Alpha Protocol

OTAVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

"Alpha Protocol" é o primeiro jogo totalmente inédito da Obsidian, empresa famosa até então por trabalhar em continuações de séries famosas como "Star Wars: Knights of the Old Republic" e "Neverwinter Nights". Foi um passo ousado até mesmo porque o novo game é um RPG de espionagem passado em dias atuais, distante das tramas medievais ou de ficção científica tão comuns no gênero.

Trailer de lançamento

O jogo começa com tensão lá no alto, depois que um vôo comercial é destruído por um grupo terrorista. O agente Michael Thornton é então recrutado pela agência secreta que dá nome ao game para viajar até a Arábia Saudita em busca de pistas, em ramificações que acabam levando-o para outros cantos do mundo, como Taiwan, Itália e Rússia.

Embora o enredo conte com alguns personagens apáticos, a narrativa é quase tão bem montada quanto uma temporada de "24 Horas" ou um livro de Tom Clancy. O melhor é que realmente o game é afetado pelo comportamento de Thornton, que em diálogos geralmente pode patinar entre respostas sedutoras, grosseiras ou sóbrias. Cada coadjuvante reage de uma maneira diferente a tais comportamentos e é capaz de alterar drasticamente determinados trechos da história. Este é o grande trunfo do título, ainda que a falta de vilões e aliados mais carismáticos pese bastante, especialmente no terceiro ato da história.

Contando inclusive com um modo de customização de habilidades, o funcionamento de "Alpha Protocol" lembra bastante o da série "Mass Effect", com diálogos intercalados por ação em terceira pessoa (com direito a pancadaria, furtividade e tiroteios) e alguns minigames para hackear computadores, destrancar portas e funções similares. Pena que todos esses aspectos se apresentem como um rascunho, em mecânicas grosseiras e repletas de erros.

Espionagem globalizada

A movimentação de Thornton é dura e especialmente inverossímil quando deseja andar ou atacar inimigos em silêncio. Aliás, nunca é possível saber ao certo quando a furtividade funcionará, já que alguns oponentes aparecem travados ou incapazes de ver algo a um palmo de seus narizes enquanto outros parecem contar com poderes de clarividência. Espere também muitos problemas com a mira (mesmo com todas as proficiências adequadas) e a câmera, pois ambas parecem ter vida própria e pouco amor pelo usuário.

Na apresentação, "Alpha Protocol" também parece desperdiçar boas oportunidades. Embora movido pelo motor gráfico Unreal Engine 3, o game não é dos mais vistosos. Alguns modelos de personagens e cenários certamente são bonitos, mas não trazem nada de novo. Há alguns problemas no carregamento de texturas e algum tearing, aquele efeito que parece quebrar polígonos durante a movimentação de câmera, o que é certamente decepcionante. No áudio o padrão continua, com um elenco esforçado de dubladores que perde um pouco o brilho diante de efeitos sonoros discretos.