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"Far Cry: New Dawn" evolui relação entre vilão e jogador, conta roteirista

Far Cry: New Dawn (PC, PS4, XONE) - Divulgação
Far Cry: New Dawn (PC, PS4, XONE)
Imagem: Divulgação

Giuseppe Carrino

Do GameHall

14/02/2019 09h57

Batemos um papo com Olivia Alexander, roteirista de "Far Cry: New Dawn", novo jogo da Ubisoft cuja trama ocorre após os eventos de "Far Cry 5".

Na conversa ela nos explicou mais sobre a história e personagens, enfatizando as razões que levaram a Ubisoft em fazer este game - primeiro da franquia "Far Cry" a utilizar a temática pós-apocalíptica - o que o jogo oferece de novo nesse tipo de abordagem, o papel do famigerado culto do Pai Joseph Seed na trama e também por que escolheram ter irmãs gêmeas como vilãs.

Antes de ler, apenas tome cuidado para o caso de ainda não ter jogado "Far Cry 5", pois encontrará spoilers da história em algumas partes do texto, fundamentais para explicar o enredo de "New Dawn".

UOL Jogos: Por que utilizar uma temática e narrativa pós-apocalíptica para "Far Cry: New Dawn"?

Olivia Alexander: Era algo que queríamos fazer em Far Cry há muito tempo, porque nossa franquia é a respeito de ser jogado em um lugar sem lei onde você precisa vencer os elementos, os animais, e também há o caos nisso tudo. A essência disso é uma história pós-apocalíptica mas uma que também é baseada na ciência, com um certo grau de realismo.

UOL Jogos: O mundo inteiro foi destruído após a explosão nuclear que acontece no final de "Far Cry 5"?

Olivia Alexander: Esse cenário no qual estamos no momento afeta o mundo inteiro. Hope County teve sorte o bastante para que a vida voltasse a existir por lá, outros lugares no mundo também tiveram essa sorte, e outros não, mas definitivamente esse é o cenário global e pela primeira vez em um jogo de "Far Cry". Ao invés de ser atirado em uma ilha ou em algum canto remoto, é o mundo todo.

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UOL Jogos: Títulos como "Fallout" e "Metro" exploraram com sucesso a temática pós-apocalíptica. O que "Far Cry: New Dawn" oferece que você não irá encontrar nestes jogos?

Olivia Alexander: Uma das coisas que New Dawn faz muito bem é abranger um tema de vida e renascimento oposto à destruição. Muitas destas histórias sobre mundos pós-apocalípticos que já existem são a respeito de morte, são muito sombrios, muito tenebrosos e nosso jogo é bastante pitoresco, nosso jogo é bastante vívido. É um playground mas não minimiza as dificuldades levadas para chegar até lá, as coisas que as pessoas tiveram que passar, a maneira como mudaram, e o modo como o mundo mudou. No final das contas, nossa história é a respeito de renascimento e o que isso quer dizer em termos de família e em ver um novo mundo.

UOL Jogos: Como a fauna e a flora foram afetados com a explosão nuclear no mundo de "Far Cry: New Dawn"?

Olivia Alexander: Muita coisa acontece com o mundo em um cenário como esse. Essencialmente, por um longo tempo, não havia chuva, não havia sol, por anos. Isso causou muita destruição como você deve estar ciente. Também causou muitas migrações em massa, então essencialmente foi como se alguém tivesse pegado o mundo e sacudido. Nenhuma pessoa está onde costumava estar, animais não estão onde estavam antes, a flora seca até sobrar apenas pó que é soprado com o vento. Por isso que você tem todas estas plantas e às vezes animais em Hope County que não estavam lá antes.

Há esses grandes cachos de flores que são soprados através do país na forma de pó e areia, e quando finalmente se assentam, eventualmente o sol e a chuva retornam, e aí elas "explodem", como se estivessem esperando por isso. Elas florescem e colorem o mundo.

No caso dos animais, isso foi muito interessante de pesquisar pois o comportamento deles muda bastante, porque os animais não têm mais medo dos seres humanos, porque agora há pouquíssimos seres humanos e muitos animais. Os animais podem sobreviver em condições mais severas que os seres humanos, portanto eles retomaram a Terra. Eles vão te encarar ou ir atrás de você, eles não estão realmente assustados, mas especificamente com Hope County há uma certa imprevisibilidade porque em "Far Cry 5" o culto estava saturando a água e a terra com benção (nome da droga usada no game), que é um elemento um tanto desconhecido então há alguns animais no mundo que foram afetados por isso de formas diferentes, então eles irão se portar de forma ainda mais distinta.

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UOL Jogos: Por que o jogo é chamado de "New Dawn"? Tem algo a ver com uma nova geração de personagens?

