Topo

"The Surge" adiciona futurismo e boas ideias à fórmula de "Dark Souls"

Como é comum em games do estilo, "The Surge" exige perícia e paciência do jogador, em especial na hora de enfrentar os gigantescos chefes de fase - Reprodução
Como é comum em games do estilo, "The Surge" exige perícia e paciência do jogador, em especial na hora de enfrentar os gigantescos chefes de fase
Imagem: Reprodução

Rodrigo Lara

Do Gamehall

17/05/2017 18h05

Alta dificuldade, visão em terceira pessoa, combate focado no corpo a corpo, inimigos cruéis e uma relação masoquista entre frustração e recompensa: "The Surge" não esconde em nenhum momento a sua (óbvia) fonte de inspiração. Falamos, claro, de "Dark Souls", série que acabou sendo uma das mais influentes da década e teve sua fórmula copiada e adaptada em diversos outros games.

Nota - The Surge - Montagem/UOL - Montagem/UOL
Versão testada: PlayStation 4
Imagem: Montagem/UOL

A parte interessante é que o game da alemã Deck 13 Interactive não se limita a copiar e, com isso, evita os maiores tropeços vistos em "Lords of the Fallen", a primeira tentativa da produtora de criar algo no estilo de "Dark Souls". Há, portanto, uma boa dose de ideias originais e soluções criativas em "The Surge".

A ação do game se passa em um mundo futurista devastado por mudanças climáticas. O jogador controla Warren, recém empregado em uma empresa chamada CREO. Warren é um cadeirante e, por meio da tecnologia desenvolvida pelo seu novo empregador, acaba fundido a um exoesqueleto que permite que ele ande novamente.

A CREO, por sua vez, é uma empresa com projetos para melhorar as condições do planeta, além de criar formas de fundir humanos e máquinas. É justamente dentro de sua fábrica que as coisas não parecem nada bem. Warren descobre isso da pior maneira ao encontrar funcionários equipados com exoesqueletos e outras máquinas fora do controle.

Tanto a ambientação quanto a história funcionam bem e ajudam a criar um clima que é complementado pelo bom visual do game. "The Surge" pode não ser um colírio para os olhos, mas é competente nesse aspecto e marca uma evolução considerável em relação a "Lords of the Fallen". Ponto para a Deck 13, que também achou uma boa fórmula para um dos maiores defeitos de sua produção anterior: a câmera. Ela segue o padrão dos jogos de terceira pessoa e, salvo uma ou outra vacilada, não é mais um inimigo a ser enfrentado pelo jogador.

The Surge - Reprodução - Reprodução
Ter cautela na hora de enfrentar inimigos é algo essencial em "The Surge"; o ideal é evitar confrontos contra dois ou mais adversários ao mesmo tempo
Imagem: Reprodução

A originalidade funciona

É curioso notar que "The Surge" vai muito bem quando se aproveita somente das suas ideias próprias. Há vários exemplos disso: a mecânica de desmembramento, que permite que o jogador ataque determinada parte do corpo dos inimigos para decepá-las com um golpe finalizador, é uma inovação muito bem-vinda. Ela também dá um tom estratégico ao jogo, uma vez que é preciso escolher entre direcionar seus ataques a partes protegidas dos inimigos - o que causa menos dano e torna a luta mais difícil, mas que rende armas, esquemas para novas armaduras e materiais usados para aprimorar equipamentos - ou simplesmente atacar pontos vulneráveis e decidir rapidamente os encontros.

O sistema que permite guardar sucata - a moeda usada pelo jogo para evoluir o personagem ou melhorar armas e armaduras - também é interessante. Ele já estava presente em "Lords of the Fallen" e funciona com uma relação de risco e recompensa: andar com uma quantidade maior de sucata faz com que um multiplicador de ganho entre em ação. O risco, claro, é morrer e perder todo o acumulado. Quem quiser evitar esse tipo de situação poderá usar as salas seguras como uma espécie de banco, deixando toda a sucata obtida guardada em segurança.

Tirando esses dois aspectos, porém, "The Surge" tropeça quando se torna excessivamente parecido com "Dark Souls". A jogabilidade adota dois botões de ataque, um para investidas na horizontal e outro para golpes verticais, que praticamente emulam o mapeamento dos games da From Software. Novidades nesse sentido, como a possibilidade de se esquivar de golpes altos e baixos, exigem uma precisão capaz de intimidar até jogadores mais experientes no estilo e acabam não sendo muito viáveis. Já os mapas seguem a fórmula de fazer o jogador avançar e encontrar atalhos cada vez mais oportunos para as áreas seguras mais próximas. Com isso, acaba sendo uma situação um tanto repetitiva seguir o roteiro "bater nos inimigos, avançar até certo ponto, abrir um atalho" até chegar no final dos estágios.

Alta dificuldade e futurismo são as principais marcas de "The Surge"

Start

Isso, porém, é algo tolerável o suficiente para permitir que os jogadores se divirtam até o final do game, o que deve levar pouco mais de 20 horas. E eles precisarão fazer isso sozinhos, uma vez que o jogo só possui modo para um jogador. Isso, aliado à alta dificuldade, tende a exigir uma dose extra de paciência dos mais afoitos.

No final das contas, "The Surge" chega próximo de ser um ícone desse estilo, algo que aconteceria se houvesse mais agressividade e confiança por parte da Deck 13 na hora de inovar. Prova disso é que o game brilha justamente quando resolve ser único e se afastar da fórmula consagrada do estilo. De qualquer maneira, com ele a produtora conseguiu um resultado infinitamente superior ao visto em "Lords of the Fallen", criando uma aventura com identidade própria e ideias criativas.

"The Surge" tem versões para PC, PlayStation 4 e Xbox One.