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Toda 'loot box' é um problema (sim: até as de "Overwatch")

Sabe o que está dentro da caixa? Um sistema extremamente predatório disfarçado de recompensa - Reprodução/Activision Blizzard
Sabe o que está dentro da caixa? Um sistema extremamente predatório disfarçado de recompensa Imagem: Reprodução/Activision Blizzard

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

16/11/2017 04h00

Não tem mais volta: as tais 'loot boxes' são um sucesso financeiro comprovado, e estão aqui para ficar. E isso é péssimo para todos os tipos de fãs de games.

Popularizadas por "Overwatch", 'loot boxes' são caixas com itens sortidos que podem ser obtidas dentro do jogo ou compradas com dinheiro real. Comprar uma delas é exatamente como uma aposta: dá pode conseguir aquele item raro que você quer, ou então acabar com um monte de porcaria descartável.

Para vender 'loot boxes', produtoras estão tornando seus jogos mais tediosos, na tentativa de incentivar os jogadores a abrir a carteira em troca de atalhos rumo à vitória. Em "Star Wars Battlefront II", quem paga além dos já salgados R$ 220 cobrados pelo game básico tem vantagens claras no multiplayer. Os jogos estão literalmente ficando piores por causa desta tendência.

Mas todas elas são problemáticas - até mesmo as de "Overwatch", que só oferecem recompensas cosméticas que não têm impacto prático no jogo. Isso porque 'loot boxes' representam uma estratégia de venda perigosamente predatória, que visa capturar e se aproveitar de jogadores que sofrem com tendência ao vício e comportamento compulsivo.

Star Wars Battlefront II - Reprodução/Electronic Arts - Reprodução/Electronic Arts
Itens que eram obtidos normalmente no primeiro "Battlefront" podem ser comprados em "Battlefront II"
Imagem: Reprodução/Electronic Arts

Apostas como as que estão envolvidas nas 'loot boxes' configuram algo muito próximo de um jogo de azar. Pessoas estão apostando dinheiro em seus games favoritos - e isso inclui até mesmo crianças. Em certos jogos no Steam, é até mesmo possível revender tais itens para obter retorno financeiro.

A legislação brasileira proíbe jogos de azar sob a justificativa de que eles são "degradantes para o ser humano." Para pagar as contas do desenvolvimento de novo conteúdo para jogos online, as produtoras fazem justamente isso: degradam a parcela de seu público que é mais suscetível a gastar centenas, e até milhares de reais para abrir 'loot boxes'.

Mas, na maior parte do mundo, 'loot boxes' funcionam de acordo com as vontades das produtoras, sem qualquer tipo de regulamentação. Está na hora disso mudar.

No Japão, a legislação obriga produtoras de games como "Granblue Fantasy" a descrever com clareza as chances que o jogador tem de obter cada item específico que pode vir em uma 'loot box'. A informação clara ajuda as pessoas a fazerem decisões mais conscientes sobre a compra de tais produtos. É o mínimo.

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