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Xbox 360

Dead Rising

18/08/2006

FABIO PANCHERI
Da Redação
Aconteceu em 1978, no shopping de Monroeville, na Pensilvânia: quatro pessoas lutaram pela sobrevivência em meio a uma horda de zumbis. Protegidas pelas vitrines, elas eram o sonho de consumo de milhares de morto-vivos. Felizmente, o shopping oferecia tudo que eles precisavam para sobreviver e improvisar. Será?

George A. Romero pode não ser conhecido pelo grande público, mas para os admiradores do terror sua obra é obrigatória. "O Despertar dos Mortos" ("Dawn of the Dead") foi o segundo de uma série de filmes com temática de zumbis. Trinta anos depois, o enredo serve de base para uma nova investida da Capcom - e a primeira para Xbox 360 - no gênero horror e sobrevivência, bem diferente de "Resident Evil", carro-chefe da produtora.

Apesar de não esconder a inspiração, os produtores do game deixam claro que "Dead Rising" é uma produção sem vínculo com o filme e que não contou com a participação de Romero ou com o envolvimento com os detentores dos direitos autorais de "O Despertar dos Mortos".

Nasce um super-herói

Frank West e Peter Parker têm algumas coisas em comum: ambos possuem um senso apurado e são fotojornalistas. E o instinto de West diz que algo grande está acontecendo em Willamette, em Colorado. Alugando um helicóptero e munido somente de sua câmera, o intrépido consegue furar o bloqueio do exército que cerca a cidade e encontra um shopping infestado de zumbis. West não tem poderes de homem-aranha, mas como no filme de Romero conta com toda a modernidade que só um shopping pode oferecer. Também não é nenhum Jack Bauer, por isso, ao invés de 24, ele tem 72 horas para se manter vivo e solucionar esse mistério. Os eventos não ocorrem em tempo real.

"Dead Rising" vai pelo caminho oposto de "Resident Evil", então não espere sustos e aberrações aparecendo do nada. Basta descer a escada que dá acesso ao shopping para se ter uma idéia clara do que o jogador enfrentará: zumbis, muitos zumbis!! Se uma das promessas dessa geração de consoles era colocar milhares de inimigos numa mesma tela, aqui ela foi cumprida. O desafio não é descobrir a melhor tática para matar um ou dois vilões - os zumbis são bem lentos e só atacam quando bem próximos -, mas como passar por muralhas de corpos apodrecendo.

Em Willamette, no entanto, desmembrar um número recorde de zumbis é conseqüência de quem cumpre objetivo principal: ajudar os poucos sobreviventes. De maneira geral, as missões de resgate se resumem a levar uma pessoa ou grupo até a sala de segurança do shopping. Alguns estão assustados e precisam ser levados de mãos dadas ou até mesmo de cavalinho, outros vão ajudar no combate, o que influencia na dificuldade da missão. E nem sempre os zumbis serão a pedra no sapato. Há também aqueles que perderam um parafuso com a situação, outros que se tornaram psicopatas e até aqueles que juram de pé junto que você é zumbi.

Todas as missões estão representadas num arquivo que mostra a estrutura de fases do jogo. Resolva uma, para seguir para a próxima. O problema é que - como elas estão interligadas pelo enredo e pelo relógio interno da aventura - o jogo oferece uma única opção para salvar o progresso. Ao ser devorado por zumbis, o jogador pode recomeçar de seu único "save" ou iniciar o game do zero, mantendo a experiência conquistada ao morrer. Uma machadada na cabeça dos aventureiros perfeccionistas é um limitador num jogo aberto que oferece um shopping inteiro para explorar. Nem todo caso precisa ser completado. Caso o tempo acabe ou os acontecimentos levem a um beco sem saída, ele é classificado como "expirado", se não for essencial para a trama, o jogador pode ainda prosseguir.

Onde fica o banheiro, por favor?

Uma vez no shopping, a primeira coisa a se fazer é dar uma olhada no mapa e decorar onde ficam os banheiros. Isso porque, além da sala de segurança, aliviar a bexiga equivale a salvar o jogo. A partir daí o enredo "sério" é sufocado por situações cômicas, humor negro e muito sangue e pedaços humanos voando pela tela.

