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Raiz ou Nutella: por que o novo "Dragon Ball" divide as opiniões dos fãs?

Fãs de Goku e companhia se dividem entre defender o clássico e o novo; afinal, existe em "Dragon Ball" melhor? - Montagem/UOL
Fãs de Goku e companhia se dividem entre defender o clássico e o novo; afinal, existe em "Dragon Ball" melhor? Imagem: Montagem/UOL

28/09/2017 04h00

Estaria Barney Stinson, famoso personagem do sitcom "How I Met Your Mother", certo ao dizer que "tudo que é mais novo é melhor"?. Pois uma boa parcela de fãs mais antigos de "Dragon Ball" não concordariam com tal afirmação quando o assunto é "Dragon Ball Super".

O anime, a real sequência para "Dragon Ball Z" - desculpem, fãs de "GT" -, dividiu opiniões desde que estreou, em 2015. Enquanto o argumento dos detratores é que a nova obra é "Nutella", ou seja, inferior ao clássico e "raiz" "Dragon Ball Z". Há diversos exemplos desse tipo de manifestação em redes sociais, como o Twitter:

Por outro lado, quem é fã do desenho mais novo costuma chamar os "rivais" de saudosistas. E, claro, há aquelas pessoas (como este que vos escreve) que curtem tanto o antigo quanto o novo, e ficam a ver navios em meio a troca de ataques entre as "facções".

Os argumentos de cada lado

As críticas em torno de "Dragon Ball Super" atingem diversos aspectos do desenho. Uma delas - e totalmente justificada - era sobre a qualidade da animação, em especial nos primeiros episódios. Movimentos robóticos e, em alguns momentos, personagens com a anatomia estranha ou traços simples demais geravam cenas como essa abaixo:

Dragon Ball Super - falha na animação - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Como é possível ver, a crítica é justa. Já os defensores de "Dragon Ball Super" argumentam que "Dragon Ball Z" nunca prezou por uma animação de qualidade - e convenhamos, esse é um campo no qual os animes melhoraram consideravelmente nos anos 2000 - e que também rendia cenas bizarras, em especial quando os personagens eram vistos de longe:

Dragon Ball Z - falha na animação - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Outro fator que gera crítica dos fãs puristas é o abandono do "poder de luta" como uma espécie de medida para saber quem é mais forte do que quem. Isso ficou ainda mais notório quando, em "Dragon Ball Super", Goku transformado em Super Saiyajin Blue lutou contra personagens mais fracos - a batalha "teste" contra Kuririn foi a que mais rendeu reclamações - e, ainda assim, não obteve uma vitória fácil.

De fato, a quebra do "paradigma do poder de luta" foi uma das maiores inovações de "Dragon Ball Super", mas convém lembrar - e esse é um dos argumentos dos fãs do novo anime - que essa medida foi abandonada já em "Dragon Ball Z" após a saga de Freeza. Quem lembra do super poderoso Mystic Gohan sendo derrotado por Super Boo após um vacilo, mesmo que o inimigo fosse, inicialmente, muito menos poderoso do que o filho de Goku?

Em termos narrativos, temos outro momento no qual as séries se equiparam. "Dragon Ball" nunca trouxe um roteiro dos mais elaborados ou surpreendentes, mas ainda assim, há momentos ótimos tanto em "Z" quanto em "Super".

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Outro fator de "disputa" foi o tema de abertura de "Super" em sua versão brasileira. Por uma exigência da Toei, a versão em português deveria ser similar à japonesa. E isso acabou sendo um desafio. "É difícil fazer soar igual ao original sendo que japonês e português são idiomas que soam completamente diferentes. Foi uma tremenda responsabilidade e a ideia foi transmitir a mesma emoção e vibração da canção original", diz Daniel Quirino, intérprete da canção.

O que "especialistas" dizem?

UOL Jogos também acompanhou um dia de dublagens do novo anime e, claro, falou sobre essa polêmica. "Para mim é mais interessante dublar o 'Super' pelo fato de que, hoje, eu sei melhor a dimensão que 'Dragon Ball' tem. Então eu gosto, entro no estúdio mais entregue do que na época do 'Z', eu me divirto muito com o mau humor do Vegeta", diz Alfredo Rollo, responsável pela voz de Vegeta.

Fã recente da franquia, o cantor Daniel Quirino também diz curtir o novo desenho. "Confesso que comecei a assistir 'Dragon Ball' um pouco antes de gravar a abertura do anime, por causa dos meus filhos. Hoje, o 'Super' tem mais alguns fãs lá em casa", diz.

Outro que possui uma opinião favorável a "Super" é Wendel Bezerra, o dublador de Goku. "Eu gosto [do 'Super'], na minha perspectiva de dublador eu não vejo uma mudança tão drástica de um para outro. Eu vejo o Goku mais brincalhão, mais desencanado e menos tenso. Eu vejo ele mais feliz, e isso é legal".

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Para ele, essa comparação entre as duas fases do anime não têm muito sentido. "Eu acho uma bobagem querer comparar 'Super' com 'Z'. Especialmente os fãs mais antigos, já que a sua visão das coisas com 10, 12 anos, é diferente da que você tem com 25, 30. É como comparar Messi com Pelé, são épocas diferentes", diz.

A discussão entre os fãs, porém, parece longe de terminar. Seja "raiz" ou "Nutella", "Dragon Ball Super" continua firme e forte, com episódios inéditos disponíveis no Brasil via Crunchyroll, no final de noite dos sábados, e também na versão dublada, que vai ao ar no Cartoon Network de segunda à sexta, às 15h30 (com reprises às 23h).