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"Dead Rising 4" é divertido jogo de zumbis, mas sofre com falhas técnicas

Frank West chegou para animar o Natal em "Dead Rising 4" - Divulgação
Frank West chegou para animar o Natal em "Dead Rising 4" Imagem: Divulgação

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

08/12/2016 12h26

"Dead Rising 4" é o jogo menos pretensioso na linha de lançamentos da Microsoft neste segundo semestre, mas talvez seja um dos mais divertidos. O game de ação coloca o jogador no controle do fotógrafo Frank West, 16 anos depois dos eventos do jogo original. Menos ranzinza do que no passado, West está metido em encrencas até o pescoço: caçado pelo exército, cercado por zumbis e de volta ao lugar onde tudo começou, a interiorana cidade de Willamette.

Para o jogador, os problemas de West são motivos para entrar num verdadeiro parque de diversões sangrento. A aventura começa no shopping center de Willamette, mas não demora para sair por suas portas e permitir que o você explore toda a cidade e suas imediações. O jogo traz de volta os veículos de "Dead Rising 3", mas a cidade é muito mais interessante do que a árida Los Perdidos.

Dead Rising 4 Nota - Montagem/UOL - Montagem/UOL
O jogo foi testado no Xbox One
Imagem: Montagem/UOL

Também há muitas combinações de armas que mantém o massacrar de mortos-vivos divertido, e elas são introduzidas já no começo do jogo - encontrar todos os projetos de armas é uma das melhores recompensas para os jogadores que exploram cada cantinho de "Dead Rising 4", mas o jogo traz outros colecionáveis como celulares, jornais e roupas, muitas roupas. O modo de investigação é outra mecânica que ajuda a mudar o ritmo do jogo. Nele, Frank usa a câmera fotográfica (que tem 3 filtros diferentes) para encontrar pistas e objetos suspeitos em locais específicos do cenário.

"Dead Rising 4" traz muitas melhorias para a série, experimenta com algumas novidades mecânicas (como os exoesqueletos, que, imagino, serão deixados de lado em possíveis próximos jogos) e abandona a limitação de tempo. Some com isso o sentimento de urgência dos primeiros jogos e, sim, a liberdade para ir e vir no ritmo que desejar meio que renega a identidade de "Dead Rising", mas em compensação, faz o mundo aberto ganhar vida e se tornar um parque para West e o jogador se divertirem arrebentando mortos-vivos aos montes enquanto corre de um objetivo para o próximo.

A história de "Dead Rising 4" é mais linear do que nos jogos anteriores, em parte pela ausência da limitação de tempo. Não há finais distintos conforme o jogador tenha feito este ou aquele evento, porque você pode fazer todos os eventos que aparecerem. A trama cumpre seu papel e justifica a ação exagerada, mantendo o bom humor diante da situação sombria. O próprio game assume que não é mais o mesmo e brinca com isso, como em uma cena onde um grupo de personagens pede para Frank escoltá-los até um abrigo - tarefa típica dos games anteriores - e o repórter cai fora dando de ombros e dizendo "Isso não é problema meu, tenho mais o que fazer".

"Dead Rising 4" traz um modo multiplayer separado da campanha principal. Nele, o jogador e mais 3 amigos lutam para sobreviver durante dois dias em Willamette, usando todos os equipamentos possíveis. Como a campanha solo é mais linear, em termos de narrativa, do que nos jogos anteriores, separar o modo cooperativo é uma boa maneira de entregar o melhor de dois mundos e agradar o máximo de jogadores.

ASSISTA AO TRAILER DE "DEAD RISING 4"

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Problemas técnicos

O jogo traz várias melhorias em relação aos "Dead Rising" anteriores, principalmente no sistema de evolução, criação de itens e no inventário de West. Além disso, as ruas abarrotadas de zumbis não são problema algum para o Xbox One, plataforma onde o game foi testado para a análise. Porém, o game sofre com alguns problemas técnicos - nada que estrague por completo a experiência, mas que poderiam ser evitados com um cuidado maior por parte da produtora e do estúdio de dublagem no Brasil.

As vozes dubladas os personagens de "Dead Rising 4" são muito boas, mas em alguns momentos, as falas de Frank soam muito mais baixas do que de personagens que estão ao seu lado na mesma sala. É o caso de uma cena logo no começo, quando o fotógrafo e uma colega estão num carro e é como se estivéssemos ouvindo a voz do personagem do lado de fora do carro e a da moça do lado de dentro. Só que não é isso que aparece na tela: os dois estão juntos, o que deixa a cena bastante esquisita.

Em espaços fechados, tanto a câmera quanto as hordas de zumbis se tornam problemáticas: o jogo foi pensado para grandes áreas abertas, sejam os corredores do shopping, quartéis ou as ruas da cidade, e ao encarar muitos zumbis no vão entre um galpão e outro de um celeiro, nos corredores apertados de uma base militar ou outros espaços mais fechados, as coisas tendem a ficar confusas, tanto pelo posicionamento da câmera quanto com a colisão de objetos - zumbis atravessados no meio das estruturas são falhas recorrentes nessas ocasiões.

Outra questão polêmica envolve o final do jogo. A história de "Dead Rising 4" se encerra no jogo mesmo, mas o modo "Overtime", presente em todos os jogos da série, agora é vendido como uma expansão separada. Nessa modalidade, a trama avança um pouco além do final e é considerada pelos fãs como "o final verdadeiro" do game. No quarto jogo, a modalidade traz de volta o limite de tempo, com Frank correndo contra o relógio para encontrar uma cura para o novo vírus zumbi. Realmente, vender esse conteúdo separado é uma mancada da Capcom - mesmo não sendo tão problemático quanto em "Azura's Wrath", jogo da produtora que só chegava ao final mesmo em um DLC vendido separadamente.

Feliz Natal!

Encerrando o ano do Xbox One (e do Windows 10), "Dead Rising 4" traz de volta tudo o que é divertido na série e descarta elementos importantes, mas que não agradavam todos os jogadores, principalmente a limitação de tempo. O inventário e o sistema de evolução estão bem resolvidos, os gráficos são melhor trabalhados do que no terceiro jogo, um dos títulos de lançamento do console da Microsoft.

A trama mais linear não chega a ser um problema, facilitando que mais pessoas se interessem em atravessar hordas de zumbis por horas a fio para chegar ao final da história. O massacre de zumbis diverte, com uma variedade grande de armas e veículos, embora as animações de execução se repitam mais do que deveriam. No fim do dia, o mais divertido é a ambientação de Natal pós-apocalíptico do jogo - e que poderia muito bem se tornar uma tradição na franquia.

Dublado em português, "Dead Rising 4" está disponível para PC e Xbox One.