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Nostalgia e desafio superam falhas de remakes de "Crash" no PS4

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Imagem: Reprodução

Barbara Gutierrez

Do UOL, em São Paulo

11/07/2017 12h45

OODIBIGAH!

Minha infância e adolescência foram marcadas por Crash. Se você também já passou algumas horas de raiva tentando passar as fases invertidas com perseguições, aconselho experimentar "Crash Bandicoot N.Sane Trilogy".

Caso você não tenha qualquer tipo de ligação com os primeiros jogos do mascote meio doidão, não se preocupe: este é o momento ideal para se render às frutas Wumpa e à caça descontrolada por caixas.

Nota de Crash Bandicoot - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Isso porque a trilogia inicial do melhor (ou único?) mascote da Sony que você respeita - "Crash Bandicoot", "Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back" e "Crash Bandicoot Warped" - possui uma premissa e mecânica que envelheceram muito bem, diga-se de passagem.

Ah, isso sem falar no visual remasterizado digno da nova geração, com cenários ricos e animações detalhadas. Os três games estão bonitos ao ponto de me fazer parar durante as fases para admirar cada elemento ao redor.

Nem tudo é perfeito

Apesar dos jogos serem basicamente os mesmos, há algumas diferenças na parte sonora, que podem ser claramente detectadas ao ouvir alguns chefões, cujos efeitos de voz foram modificados ou sentenças inteiras foram cortadas. A risada de Ripper Roo e as falas de N. Gin ou Dingodile são só alguns exemplos disso.

Aproveitando o momento dos pontos negativos, seria muito interessante saber por que raios estes jogos de PlayStation 1 remasterizados para PS4 com 30 fps possuem telas de loading tão demoradas.

Sim, ok, há a questão das fases serem carregadas completamente e não apenas uma parte delas como era nos originais, mas esperar 14 segundos a cada novo nível pode ser bem irritante.

Hey, pelo menos não é tão ruim quanto "The Wrath of Cortex", né?

Outro problema: localização em português - ou a falta dela. Não custava nada, afinal as falas presentes nos games são ínfimas. Não há sequer legendas em português!

Um tipo de reclamação desnecessária foi feita a rodo pelos fóruns da internet: os jogos estão mais difíceis agora. Será mesmo? Bom, antes de falar sobre isso, por favor, podemos parar de falar que "Crash é o 'Dark Souls' de plataforma"? Certo, obrigada.

O principal motivo de estranheza é a mudança de mecânica do pulo do personagem, que tem uma queda mais rápida. Há tanto um ponto negativo quanto um positivo: ao mesmo tempo em que o jogador precisa ter mais precisão ao aterrizar em plataformas, Crash e Coco podem pular uma distância maior.

Falando em Coco, ela está jogável em todos os três títulos remasterizados com a mesma mecânica de seu irmão mais velho. Foi uma boa adição para quem sempre quis jogar com ela além do terceiro game, único da trilogia original que permitia isso.

Outra inserção foram os 'time trials' em toda a trilogia. Quem estava acostumado a correr contra o tempo apenas em "Warped", poderá falhar miseravelmente nos outros dois títulos também. Yay!

Coco - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Memória afetiva

A nostalgia em alta no mercado de games só mostra a maturidade de olhar para o passado e visitar o que foi realmente bom. Isso ocorre com a moda e com a cultura pop também, trazendo bons exemplos como "Stranger Things" e "Twin Peaks", produtos que possuem grande base nos anos 1980 e 1990.

A remasterização de Crash vem em conjunto a uma onda de resgate como vemos com a releitura de consoles como o SNES mini ou o Mega Drive da Tectoy, os clássicos títulos da Sega sendo lançados para plataformas mobile ou até mesmo os games indie atuais que se utilizam do visual retrô e da dificuldade dos jogos de antigamente.

Um dos pontos essenciais nestes casos aonde os produtos apelam para nossa memória afetiva, é saber separar o joio do trigo e analisar quando um clássico ainda é relevante atualmente.

Por isso, acredite em mim quando digo: "Crash Bandicoot N.Sane Trilogy" é um caso a ser levado como exemplo neste quesito.