Com todas as lojas de portas abertas, realizar sonhos de consumo nunca foi tão fácil. Cada loja tem algo a oferecer e interagir, o que é um dos pontos fortes de "Dead Rising". A roupa manchou de sangue? Que tal escolher uma social na vitrine ao lado? Mais cômico ainda é entrar na loja de roupas juvenil e sair matando zumbis com capacete de "Mega Man" ou com apetrechos femininos. Há várias referências a sucessos da Capcom, incluindo "Resident Evil".

Fora esse lado fashion, uma incrível quantidade de itens pode ser usada como arma. Dê um chute inocente em uma bola de futebol e se prepare para rir com um "strike" de zumbis. Frigideira da lanchonete? Serve. Aproveite para jogar o vidro de óleo de fritura no chão e ver morto-vivos deslizarem. Outros itens óbvios e outros nem tanto: pesos de ginástica, ursinho de pelúcia, guarda-chuva, moto-serra, vaso de plantas, caixa registradora, caixinhas de CDs, latinhas de refrigerante, banco do shopping, taco de beisebol etc. Obviamente, a eficiência da arma está relacionada ao tipo de objeto: a faca é mais potente que um golpe com um manequim, por exemplo.

Há também itens que rendem poderes especiais ou que recuperam energia, individuais ou que podem ser combinados. Pizza crua repõe energia, mas colocada no forno microondas a cura será maior. Misture também itens no liquidificador para criar vitaminas que fazem, por exemplo, West ter o fôlego de um fundista ou ficar invencível durante um tempo determinado.

Sendo fotojornalista, o aprendiz de super-herói não é exatamente letrado no manuseio de espadas de samurais ou mesmo adepto de radicalizar no skate. Felizmente o shopping tem livrarias. Carregar na bagagem de itens livros vinculados a objetos faz com que o tempo de vida útil de uma arma aumente ou que se libere truques. No caso do skate, West ganha conhecimento para fazer manobras. Mais uma das boas sacadas de "Dead Rising".

Zumbi de calcinha? Ui!!

Tudo é de graça, mas West precisa de espaço para carregar tantas compras. No começo da aventura isso se torna um grande transtorno, mas pode ser resolvido com um quesito que todo aspirante a super-herói precisa: prestígio, a moeda corrente em "Dead Rising".

Há várias maneiras de conseguir "Prestige Points", ou "PP". As principais são: matando zumbis, completando os casos propostos e documentando o horror com boas fotografias - lembre-se que West tem uma história a cobrir. Atingir um determinado número de "PP" faz o personagem subir de nível e, consequentemente, aumenta a barra de energia e a quantidade de itens que se pode carregar, além de destrava novos golpes.

Uma dica para os fotógrafos amadores. Nem sempre são as cenas de horror que rendem mais pontos. Fotos dramáticas, cômicas e sensuais são bem vindas. Afinal, nada mais sexy que uma zumbi de calcinha, certo? West é jornalista freelancer e gosta de deixar isso claro a todos que encontra durante o game - possivelmente, venderá algumas dessas fotos para tablóides. A bateria da câmera também não é infinita, mas há lojas especializadas em material fotográfico no shopping. Faça uma visita.

Um shopping cheio de vida

Esqueça nevoeiros, becos escuros e árvores decrépitas. As freqüentadoras do shopping de Monroeville não têm aparência digna da Playboy, é verdade, mas, tirando o "pequeno" detalhe dos mortos-vivos, se trata de um lugar agradável e colorido, o oposto de cenários de séries como "Silent Hill" e "Resident Evil". Cinema, lojas infantis, praça de alimentação, restaurantes temáticos e até mesmo o estacionamento são bem detalhados e dão a sensação de um shopping de verdade. Um visual que faz jus a uma nova geração de consoles.

