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Xbox 360

Eternal Sonata

05/10/2007

HENRIQUE SAMPAIO
Colaboração para o UOL
Um dos principais motivos que impedem o Xbox 360 de deslanchar no Japão é a falta de RPGs orientais, cujos temas, mecânica e estilo visual são completamente diferentes dos congêneres desenvolvidos no Ocidente. A lacuna começou a ser preenchida com o mediano "Enchanted Arms", e depois veio o aguardado "Blue Dragon". Agora, chega o belíssimo "Eternal Sonata", que expande o gênero em um console que cada vez mais atrai a atenção das grandes produtoras de RPG japonesas.

"Eternal Sonata" é o primeiro jogo completamente desenvolvido pela Tri-Crescendo, que trabalhou em co-parceria com a Monolith Soft nos dois títulos da série "Baten Kaitos", para Gamecube. Trata-se de um RPG que mistura a delicadeza e graciosidade dos Shojos (animes e mangás voltados ao público jovem feminino) com uma história de ficção incomum, baseada nos últimos momentos da vida do renomado compositor Frédéric Chopin.

Sonho e realidade

O jogo se passa em um mundo onírico criado pelo próprio Chopin em seu leito de morte. O músico é um personagem jogável, que viaja por este universo alegre, colorido e cheio de vida, em contraste à sua condição de tuberculoso em estado terminal. Nele Chopin descobre que pessoas com doenças mortais são milagrosamente capazes de utilizar magia, mas que são renegadas pela sociedade devido ao medo de contágio.

Ao se identificar com a garotinha Polka, capaz de curar ferimentos com as mãos em decorrência de sua doença mortal, Chopin decide acompanhá-la em sua jornada até o palácio do Conde Waltz, em busca de uma solução para as dificuldades enfrentadas por sua família. A história vai se tornando cada vez mais rica com seu desenrolar, passando a envolver temas como ambição, solidariedade, preservação do meio-ambiente e preconceito.

Contudo, não espere por uma abordagem madura dos temas: aqui os diálogos são extremamente didáticos, para não dizer infantis, e os clichês da animação japonesa estão espalhados por todas as partes.

A primeira coisa a ser notada no jogo é seu visual belíssimo e charmoso. Não há como não se encantar com os cenários bucólicos, campos floridos e cidades cheias de vida e cor. Os designers e artistas de "Eternal Sonata" passaram longe da tendência do foto-realismo que predomina na nova-geração de consoles e criaram um universo em 3D deslumbrante e criativo.

Todos os personagens possuem um minucioso tratamento em "cel-shading" (técnica digital que aproxima o 3D do desenho em duas dimensões feito à mão), com bordas e sombras sutis, resultando em modelos incrivelmente delicados. O nível de detalhamento e definição das vestimentas e dos cabelos dos personagens mostra que aos poucos os jogos eletrônicos se aproximam da animação cinematográfica em termos de técnica e capacidade artística.

A melancolia das músicas de Chopin está espelhada não só na história como no próprio semblante dos personagens, principalmente da alva e pálida Polka. As expressões faciais, no entanto, poderiam ser um pouco menos limitadas, para aumentar a dramaticidade durante as cenas animadas. A sincronia labial também merecia um melhor tratamento, pois não acompanha as falas com precisão. Vale lembrar que a dublagem em japonês também está presente na versão norte-americana do jogo.

Nem tudo são flores, literalmente

Se você esperava algo novo, prepare-se para se decepcionar, pois a fórmula do jogo é exatamente a mesma que vem sendo usada desde os primórdios do gênero. "Eternal Sonata" carrega a típica mecânica de um RPG japonês tradicional e não faz questão alguma de alterar essa estrutura. Parte do jogo acontece em "dungeons" (termo padrão dos RPGs para designar locais perigosos, com armadilhas, criaturas e quebra-cabeças), onde ocorrem as batalhas, que apesar de opcionais, são necessárias para a evolução de seus personagens. Em seguida, geralmente você encontra uma cidade, onde pode gastar o dinheiro adquirido nos combates em novos equipamentos para seu grupo e se preparar para a próxima "dungeon".

