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Chefes da Nintendo não entendem atual cultura de games, diz ex-executivo

do Gamehall

22/01/2015 15h02

Em entrevista com o site Dromble, o antigo chefe da divisão de jogos independentes da Nintendo, Dan Adelman, discutiu sobre as políticas internas da empresa japonesa, criticando a cultura e as decisões de seu alto escalão.

"A Nintendo não é apenas uma empresa japonesa, é uma empresa de Quioto. Para quem não está familiarizado, empresas de Quioto estão para japonesas assim como japonesas estão para americanas", declarou Aldeman. "Eles são muito tradicionais, e muito focados em hierarquia e decisões feitas em grupo".

"Infelizmente, isto cria uma cultura em que todos são conselheiros e ninguém é encarregado de fazer as decisões - mas quase todo mundo tem poder de veto".

De acordo com Aldeman, isso faz com o processo de decisão dentro da empresa seja bem mais complicado do que em outras companhias, sendo necessário conseguir o apoio de um grande número de pessoas para seguir em frente - sendo ainda pior com produtoras de fora, que também deveriam tratar com a Nintendo of America e a Nintendo of Europe.

"O maior risco é que em qualquer passo do processo, se alguém disser não, a proposta está essencialmente morta. Então, em geral, ideias mais arriscadas não passam por ele a menos que surjam do topo".

Aldeman também indica que a liderança da empresa é lenta em se adaptar a circunstâncias. "A maior parte dos altos executivos da companhia se firmaram durante os dias do NES e Super NES, e não entendem a cultura moderna dos games, então adotar coisas como jogos online, sistema de contas, lista de amigos, assim como entender a ascensão dos jogos para PC tem sido algo lento", diz.

"Tomar riscos geralmente não traz recompensas. Lealdade a longo prazo é o que acaba trazendo benefícios, então o caminho mais fácil é simplesmente seguir o curso", comentou.

Boca grande

Aldeman deixou a Nintendo em agosto, após 9 anos na empresa. Durante seu tempo como gerente da divisão independente, trouxe títulos como "World of Goo", "Cave Story" e "Shovel Knight" para as diversas plataformas da companhia.

O executivo também ficou conhecido por fazer comentários críticos à políticas da Nintendo, incluindo as travas de região do portátil 3DS e o nome do Wii U.