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Xbox 360

Skate

19/10/2007

MATHEUS BOURG
Colaboração para o UOL
Chega a ser indescritível a sensação de jogar "Skate" pela primeira vez. A impressão que fica é a de que, depois de anos de monopólio, finalmente Tony Hawk achou um concorrente à altura e, o que é mais curioso ainda, vindo de um estúdio não muito famoso por criações um tanto quanto originais. Fruto de um trabalho de primeira categoria da Black Box, produtora já responsável por séries como "Need for Speed", talvez nem seja o caso de classificá-lo como um mero concorrente; na verdade, "Skate" é o substituto definitivo para a hegemonia de você-sabe-quem.

Pode parecer babação de ovo, mas longe disso: basta jogar os primeiros cinco minutos, conferir os menus pra lá de estilizados, customizar seu personagem e assistir ao vídeo de introdução para notar que a obra tem algo de diferente. Quer saber por que "Skate" será o seu jogo número um na categoria?

O foco é na simulação

Basicamente, o game deixa de lado as manobras sobrenaturais vistas em "Tony Hawk" e investe em um estilo que, de tão realista, coloca o jogador para se divertir em San Vanelona - uma cidade que mistura tudo o que há de bom em territórios como San Francisco (EUA), Vancouver (CAN) e Barcelona (ESP). Em outras palavras, uma espécie de meca do esporte que dá nome ao game. Falaremos sobre ela mais tarde, mas tudo que você precisa saber de imediato é que não há qualquer tipo de limite: é possível ir de um canto do mapa ao outro logo no início da sua jornada.

Pois bem, deixe-me retomar o papo das manobras ali de cima: por aqui, espere apenas por movimentos reais e muito bem reproduzidos através de um sistema que não utiliza qualquer botão, mas sim os dois direcionais analógicos do controle. Como até mesmo um simples pulo é considerado como algo a mais no esporte - neste caso, um Ollie -, qualquer movimento reproduzido sobre a prancha deve ser realizado pelo direcional direito. Quer pular? Traga ele para baixo e, rapidamente, mova-o para cima. Nesse meio tempo, apenas os gatilhos traseiros podem alterar a manobra de forma significativa. Mesmo assim, tudo ainda depende de como você movimenta o bendito direcional. Botões convencionais como A e X, por exemplo, servem apenas para fazer com que seu atleta ganhe velocidade.

Batizada de Flickit, essa mecânica não é exatamente um modo de jogo como é o caso de Nail the Trick e da série da Activision. Por aqui, trata-se do único modo através do qual você conseguirá jogar. A princípio, tudo pode parecer um tanto quanto complicado - realmente, é difícil confiar de olhos fechados no fato de que há apenas um direcional para a realização de trocentas manobras. Porém, basta um pouco de treino para que o resultado seja pra lá de satisfatório e logo você estará familiarizado com a brincadeira - cortesia de uma curva de aprendizado mínima e natural.

Uma vez a par de como tudo funciona, é hora de soltar a franga e arriscar a pele em manobras que vão além do básico. É o caso de movimentos como (agüenta aí que a lista é grande) Kickflip, Heelflip, Pop-Shuvit, Hardflip, Laserflip e inúmeras variações classificadas em Ollie (baixo para cima) ou Nollie (o inverso). Como nenhum jogador é capaz de decorar tudo isso de uma vez só, o jogo permite o acesso à mochila do seu atleta, que funciona como um inventário e traz uma lista de movimentos, um celular, um mapa e tudo o mais que será necessário ao longo da jogatina.

Se há algo de ruim nisso tudo? Para ser bem sincero, apenas a sensação de dificuldade que se mostra evidente no início. Mas se estamos acostumados aos saltos altíssimos e com o sistema de uma franquia que nunca prezou pelo realismo, é óbvio que sentiremos dificuldade ao jogar uma obra como "Skate". Há ainda quem reclame quanto ao uso do direcional analógico para realizar as manobras - questionam, por assim dizer, a capacidade do controle em distinguir duas ou três manobras distintas ao mesmo tempo. Novamente, é praticamente certo que, a princípio, você não consiga realizar manobras específicas solicitadas em desafios. Mas experimente praticar para ver o que acontece.