A modelagem de Frank West e de alguns personagens principais também impressionam pela riqueza de detalhes. O mesmo não se pode dizer dos zumbis, que são visivelmente inferiores. Algo totalmente compreensível dada a quantidade deles na tela. E se por um lado eles não são detalhados, não dá para reclamar da falta de variedade. Os mais atentos certamente vão notar que "hummm, eu já matei esse aqui antes". Mas no calor da ação, a sensação é de uma multidão de indivíduos, cada qual com sua roupa e, digamos, personalidade, se é que zumbi tem uma. Um feito importante dado à proposta do jogo de apelar na quantidade. Há sempre um defeitinho menor, alguns característicos de jogos 3D - como o daquele objeto que atravessou a parede sólida. O mais sério é o das legendas dos diálogos em texto que, em TVs convencionais, são quase ilegíveis. Mas, na soma, os problemas não tiram o brilho do trabalho na parte gráfica.

Da mesma forma que o excesso de zumbis repetidos teria prejudicado o contexto visual, sons repetidos ou similares para a absurda quantidade de itens seriam um tiro no ouvido. "Dead Rising" rufa tambores no quesito sonoro. Cada arma, item ou ação tem seu som apropriado, realçados ainda mais no caso de o jogador ter um sistema de som digital 5.1. O efeito sonoro remete diretamente ao objeto, seja esse o som abafado de um boneco de pelúcia batendo num corpo ou o de uma faca deslizando rapidamente pelo ar ou ainda nas explosões das armas de fogo.

Exceto em algumas cenas especiais, a música é quase inexistente. No entanto, escuta-se o zunir do vento nas áreas externas e há aquela musiquinha de fundo típica de shoppings, com direito a interrupções para comunicados de tempos em tempos. Apesar da embalagem de "superprodução", não há atores famosos na dublagem dos personagens. West tem aquele jeitão de convencido, como se todos lhe devessem uma explicação - o que, às vezes, soa cômico. As melhores atuações nas vozes são as dos dubladores dos psicopatas, mas todos fazem bem o seu trabalho.

"Frank, o Cafetão"

"Dead Rising" é para um jogador, então não espere ajuda de amigos para matar zumbis. O aprendizado é rápido, mas é preciso se acostumar aos comandos. Um erro comum é atender o walkie talkie, pelo qual você recebe orientações da posição de sobreviventes, e deixar acidentalmente um item do seu inventário por não ter apertado precisamente "direita" no direcional.

A aventura dura pouco mais de 15 horas e é impossível conseguir todas as conquistas ("achievements") em uma única jornada. Sem falar que o estilo aberto à la "Grand Theft Auto" estimula a exploração do ambiente. Para isso, o jogo oferece os modos extras "Overtime", que soma um dia a mais às 72 horas e o "Infinite", sem limite de dias, mas que não possibilita subir o nível do personagem.

A lista de conquistas - que rendem até 1000 pontos ao seu perfil no Xbox 360 - inclui objetivos básicos e outros divertidos como "O Fotojornalista", liberado ao se conseguir 1.500 PP com uma única foto; "Genocida de Zumbis", para quem matar o equivalente à população da cidade, ou seja, exatos 53.594 zumbis; e "Frank, o Cafetão", título para quem conseguir resgatar oito mulheres simultaneamente. Aviso para aqueles que forem pesquisar lista de conquistas em sites especializados na internet: ela acidentalmente revela eventos futuros do enredo. Problema que não acontece ao se consultar pelo menu do jogo.

CONSIDERAÇÕES

O maior mérito de "Dead Rising" é ter um estilo único numa época em que idéias originais estão escassas. É um jogo pensado para as novas plataformas de games, capazes de processar um volume maior de informações. O sistema de save, que obriga o jogador a refazer longos trechos, é um banho de água fria, principalmente nos casos mais avançados. As missões se limitam a levar sobreviventes do ponto A ao B e, apesar da variação de dificuldade, também deixam o jogo um pouco repetitivo com o passar do tempo, mas são compensadas pela enorme interação que o shopping oferece. Uma nova franquia de sucesso dos criadores de séries como "Devil May Cry", "Onimusha" e do emblemático "Resident Evil"? Se depender da resposta da crítica e público pode contar com isso. Aliás, uma enquete perguntando sobre o interesse numa possível continuação foi colocada no site oficial do jogo após o lançamento. Mas não espere tanto. Adote já esse zumbi.

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    Dead Rising (Xbox 360)

    144 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Capcom
    Lançamento: 08/08/2006
    Distribuidora: Capcom
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    Outras plataformas: WII
    RecomendadoAvaliação:
    Recomendado

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