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Futebol e eSport: moda na Europa, parceria ainda não emplacou no Brasil

ESL Pro League Brasil eSports CS:GO - Reprodução/HLTV
ESL Pro League Brasil eSports CS:GO Imagem: Reprodução/HLTV

Barbara Gutierrez

Do UOL, em São Paulo

23/02/2017 10h00

Paris Saint-Germain, Sporting Clube de Portugal, AFC Ajax, Manchester City, Valencia CF, Wolfsburg, Besiktas… e a lista não para de crescer. É cada vez maior o número de times de futebol que decidem ir além dos gramados e investir nos eSports, que são as competições profissionais de videogame.

No Brasil, porém, essa parceria ainda é, na melhor das hipóteses, tímida. Recentemente, Ronaldo “Fenômeno” comprou 50% da CNB, um dos times mais proeminentes do Brasil.

Foi uma iniciativa que trouxe visibilidade para o eSport no Brasil, que já possui a 3ª maior massa de fãs de torneios profissionais de games do mundo, segundo pesquisa da Newzoo, atrás apenas de Estados Unidos e China.

Porém, as equipes de futebol brasileiras ainda não acordaram para a tendência: apenas o Santos mantém uma equipe de eSport, enquanto o São Paulo estuda investir no setor e o Remo, que até pouco tempo atrás patrocinava times de “League of Legends”, “CS: GO” etc., desfez a parceria com a Brave e, ao menos por ora, abandonou os games.

Em busca dos mais jovens

Mas o que exatamente um time de futebol tem a ganhar quando investe em eSport? Basicamente, há dois benefícios em vista: rejuvenescer e internacionalizar a marca.

“Com os eSports, temos uma internacionalização que é muito difícil de acontecer no futebol”, diz Rafael Burri, analista de marketing do Santos. “A gente quer principalmente fazer o público se tornar torcedor e fazer o jovem criar uma simpatia ao futebol, quem sabe oferecer interesse de comprar uma camiseta ou ir ao estádio”, completa.

E olha que nem é preciso investir milhões para entrar no mundo virtual: “Como a gente passou por um momento bem apertado financeiramente em 2015, pensamos em um modelo com o menor investimento possível, com nosso licenciamento para a Dexterity e oferecendo nossos meios de comunicação para eles”, diz Burri.

Ronaldo Fenômeno fala sobre eSport e a parceria com a CNB

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Mesmo assim, as principais equipes do futebol ainda estão reticentes quanto a este novo nicho, como é o caso do Corinthians: “Já tivemos contato com algumas equipes e também com empresas que atuam diretamente no segmento de eSports, mas a dificuldade é construir um modelo financeiramente sustentável, visto que o clube jamais iniciaria um movimento deficitário”, conta Vinicius Azevedo, gerente de marca do clube.

Para o Timão, a maior dificuldade ainda está em construir um projeto financeiramente sustentável, buscando patrocinadores e parceiros. ““Se for para entrarmos no jogo, queremos uma equipe de ponta, para brigar de igual para igual com as principais”, crava Azevedo.

O Flamengo tem um discurso parecido ao do Corinthians, ponderando que é preciso calma ao desbravar novos territórios. “Somos um clube esportivo, é mais demorado para criar uma área nova já que temos estatuto, votação, previsão de orçamento etc”, explica Antônio Tabet, vice-presidente de comunicação do Flamengo.

Encontro de craques: FalleN, do "CS:GO", e Neymar, do futebol - Reprodução - Reprodução
Encontro de craques: FalleN, do "CS:GO", e Neymar, do futebol
Imagem: Reprodução

Tabet se mostra bem inteirado do assunto, citando desde a final do Campeonato Brasileiro de League of Legends, até partidas dos brasileiros da equipe SK Gaming, de “Counter-Strike: Global Offensive”. “Eu não estou de bobeira, sei quem é o ‘coldzera’, o ‘Fallen’. Sei do que está rolando, tenho um filho de 11 anos e outro de 8 em casa, é um mini laboratório”, brinca o representante do “Mengão”.

Já times como o Palmeiras se focam mais em eventos pontuais, como o Palmeiras Game Day, que teve sua primeira edição em 2015 e foi repetido recentemente, no início de 2017. O encontro promove um campeonato de Pro Evolution Soccer com a participação de jogadores do Palmeiras, sócios-torcedores Avanti e YouTubers, se aproximando muito mais de games em si do que necessariamente eSports.

Enquanto as equipes brasileiras ainda ensaiam somente para adentrar no cenário, o exemplo entre Remo e Brave é mais do que interessante: enquanto o clube de futebol teve uma experiência única em terras estrangeiras no Torneio Internacional de Caracas, em 1950 na Venezuela; somente em 2016 o time de "CrossFire" da organização de eSport já foi à China e às Filipinas para representar o Brasil em dois campeonatos internacionais do jogo de tiro. Os tempos mudam!