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"Star Fox 2" é um jogo feio e ultrapassado, mas vale pela aula de História

Claudio Prandoni

Do UOL, em São Paulo

27/10/2017 04h00

É muito estranho e surreal jogar um novo game exclusivo de Super Nintendo em 2017

O anúncio do pequenino SNES Classic não foi nenhuma surpresa. Um ano antes a versão miniatura do NES já tinha feito um sucesso absurdo e seria estranho se a Nintendo não repetisse a dose com o Super Nintendo.

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O que realmente surpreendeu o mundo inteiro foi o fato de que o videogame veio com "Star Fox 2", um jogo de combates de nave que deveria ter saído em 1995, mas foi cancelado... até reviver mais de duas décadas depois!

Star Fox 2 - Nota - Arte/UOL Jogos - Arte/UOL Jogos
Game é exclusivo do Super Nintendo Classic, versão miniatura do videogame
Imagem: Arte/UOL Jogos

Empolgação nostálgica à parte, é fácil entender os motivos pelos quais o game foi cancelado na época. O primeiro PlayStation e o Saturn já eram uma realidade, mostrando boa variedade de jogos tridimensionais, e faltava pouco para ficar pronto o Nintendo 64, elevando ainda mais o nível de games 3D.

Em comparação a tudo isso, "Star Fox 2" era feio e ultrapassado.

E nada disso mudou muito. O título é o pior da seleção de 21 jogos na memória do SNES miniatura (o que não é exatamente uma crítica assim tão pesada, já que a seleção de games é maravilhosa) e difícil de encarar hoje em dia.

O valor de "Star Fox 2" está mais no registro histórico do que quase foi do que efetivamente no jogo em si.

Continuação direta do clássico de 1993, que fez o Super Nintendo rodar um jogo totalmente 3D com a ajuda do chip SuperFX, algo que parecia bruxaria na época, o game abandona o estilo linear do primeiro.

Entra em cena um complexo mapa com vários elementos em movimento ao mesmo tempo. Você comanda uma dupla de naves que deve interceptar mísseis que tentam acertar o planeta Corneria, invadir bases inimigas em outros planetas e enfrentar estações espaciais pelo caminho.

O detalhe é que tudo acontece ao mesmo tempo, sem parar, exigindo boa dose de estratégia e reflexos do piloto em ação. Esse esquema já foi visto em "Star Fox Command", lançado para o portátil Nintendo DS em 2006. E, sim, a ideia foi inspirada no então cancelado "Star Fox 2"

Nas fases em si predomina um esquema de arena, aberta para explorar, exatamente como o All-Range Mode visto pela primeira vez em "Star Fox 64".

Em fases terrestres, a nave pode virar um robô bípede para explorar bases cheias de corredores e inimigos - isso mesmo, igualzinho ao "Star Fox Zero", lançado para Wii U em 2016.

Aí começam a pesar as limitações dos 16-bits do Super Nintendo. Mesmo que o jogo use uma versão mais poderosa do chip SuperFX (no caso, o mesmo que foi utilizado em "Yoshi's Island"), o resultado é bem frustrante.

A taxa de quadros é terrível e difícil de acompanhar. Para piorar, o direcional digital do controle do SNES está bem longe de ser a melhor maneira de comandar naves espaciais em ambientes tridimensionais.

Em parte, isso não atrapalha tanto já que o jogo é bem curto e fácil na dificuldade normal, mas complica bastante ao encarar os níveis mais difíceis, que têm fases e inimigos a mais.

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Difícil também é colocar as mãos no jogo de forma oficial: ele está disponível apenas na memória do caro SNES Classic. Não tem edição em cartucho ou mesmo versão digital para download em qualquer outro videogame da Nintendo.

"Star Fox 2" vale pelo registro histórico, pela curiosidade nostálgica, pelo vislumbre do que poderia ter acontecido lá nos anos 90. É curioso e até educativo ver como algumas das suas ideias mais ousadas serviram de combustível para outros episódios da série durante muitos anos.