A franquia "Destroy All Humans!" pegou de surpresa os jogadores na geração anterior, revelando uma mistura interessante da mecânica aberta da série "Grand Theft Auto" e referências a filmes de ficção-científica dos anos 50, com um alienígena malvado como protagonista. A inversão de papéis foi fundamental para o sucesso, mostrando que as pessoas nem sempre gostam de jogar com os mocinhos. Controlar o carismático Crypto se tornou libertador, em suas missões pontuadas por abduções e torturas de seres humanos - ainda que de forma cômica e exagerada.
Depois de algumas continuações - e a partida da equipe de criadores - a série acabou perdendo o rumo e a qualidade, com continuações cada vez menos inspiradas e repetitivas. "Destroy All Humans! Path of the Furon" parece ser a pá de cal que faltava, não só por explorar os mesmos elementos de sempre com certa má fé, mas também graças aos problemas financeiros de sua distribuidora, a THQ. Tais dificuldades acabaram levando a empresa a fechar o estúdio responsável pelo game antes mesmo que pudesse concluir o projeto, deixando um jogo mal-acabado nas prateleiras.
Ataque nos anos 70É pouco provável que alguém acompanhe com afinco a saga de Crypto, mas sempre é bom explicar um pouco sobre o que se passa. O alienígena agora vive de forma pacata gerenciando seu cassino, durante a década de 70, mas logo se envolve em problemas quando seus negócios se cruzam com os da máfia. Para piorar, guerreiros de seu planeta também aparecem, levando o protagonista a investigar uma terrível conspiração com a ajuda de um mestre especialista em artes marciais.
Assim como a figura do tal mestre - que faz referência aos filmes de kung-fu que fizeram muito sucesso nos anos 70 - o restante do jogo tenta empurrar goela abaixo tipo de citação ao período, como a moda da discoteca, a crise do petróleo e outros filmes, como "Os Embalos de Sábado à Noite". Nada perto do inteligente, principalmente ao utilizar estereótipos e clichês a todo instante, principalmente nos diálogos que se repetem sem misericórdia.
A mecânica do jogo permanece a mesma. Crypto deve cumprir uma série de objetivos explorando livremente as cinco cidades disponíveis, além de contar com alguns minigames extras. Basicamente o jogo convida o jogador a destruir tudo o que quiser, contando com a clássica sonda anal ou outros truques, como armas capazes de soltar raios ou criar buracos negros, além de uma armadilha que libera uma grande planta carnívora alienígena. O protagonista ainda conta com seu inseparável disco voador e seus poderes psíquicos, que são capazes de controlar a mentes de humanos ou levantar objetos.
Defeitos e mais defeitosSem nenhuma inovação estrutural, "Destroy All Humans! Path of the Furon" ainda poderia agradar os admiradores da série por alguns minutos, se não fossem seus inúmeros problemas. É um produto claramente mal-acabado, sem polimento. Para um jogo aberto, por exemplo, as ruas parecem sempre muito vazias, com personagens robóticos e que constantemente agarram em paredes ou travam em algum lugar sem motivo.
Os gráficos, no geral, parecem ainda os da geração passada, contando ainda com carregamento demorado e uma interface paupérrima. Fora Crypto, seu disco voador e alguns outros coadjuvantes, pouco se salva, tanto em design quanto em execução, pois é comum ver o jogo travar, texturas desaparecerem ou comandos não responderem. Nem mesmo um multiplayer decente foi implementado, restrito ao jogo local e com modalidades fracas como uma espécie de futebol em que os dois jogadores atiram contra uma bola gigante, tentando direcioná-la.
CONSIDERAÇÕES
Se, em seu projeto original, "Destroy All Humans! Path of the Furon" já não parecia ser grande coisa por se recusar a evoluir, o resultado final foi ainda mais decepcionante. Se não bastasse tal falta de inspiração e ambição, o produto foi acabado de qualquer maneira para chegar às prateleiras em tempo para o Natal, repleto de problemas gráficos e mecânicos que são graves o suficiente para manchar a franquia para sempre. Uma triste queda de padrões para uma franquia que começou de forma tão original e interessante.