que recentemente já recebeu o modo multiplayer "Cavalry and Cannonnades", cujo objetivo é dominar o maior território possível em 50 turnos. Sim, é isso mesmo que você leu: um modo rápido de acabar com a sua auto estima.

Enquanto “Civilization VI” oferece um bom espaço para experiências online contra outros jogadores, é bizarro como a IA do game ainda é burra, de uma maneira que nem o próprio Caetano Veloso saberia lidar. Mesmo após anos de existência, este é, sem dúvidas, o calcanhar de Aquiles da franquia, com nações controladas pela máquina que insistem em declarar guerras sem sentido ou em negar ofertas imperdíveis. Eu mesma já cansei.

Lá em meados dos anos 90, sentada em frente ao computador por horas, começava minha história de amor e ódio com a inteligência artificial de “Civilization”. Acho que certas coisas nunca mudam, como a grande quantidade de tempo gasto em apenas uma partida do jogo de estratégia ou que eu (ainda) sou melhor do que o computador no game. Ainda bem.