Lost Planet 2

OTAVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

"Lost Planet" foi um dos primeiros lançamentos de peso para a atual geração de consoles de alta definição, inicialmente como exclusivo do Xbox 360. Com o sucesso, a veterana Capcom acabou requentando o game com alguns extras para lançamento no PC e Playstation 3, o que também se provou acertado. Agora, quase quatro anos depois da estreia do original, chega uma continuação inevitável que apresenta uma série de mudanças estruturais questionáveis. Ao menos, é um dos jogos mais bonitos já produzidos pela empresa, com cenários ricos e detalhados, monstros gigantescos e uma vasta gama de efeitos climáticos.

Insetos gigantes

O enredo de "Lost Planet 2" acontece uma década depois dos eventos do primeiro game, quando encontramos o pirata Wayne no gelado planeta E.D.N. III. Depois do grande conflito entre a NEVEC, organização responsável pela colonização do lugar, os piratas da neve e os monstros nativos conhecidos como Akrid, a geografia mudou drasticamente. Parte da neve derreteu e, em seu lugar, surgiram enormes vales e florestas, com novas criaturas e novos pontos para adquirir energia térmica essencial para a sobrevivência no local.

Na verdade, dizer que "Lost Planet 2" tem um roteiro é forçar a barra. Agora não há mais Wayne ou uma campanha com história para acompanhar, assim como se perdeu o foco na ação em terceira pessoa nervosa, solitária, com a necessidade constante de se manter aquecido diante do brutal clima de E.D.N. III. Os personagens aqui são anônimos e sem carisma, o que acaba pesando contra.

Agora a campanha principal é voltada para um esquema cooperativo para até quatro jogadores online (além de partidas para dois offline ou ainda uso de bots para encarar sozinho). É possível escolher o capítulo a ser jogado, entre outras opções, e esperar outras pessoas se juntarem a você, mais ou menos como em "Left 4 Dead", exceto que aqui não é possível aceitar outros usuários em uma partida já iniciada. Ainda que corajoso no papel, o sistema criado pela Capcom se mostra pouco interessante pois não consegue ter a mesma coesão do jogo da Valve; nunca parece que o jogador está encarando uma campanha com início, meio e fim, mas apenas uma tortuosa sequência de mapas razoavelmente lineares populados por monstros gigantes. Sem uma evolução narrativa, a satisfação de vencer tais criaturas é quase nula.

Multiplayer em ação

A mecânica do jogo continua a mesma do anterior, para o bem e para o mal. No contexto do jogo anterior, com todas as dificuldades causadas pela geografia e neve, fazia sentido ter um personagem pesadão, mas agora isso parece estranho. A movimentação não é das mais ágeis e há um certo acúmulo de funções nos botões que não parece muito orgânica. Ainda assim não é difícil pegar o controle e sair jogando, com uma resposta boa e um bom leque de opções, como o uso de um gancho, armas caídas pelos cenários e as armaduras de combate conhecidas como VS. Há uma boa variedade de tais elementos, assim como novos monstros, o que instiga a curiosidade e ajuda a sobrepor a mecânica antiquada.

Com as alterações no modo principal, o lado multiplayer acaba ganhando mais peso, ainda que não tenha mudado muito. A quantidade de modos de jogo é boa, ainda que apenas o Data Post e o Akrid Egg Battle instiguem um trabalho em equipe mais complexo por contarem com objetivos específicos. As partidas ocorreram de forma bastante satisfatória em nossos testes, com muitos jogadores online e pouquíssimos problemas de conexão e latência.