Jeitinho de "GTA"

Não fosse pelo skate que não larga seus pés em momento algum, seria plausível confundir "Skate" com algum game da série "Grand Theft Auto". Mais bonito, é claro, mas ainda assim extremamente parecido com a franquia da Rockstar. Isso porque o jogo é completamente aberto e não-linear: por aqui, seu único objetivo é se tornar um skatista de sucesso, conseguir patrocinadores competentes e fazer fama ao redor da cidade. Não há espaço para baboseiras como limites entre áreas que você não pode acessar ou com missões toscas e sem fundamentos. Tudo pende para o lado da simulação e o personagem não se torna melhor com o passar do tempo: o skatista que começa o jogo é, de fato, o mesmo skatista que termina a aventura.

De forma muito semelhante a outros games da EA, a modalidade de carreira exige que você crie o seu avatar do zero: se você não curte essa onda de customização, saiba que está perdendo o maior barato. Assim como o resto do game, essa seção funciona de uma maneira extremamente bela e intuitiva. Graças a um sistema já utilizado em games como "Fight Night Round 3", você pode definir detalhadamente o rosto, o corpo e as vestes do seu atleta. Uma vez desenhado, é a vez de definir como será a sua prancha e, feito isso, cair na estrada para San Vanelona.

Quando li um comentário de que era impossível ficar enjoado com a cidade, imaginei que fosse puro exagero - não é. O mapa é grande e evita ao máximo as telas de loading enquanto você está realizando manobras: salvo algumas áreas em que você não deveria sequer praticar o esporte (acredite, os seguranças por aqui não são nada gentis), tudo pode servir como intermediário para as suas acrobacias. Do meio fio a bancos e solavancos, cada aspecto da cidade foi desenhado especialmente para uma interação que cedo ou tarde você acabará descobrindo. Não bastasse isso tudo, o local ainda conta com bastante vida e movimentação: além do seu avatar, passeiam por San Vanelona dezenas de carros, pedestres e outros skatistas.

Uma outra novidade legal é a possibilidade de, com a ajuda dos direcionais digitais, marcar pontos no mapa para facilitar a retomada de algumas manobras. Funciona mais ou menos assim: você topa com uma rampa, se posiciona na frente dela e lança um marcador. Desta forma, você poderá optar por voltar àquela posição até cansar - apesar de cada tentativa exigir 30 segundos de carregamento, o sistema funciona razoavelmente bem. Entretanto, se o que você quer mesmo é se locomover com mais rapidez pelo cenário, então a saída é utilizar o metrô. Há pelo menos uma estação espalhada em cada canto do mapa.

Fazendo história

Embora soe um tanto quanto óbvio, o sucesso da sua carreira depende da realização de desafios espalhados pela cidade. Marcados em um pequeno mapa que aparece o tempo todo no canto esquerdo da sua tela, eles consistem em competições como a modalidade S.K.A.T.E. - referência a um jogo popularmente conhecido nos EUA como H.O.R.S.E. Basicamente, trata-se de um duelo parecido com a brincadeira em que os participantes imitam o que um mestre mandar: aqui, seu objetivo é reproduzir as manobras propostas pelo seu adversário e, caso ele erre, tomar o seu lugar e ditar as regras da casa - cada jogador tem direito a cinco erros. Para quem curte um pouco mais de dificuldade, há ainda as missões nas quais você deve fazer um determinado número de pontos em um curto espaço de tempo além de outras inúmeras variações.

Mais importante do que vencer esses jogos, por outro lado, é a possibilidade de salvar a sua performance e enviá-la para a rede - seja para a do próprio jogo, para amigos da sua lista ou para o site da Eletronic Arts. Mesmo um tanto quanto restrito, o editor de vídeos permite brincar com seus próprios clipes e, desta forma, chame a atenção de patrocinadores. Se você acha que comprar uma roupa bacana para seu atleta é caro, então assine um contrato com uma determinada empresa e contente-se em vestir - até o fim da sua carreira, já que não há como voltar atrás -, as roupas doadas por ela.

Se na teoria isso tudo é bacana, na prática "Skate" não fica devendo. Ainda sobre a modalidade principal, é válido destacar o excelente modo como as suas conquistas pessoais são exibidas em um menu especial. É possível conferir dados que vão desde os seus patrocinadores até as capas de revistas para as quais você posou - tudo para que seu atleta se sinta dentro do game.

Sem tirar nem por

Em uma geração marcada por cenas de computação gráfica enganadoras, chega a ser estranho jogar "Skate" em uma tela de alta definição. Sabe todas aquelas imagens que você viu sobre o game desde o início do ano, quando ele fora anunciado? Pois elas não eram artes conceituais ou cenas pré-renderizadas com o intuito de impressionar o público: por mais raro que isso possa parecer nos dias de hoje, elas representam exatamente o que o jogo é com alguém ditando as ações por trás da TV.