Olivia Alexander: De certa forma, sim. Há alguns rostos que estão de volta, que estavam lá antes. Também temos alguns novos personagens. Carmina Rye é meio que a personagem que se adequa nessa ideia, ela era tecnicamente um bebê em "Far Cry 5" e agora ela é a representante de um novo mundo, especificamente como as pessoas podem viver, sobreviver e ver este novo mundo. Seus pais estão mais inclinados em ver este mundo, talvez por algum tempo de qualquer forma, como uma terra desolada e meio que eles viram ser destruído tudo aquilo que os humanos conquistaram, mas a Carmina é muito otimista.

Ela é jovem, está crescendo, ela meio que não tem escolha. Também ajuda que pela primeira metade de sua jovem vida, tudo que ela viu foi o interior de um bunker, enquanto que a pior parte do colapso estava esvaecendo. Quando ela emerge e vê toda a vida animal e vegetal, os raios de sol, ela vê o mundo como algo adorável. Então o nome de New Dawn implica bastante um renascimento, um novo começo, a ideia de lavar suas mãos a respeito do mundo antigo mas sem esquecê-lo.

UOL Jogos: Em "Far Cry: New Dawn" temos três comunidades: os Bandidos de Estrada, o Novo Éden e os Sobreviventes. Por que os cultistas estão de volta e qual o papel deles?

Olivia Alexander: Esta é uma ótima pergunta. Joseph Seed - alerta de spoiler - sobreviveu ao final de "Far Cry 5" em um bunker. Quando ele emergiu, no momento em que era seguro fazer isso, ele andou pelo condado e reuniu pessoas. Era como se fosse sua própria peregrinação, com ele dizendo, "Eu falei que algo ruim iria acontecer! E veja só, algo ruim aconteceu!", mas claro, muitas pessoas acreditaram nisso e eles reiniciou completamente o culto, que agora se chama Novo Éden. Eles rejeitaram todas as formas do mundo antigo, incluindo tecnologia, vestuário industrializado, armas, e agora operam meio como uma entidade neutra em Hope County. Eles mudaram bastante e Carmina vê eles como pessoas estranhas e reservadas, enquanto outros como Kim Rye, não irá esquecer tão cedo o que eles costumavam ser.

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UOL Jogos: Então os cultistas acabaram acertando a respeito do fim do mundo. O que mais mudou neles após perceberem isso?

Olivia Alexander: Bem, ainda há pessoas no mundo que não acreditam que o culto estava certo. Durante "Far Cry 5" há algumas mensagens de rádio que você ouve quando está dirigindo e que implicam fortemente que há uma inquietação ocorrendo no mundo fora de Montana. É aberto a interpretações sobre se o Pai (Joseph Seed) estava certo ou se sua previsão coincidiu com alguma outra coisa acontecendo no mundo. Novo Éden definitivamente se enxerga como um grupo de pessoas que estava certo e não sente o mesmo desejo de converter as pessoas. Eles estavam certos, eles podem viver e coexistir na maneira em que acreditam que Deus pretendia.

Eles não são fãs dos Bandidos de Estrada, claro, porque os Bandidos de Estrada representam tudo aquilo que eles não gostam. Eles não são muito chegados aos Sobreviventes, mas com eles podem coexistir. Eles odeiam os Bandidos de Estrada porque são a personificação daquilo que consideram pecado. Avareza, tecnologia do mundo antigo e coisas desse tipo. Eles também foram completamente pressionados pelos Bandidos de Estrada, mas conseguem se garantir. Há algum mistério envolvendo eles que os permitem meio que se manterem firmes mesmo com arcos e flechas contra rifles automáticos. Não quero dar mais detalhes, pois é algo que você descobrirá mais a respeito ao jogar.

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UOL Jogos: O que determinou a escolha de irmãs gêmeas, Mickey e Lou, como as vilãs de "Far  Cry: New Dawn"?

Olivia Alexander: Sabíamos desde o começo que queríamos ter gêmeas. Sabíamos que ter isso, essa dinâmica familiar, a ideia de que não há apenas uma, mas duas vilãs que estão preenchendo seu mundo, que são essa frente unida contra você, mas que cada uma tem suas próprias nuanças. Ambas acreditam na mesma filosofia e partem para conquistá-la em estilos diferentes. Isso pode ser muito assustador para o jogador, é uma evolução completamente nova naquilo que o vilão de "Far Cry" pode ser, especialmente na relação com o jogador.

Totalmente em português, "Far Cry: New Dawn" chega nesta sexta-feira (15) para PC, PS4 e Xbox One. Não é necessário possuir "Far Cry 5" para poder jogá-lo.

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