Atari portátil atrai pela nostalgia, mas não vale o preço cobrado
Lançado pela Tectoy no finalzinho de março, o Atari Flashback Portátil é uma ideia bacana: reunir 70 games do clássico console dos anos 1980 em um aparelhinho que cabe na palma da mão.
Com uma tela de 2,8 polegadas, numa primeira olhada, o aparelho parece reaproveitar a carcaça do MD Play, uma versão bem compacta do Mega Drive lançada pela Tectoy aqui no Brasil, mas traz diferenças sutis no design, desde as cores - o Atari Flashback Portátil é preto e amarelo, com o botão principal em vermelho - até o tamanho, o design com pegada mais confortável e um botão de pause, entre outros detalhes.
O aparelho tem seis botões, o que parece estranho para um Atari, mas cada um tem uma função específica: P: Pause, S: Select, L: Dificuldade esquerda, R: Dificuldade direita, T: Modo TV e A: Fire. A função pause foi adicionada no projeto do Atari Flashback e não existia no Atari 2600. Alguns jogos usam os dois botões de dificuldade e oferecem ao jogador até quatro níveis diferentes de desafio.
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O aparelho tem entrada para cartão SD, acompanha um carregador USB e, infelizmente, não tem entrada para cabo HDMI, que permitiria rodar os jogos numa TV ou monitor de alta definição e é bem comum nos videogames caseiros montados pela comunidade de entusiastas do Raspberry Pi - com quem, de certa forma, o Atari portátil compete diretamente. O videogame portátil tem uma entrada para cabo AV, o que deixa modelos mais recentes de monitor de fora, infelizmente.
O catálogo de jogos é menor do que os do Atari Flashback 8, outro lançamento recente da Tectoy. Enquanto o console traz 105 games na memória, o portátil oferece "apenas" 70 joguinhos. Mas não dá para reclamar da seleção, que inclui muitos dos clássicos da plataforma veterana, entre eles vários jogos da Activision, como "River Raid" e "Pitfall!", e quatro jogos da Bandai Namco, exclusivos desse modelo: "Pac Man", "Dig Dug", "Galaxian" e "Xevious".
Claro, não dá para agradar a todos e fãs mais saudosos podem questionar a ausência de games marcantes como "Joust" e "Enduro" entre os títulos disponíveis no portátil da Tectoy. Mas, com a entrada para cartões SD, os jogadores rapidinho vão dar um jeito de incluir seus games favoritos no catálogo do aparelho.
Os jogos rodam bem na telinha do Atari portátil e isso é mérito de sua simplicidade: os jogos do Atari não exigem um hardware poderoso, muito pelo contrário, e a tela de 2,8 polegadas não dá muito espaço para enxergar diferenças entre o que está sendo exibido e as memórias de infância dos jogadores. Mas até aí, poderiam muito bem rodar em uma coletânea para celular.
E aí entra o maior defeito do Atari Flashback Portátil: o aparelho não passa a impressão de valer os R$ 479 cobrados pela Tectoy - até porque, a versão maior custa R$ 499, uma diferença de R$ 20 para jogar na tela grande e com joysticks. Por melhor que seja a relação de jogos, sobra apenas a impressão de que estamos pagando pelo licenciamento, para ter "roms oficiais" dos games e não arquivos baixados por conta própria na internet.
Claro, existe a vantagem da portabilidade, de poder puxar o videogame do bolso e jogar "Adventure" ou "Missile Commando" em qualquer lugar. Mas até aí, uma coletânea como "Atari Greatest Hits" traz 100 jogos do Atari 2600, sai por cerca de R$ 36 e pode ser jogada tanto em celulares Android quanto no iPhone, sem que você precise carregar dois aparelhos no bolso.
A nostalgia de jogar os games do Atari 2600 num videogame portátil com certeza vai chamar a atenção dos jogadores das antigas, mas o aparelho de plástico e com cara de relançamento dificilmente vai convencer muita gente a colocar a mão no bolso e pagar quase R$ 500 pela brincadeira.
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