A começar pelo mais importante, ou seja, o seu skatista, o destaque fica com a modelagem do atleta. Em seguida, torna-se praticamente impossível não se impressionar com a definição das texturas ou com a iluminação que, muitas vezes, ofusca a vista e compromete algumas manobras. Toda essa sensação ainda é reforçada por um sistema de câmera que posiciona-se abaixo do jogador e foca mais no skate do que no próprio esportista. Se existem problemas? Na versão para PS3 e mais especificamente em se tratando da fluidez com que o jogo roda, infelizmente sim. No console da Sony, a queda da taxa de quadros é bastante comum e chega a incomodar.

Comum a ambas as versões, porém, é o sistema de simulação física que transforma a prancha do jogador em uma entidade à parte: seja quando ele está fazendo manobras ou levando tombos, o skate interage de uma forma espetacular com os pés do atleta e reage aos mínimos contatos com superfícies ao seu redor. Se isso tudo é digno de nota dez, o mesmo não vale para a escolha da EA em fazer com que o seu personagem não faça absolutamente nada para evitar acidentes. Isso não chega a ser um demérito, já que as demais movimentações são excelentes e as animações são deliciosamente dolorosas, mas às vezes você é obrigado a assistir quedas que poderiam muito bem ser evitadas caso o seu avatar esticasse os braços e desviasse de uma impiedosa parede.

Ainda em se tratando da parte técnica, há de se parabenizar a escolha das 60 faixas que compõem a trilha sonora do game. Incluindo nomes que vão de Sex Pistols a Nirvana e David Bowie, o acervo de músicas dá ainda mais fôlego aos passeios descompromissados pela cidade. A voz dos atletas também não fica devendo em nada e exibe um apreço à qualidade da dublagem. As vozes são emprestadas por esportistas como Danny Way, Chris Cole e PJ Ladd, entre muitos outros.

Fama também na rede

Não pense que só porque ficou por último, o modo online não seja digno de atenção - na verdade, o que acontece é justamente o contrário. Livre da tradicional interferência dos atrasos de conexão e afins, roda de forma exemplar e permite que você desafie skatistas do mundo todo em competições semelhantes às disponíveis na campanha solo. Além de brincadeiras como a já mencionada S.K.A.T.E., há ainda uma modalidade no melhor estilo de corrida e outra na qual vence o atleta que fizer as manobras mais arriscadas. Diferentemente do que acontece no jogo normal, porém, aqui você é recompensado com pontos de experiência.

Esses pontos, na verdade, servem mais para liberar conquistas, no caso do X360, do que para qualquer outra coisa. E por falar nelas, saiba que são mais de 40 desafios realmente suados. Um deles, para que você tenha uma idéia, consiste em atingir o nível máximo na jogatina online e, em conseqüência disso, abocanhar nada menos que 100 pontos de Gamerscore. Pode parecer difícil, mas na verdade você tende a ganhá-lo com o tempo.

CONSIDERAÇÕES

Se a primeira impressão é a que fica, "Skate" conseguiu a proeza de chegar atrasado e, ainda assim, desbancar uma franquia fortíssima que domina o esporte radical há anos. É o oposto de "Tony Hawk": aqui, as manobras existem de verdade e não há aquele papo de evoluir as características do seu atleta com o passar do tempo. Livre para se exibir em uma cidade cheia de vida como San Vanelona, o jogador tem contato com um sistema que reinventa o modo como o skate é retratado no mundo dos games. Não bastasse isso, o game ainda apresenta um visual fora do comum e um modo online livre de "lag" e problemas semelhantes. Se a Activision chegou a pensar que a idéia de finalmente ter um concorrente à altura era bacana, agora pensará duas vezes antes de colocar um novo jogo nas prateleiras. E, com o perdão do trocadilho, "Proving Ground" é a prova definitiva de que o estúdio precisará pensar bastante em como retomar o topo.
Matheus Bourg é colaborador-fixo das revistas "Dicas & Truques para PlayStation" e "Game Master". Também colabora com as publicações "Ngamer" e "Revista Oficial do Xbox 360", todas publicações da Editora Europa.

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    Skate (Xbox 360)

    49 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Electronic Arts
    Lançamento: 11/09/2007
    Distribuidora: Electronic Arts
    Suporte: 1-6 jogadores, Xbox Live, cartão de memória
    Outras plataformas: PS3
    ImperdívelAvaliação:
    Imperdível

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