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O dia em que a Sony matou um videogame da Sega com um único anúncio

Um único movimento da Sony acabou com as chances do Saturn fora do Japão - Montagem/UOL
Um único movimento da Sony acabou com as chances do Saturn fora do Japão Imagem: Montagem/UOL

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

03/02/2017 17h43

Pressionada no mundo todo pelo ainda imponente Super Nintendo e no Japão pelo recém-lançado PlayStation, a Sega chegou à E3 1995 desesperada para fazer o Saturn ser um sucesso no Ocidente. Mas um único anúncio feito pela Sony matou qualquer chance do console 32-bit da Sega decolar.

A Sega revelou seus planos para o Saturn nos EUA no dia 11 de maio de 1995. Era a primeira edição da E3, feira que viria a ser conhecida como a maior da indústria dos games. O Saturn tinha sido lançado alguns meses antes no Japão, e por mais que estivesse vendendo relativamente bem, já era ameaçado pelo novato PlayStation. Nos EUA, o fracassado acessório 32X do Mega Drive tinha deixado fãs da grife com um péssimo gosto na boca.

"Decidimos trazer o produto ao mercado antes do planejado para largar na frente da concorrência", disse Tom Kalinske, da Sega, em nota divulgada na época. O plano da empresa era trazer o Saturn ao Ocidente em um blitzkrieg: o console chegou às lojas no mesmo dia que seu lançamento foi confirmado, custando US$ 399.

Momentos depois, o diretor de desenvolvimento da Sony responsável pelo PlayStation, Steve Race, subiu ao palco da empresa, bradou "[US$] 299", e foi embora. O público presente foi à loucura, e o Saturn, às lágrimas.

A diferença de US$ 100 no preço de lançamento nos EUA fez toda a diferença. O Saturn debutou com poucas opções de jogos e problemas de estoque que frustraram os fãs - consequências do lançamento relâmpago. Já o PlayStation, mais barato e com uma campanha de marketing voltada para jovens adultos, foi sucesso imediato.

A força de vários jogos de altíssima qualidade não foi suficiente para transformar o Saturn em um competidor à altura do PlayStation fora do Japão. Através de parcerias com outros estúdios, a Sony rebateu os maiores trunfos da Sega. O acordo de exclusividade com a Namco, por exemplo, trouxe "Tekken" e "Ridge Racer" para fazer frente a "Virtua Fighter" e "Daytona USA", enquanto "Final Fantasy VII" da Squaresoft deixou os RPGs "Shining Force" e "Guardian Heroes" nas sombras.

Três anos depois, a Sega interrompeu a comercialização do Saturn no Ocidente. O console não chegou a vender 10 milhões de unidades. Já o PlayStation passou da casa das 100 milhões de vendas e foi produzido até 2005.

Relembre o momento do "299"

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