O sistema de batalha, que prometia ser um dos pontos fortes, é simples demais e não dá margem para muita estratégia. O combate é iniciado ao se aproximar de um inimigo (se encará-lo por trás, sua equipe começa atacando), levando o jogador a uma arena fechada. Cada personagem possui alguns segundos para se movimentar livremente e atacar - nas primeiras horas de jogo, a contagem só é iniciada após a realização de qualquer ação. Dependendo da classe do combatente, é possível também atacar à distância, ganhando o controle da mira do personagem, sem que haja necessidade de se locomover até o inimigo.

Apesar de dispensar menus e dar liberdade de movimento ao jogador, o combate não demora para se tornar enfadonho, visto que, basicamente, você pode apenas desferir ataques padrões ou executar uma habilidade especial por batalha. A arena também é composta por áreas com luz e sombra, que alteram não somente a habilidade especial mas também a forma de alguns inimigos, tornando-os mais resistentes. Este elemento ajuda a variar um pouco os combates, contudo, os torna frustrantes em alguns momentos, visto que invariavelmente você deve se movimentar para áreas sombreadas, impedindo a execução de habilidades de luz.

Há também um medidor de combos, que é compartilhado com todos seus combatentes: quanto mais ataques sucessivos fizer, mais ele se enche e, quando chega a níveis mais elevados, sua habilidade especial se torna muito mais poderosa. No entanto, a eficiência do recurso fica limitada aos chefes, que possuem mais energia que os inimigos comuns. Durante as batalhas normais, a utilização desta tática é inútil, já que o uso das habilidades no nível mais mais baixo de combo é sucifiente para eliminar os oponentes.

Outro fator agravante é a repetição: o seu grupo e o dos inimigos geralmente começam a batalha do mesmo local da arena - esta também tende a se repetir várias vezes em uma mesma masmorra. Basicamente, basta correr até o inimigo, atacar enquanto o tempo corre e executar uma habilidade especial para eliminá-lo. A repetição deste mesmo esquema durante todo o jogo torna as batalhas tão tediosas que você preferirá evitá-las após um certo ponto.

O nível de dificuldade excessivamente baixo é o que "mata" o jogo. As únicas batalhas realmente desafiantes e divertidas são contra os chefes, que ocorrem geralmente em cada meia ou uma hora de jogo. A facilidade de se conseguir dinheiro, vendendo fotografias dos oponentes com uma das habilidades do garotinho Beat acaba com a graça das compras. Afinal, do que adianta procurar por baús secretos que te dão 100 moedas se com a venda das fotos é possível adquirir mais de 10.000 delas de uma só vez?

Se a linearidade em RPGs é algo que te incomoda, é bom passar longe deste aqui. Missões paralelas e minigames foram completamente ignorados em "Eternal Sonata". Para compensar, existem partituras para serem encontradas ao longo da aventura, que podem ser tocadas (sem a intervenção do jogador) em companhia com personagens não jogáveis. Porém, é algo tão simples que não chega a ser considerado um minigame.

Até mesmo a aquisição dos poucos itens é linear, pois as lojinhas só os oferecem de acordo com seu progresso no jogo. Quase não há customização de personagens e de suas habilidades, o que foge à atual tendência dos jogos do gênero.

Música para os ouvidos

Felizmente, tal como a parte gráfica, o som de "Eternal Sonata" é delirante - e nem poderia ser4 diferente. Todas as músicas são muito bem compostas e acompanham o clima bucólico do jogo. Algumas músicas de Chopin também estão presentes, tocadas durante um capítulo e outro da história. São momentos tocantes, que lhe permite contemplar as belíssimas melodias enquanto lê histórias verídicas sobre a dura vida do compositor, acompanhada por fotografias. Os efeitos sonoros também receberam um ótimo tratamento. Nos menus, por exemplo, a navegação é acompanhada por delicados sons de xilofone.

CONSIDERAÇÕES

"Eternal Sonata" é aquele típico jogo que pode ser amado por uns e odiado por outro. O capricho dos desenvolvedores com seu estilo gráfico é evidente: o jogo transborda uma beleza e delicadeza únicas, além de momentos tocantes e um clima bucólico agradabilíssimo. No entanto, sua mecânica é simples demais e não foge aos padrões dos RPGs mais tradicionais, sem falar da repetição, linearidade e do baixíssimo nível de dificuldade.

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    GALERIA

    Eternal Sonata (Xbox 360)

    230 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Namco Bandai
    Lançamento: 17/09/2007
    Distribuidora: Namco Bandai
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    Outras plataformas: PS3
    RecomendadoAvaliação:
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