As histórias que você perde por não jogar videogames
Jogar videogame não é um passatempo barato e nem simples: fora o investimento num console ou computador e o preço elevado dos jogos, há controles com 12 ou mais botões, telas de toque, sensores de movimento e até óculos de realidade virtual. Não são poucos os obstáculos que afastam quem não passou a vida inteira brincando com um Nintendo ou PlayStation.
O que é uma pena, pois essa barreira impede que muita gente aproveite algumas das melhores histórias da ficção contemporânea. São produções que nada devem aos filmes de Hollywood ou séries da HBO e Netflix - tanto que atores e diretores do cinema estão cada vez mais interessados e envolvidos com os videogames.
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O cineasta Guillermo Del Toro (de "A Forma da Água") se uniu ao diretor Hideo Kojima para produzir "Death Stranding", um jogo de aventura aterrorizante estrelado por Norman Reedus, o Darryl de "The Walking Dead".
O jogo, exclusivo para PlayStation 4, não tem data para ser lançado, mas a cada novo trailer os fãs descobrem novas pistas sobre a história e se envolvem mais e mais com um game que ainda nem colocaram as mãos.
Não é a toa: Kojima, o diretor, é famoso por tramas elaboradas e surpreendentes, como as de "Metal Gear", saga de espionagem que se espalha por pelo menos 10 games desde o Nintendinho até o PS4 e o Xbox One.
"Metal Gear" conta as aventuras do espião Solid Snake e sua luta contra uma conspiração que controla o mundo desde o final da Segunda Guerra Mundial. A história aborda temas como a Guerra Fria, clonagem, nano-máquinas, inteligência artificial, pacifismo e é tão complexa que muitos fãs não entendem a trama toda.
Para curtir isso tudo, você precisa dominar diversos sistemas de jogo diferentes. A saga não é contada em ordem cronológica e "Metal Gear Solid V: The Phantom Pain", último jogo da série (estrelado por Kiefer Sutherland), é o quarto na sequência dos eventos apresentados por Kojima, ligando a saga atual com jogos lançados décadas atrás.
Boas histórias não precisam ser complicadas de jogar
Algumas das melhores histórias nos games atuais são contadas em "adventures", jogos onde os controles são mais simples e envolvem, geralmente, apontar com o direcional e clicar em objetos ou escolher falas em diálogos com outros personagens. Essa é a fórmula de "The Walking Dead" e "Wolf Among Us", por exemplo.
"The Walking Dead" é uma aventura paralela aos eventos vistos nos quadrinhos e no seriado da AMC e coloca você no controle da garotinha Clementine no apocalipse zumbi mais popular dos últimos anos.
"Wolf Among Us" também é inspirado em outra mídia, os quadrinhos "Fábulas", que contam a história surreal de personagens dos contos de fadas exilados num bairro de Nova York nos dias de hoje. No game, você controla o xerife Bigby Wolf, o Lobo Mau, e precisa descobrir a identidade de um assassino que persegue as fábulas.
São jogos feitos em episódios com cerca de 1 h de duração, num formato bem próximo de séries de TV.
Mas há um jogo que dá um passo além ao explorar o popular formato dos seriados: "Quantum Break" se divide entre jogo de tiro e série com atores reais - tudo no mesmo disco e estrelado por atores bem conhecidos como Aidan Gillen (o Mindinho de "Game of Thrones") e Dominic Monaghan (de "Lost" e "O Senhor dos Anéis"), entre outros.
Enquanto no game você acompanha a história dos mocinhos, entre cada fase são exibidos os episódios da série, mostrando o lado dos vilões. Não é dos jogos mais fáceis para quem não está acostumado, ainda mais quando os poderes de acelerar ou parar o tempo entram em ação, mas acompanhar a história inteira vale o esforço.
Eles estão de olho
Se as histórias dos games são tão boas e envolventes, mas jogar é um empecilho, as produtoras de cinema e televisão têm a solução. A próxima onda em Hollywood é a adaptação de games de sucesso para um formato mais fácil de consumir.
Baseado num dos mais famosos jogos online, "Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos" é um ótimo exemplo de como levar uma boa história que está espalhada entre vários games, livros e quadrinhos ao longo dos últimos 20 anos, para um público mais amplo.
No filme, os orcs atravessam um portal para escapar de seu mundo semi-destruído e precisam enfrentar os humanos que reinam em Azeroth. É uma fantasia leve, mas que introduz o público ao universo onde Horda e Aliança lutam eternamente - e forças malignas muito piores espreitam nas sombras.
"Warcraft" fez sucesso e abriu os olhos de Hollywood para essas adaptações: o filme custou US$ 160 milhões e arrecadou US$ 433 milhões nas bilheterias.
O longa-metragem "Assassin's Creed" é o primeiro de vários projetos envolvendo franquias da Ubisoft, por exemplo. Capitaneado por Michael Fassbender, o filme mostra a aventura de Cal Lynch e seu antepassado Aguilar, um assassino espanhol do século XV.
O filme não fez o mesmo sucesso de "Warcraft", mas rendeu o bastante para que a produtora já prepare filmes de "Far Cry" e "Splinter Cell".
E se é bom para o cinema, é bom para a Netflix, que já adaptou os jogos de "Castlevania" para o formato de anime e agora trabalha em "The Witcher", uma série de fantasia sombria ao estilo "Game of Thrones", baseada nos livros do polonês Andrej Sapkowski, que já renderam games premiados.
A série vai mostrar os eventos dos livros que antecedem aos games, mas é bem óbvio que a adaptação se deve ao sucesso do game "The Witcher 3": a franquia já vendeu mais de 25 milhões de unidades em todo o mundo e a Netflix sabe que sem um joystick servindo de obstáculo, a trama pode alcançar um público ainda maior.
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