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Recordes, dinheiro e trapaça: a história do pro player mais jovem do mundo

Victor "Lil Poison" De Leon nasceu com um dom digno de causar inveja a qualquer gamer hardcore - Reprodução
Victor "Lil Poison" De Leon nasceu com um dom digno de causar inveja a qualquer gamer hardcore Imagem: Reprodução

Barbara Gutierrez

Do UOL, em São Paulo

16/12/2016 20h53

Em 2004, aos cinco anos de idade, o americano Victor De Leon III, ou “Lil Poison”, já figurava entre os melhores jogadores de “Halo” do mundo. O garoto tinha tudo para trilhar uma carreira brilhante em meio a patrocínios, viagens e atenção da mídia, mas um desentendimento familiar e suspeitas de trapaça atrapalharam a carreira daquele que, até hoje, sustenta o título de pro player mais jovem do mundo, segundo o Guinness.

Nascido em 1998 e natural de Long Island, nos Estados Unidos, o menino seguiu uma carreira competitiva muito intensa e precoce, demonstrando raciocínio rápido e habilidades impressionantes desde quando ainda usava fraldas. Victor colocou as mãos em um Dreamcast, antigo videogame da Sega, com apenas dois anos sem nem imaginar que aquelas partidas de “NBA 2K” seriam apenas o começo de uma carreira notável.

Em entrevista ao New York Times, o pai de Lil Poison, também chamado Victor DeLeon Jr., conta como aos quatro anos a criança já o superava nos videogames, principalmente em jogos de tiro em primeira pessoa. Como resultado, Lil Poison começou sua vida nos eSports em torneios locais de “Halo: Combat Evolved”, jogo no qual foi mais bem-sucedido, com uma idade na qual algumas crianças sequer são alfabetizadas.

A primeira grande conquista de Victor ocorreu aos cinco anos, quando ele ficou entre os 64 melhores jogadores de “Halo” da Major League Gaming, uma das maiores organizações de torneios eletrônicos do mundo.

Um ano depois, a MLG não somente coroou o menino como jogador mais bem sucedido de 2005 como também ofereceu a ele um contrato profissional, consagrando Lil Poison como o pro player mais jovem de todos os tempos, marcando o Guiness Book com seu nome com apenas seis anos.

 Apesar da rotina puxada de eSports, Victor andava de bicicleta todos os dias, tocava violino e lutava jiu-jitsu - Reprodução - Reprodução
Apesar da rotina puxada de eSports, Victor andava de bicicleta todos os dias, tocava violino e lutava jiu-jitsu
Imagem: Reprodução

Victor continuou sua saga brilhante nos eSports e, aos sete anos, ficou em segundo lugar na maior competição aberta de “Halo” da época, superando cerca de 550 competidores mais velhos. Em 2007, aos nove anos, ele conquistou o terceiro lugar no campeonato 1vs1 Boost Mobile Challenge, superando mais de 3.500 mil rivais.

O garoto competiu em mais de 250 torneios de “Halo: Combat Evolved”, “Halo 2” e “Halo 3”. A precoce carreira competitiva de Lil Poison gerou uma enorme exposição midiática, com direito até a um documentário (“Lil Poison – the story of the world’s youngest professional video gamer”) cuja produção conviveu com o garoto por meses para retratar sua vida através das câmeras.

Em pouco tempo, um menino que começou a jogar no porão de sua casa chegou ao nível de grandes nomes mundiais, com patrocinadores oferecendo contratos de US$ 20 mil por ano. Apesar de benefícios como viajar por todos os cantos dos EUA para competir e ajudar nas economias da família, a profissão de pro player começou a exigir demais da criança.

Até mesmo os pais tinham opiniões bem divergentes em relação às competições: enquanto a mãe de Victor não concordava com sua vida nos eSports, o pai incentivava que o filho continuasse a ser um profissional. O casal acabou se separando bem no ápice da carreira de Lil Poison, gerando um baque em sua vida familiar e profissional.

Ademais, surgiram informações de que o pro player supostamente usava um controle modificado para jogar, o que tornava possível a realização de disparos duplos nas partidas de maneira fraudulenta. As empresas patrocinadoras cancelaram seus contratos de renda e o jogador foi banido em alguns torneios de “Halo”.

Estes acontecimentos geraram desconforto suficiente para que Victor sumisse do cenário. Seus últimos vídeos estão datados em 2010 e mesmo sem estar presente no cenário, até hoje ninguém conseguiu desbancar seu recorde no Guinness World Records, registrado ainda em 2005.