10 anos depois, Xbox 360 se despede como 'campeão injustiçado' dos consoles
Lançado em novembro de 2005, o Xbox 360 é o console responsável por tirar a Microsoft do papel de coadjuvante na indústria dos games. Com mais de 84 milhões de unidades vendidas, o console teve sua produção encerrada agora em abril. O console deixa um legado respeitável, mas curiosamente, não é visto como o principal videogame da última década.
Pioneiro da sétima geração dos videogames, o X360 definiu padrões que mudaram a indústria e, ainda assim, é menos celebrado do que os concorrentes Wii e PlayStation 3. O motivo para isso pode estar nas vendas do console, que ficaram abaixo do Wii e até mesmo do PS3 no final da geração. Os números do console da Microsoft não são modestos, mas a comparação com os rivais acaba ofuscando as conquistas da plataforma.
- Wii: 101,63 milhões de unidades vendidas*
- PS3: 85,88 milhões de unidades vendidas*
- Xbox 360: 84,94 milhões de unidades vendidas*
*Números de vendas estimados pelo NPD
Foi o X360 quem apostou primeiro nos jogos em alta definição, numa época em que TVs que reproduzissem essa qualidade gráfica não eram nada baratas. Também foi o console que popularizou as partidas online e a distribuição digital - antes, essas coisas eram restritas ao mundo dos computadores. E, claro, o Xbox 360 trouxe o sistema de conquistas, onde o jogador é premiado por cumprir certas proezas - que depois foi amplamente adotada por outras plataformas, desde o PlayStation até o Steam e a Battle.net, rede dos games da Blizzard.
Virada no mercado brasileiro
No Brasil, o Xbox 360 ainda é o videogame mais popular, como aponta a pesquisa Games Brasil 2016. Por aqui, 40,9% dos jogadores possuem o console da Microsoft, seguido pelo veterano PlayStation 2. Os entrevistados dizem preferir o X360 ao PS4, console que é o atual sonho de consumo de muitos jogadores em todo o mundo.
Essa popularidade se deve em parte à pirataria, já que o X360 foi desbloqueado bem antes dos outros consoles e até hoje é muito fácil encontrar jogos piratas nas ruas brasileiras, mas também pelos esforços feitos pela Microsoft para entrar no mercado nacional - e, assim como o Xbox 360 definiu os padrões da indústria mundial, acabou fazendo o mesmo com o mercado brasileiro.
Os principais lançamentos do Xbox 360, em geral, traziam dublagem e legendas em português. A recepção positiva da dublagem foi tanta que logo se tornou algo corriqueiro. Estranho é quando um jogo não oferece essa opção. Mas, se hoje você joga "Cavaleiros do Zodíaco" no PS4 com as vozes da TV Manchete, é porque lá atrás, Master Chief adotou um sotaque carioca em "Halo 3".
Mais importante foi a chegada da Xbox Live ao país em 2010: Ao permitir a assinatura do serviço online do console e a compra de jogos digitais com preços em R$, o Xbox 360 tirou da ilegalidade milhares de jogadores que, mesmo comprando jogos originais, usavam dados falsos para conseguir acessar a rede nos EUA e aproveitar as partidas multiplayer. Novamente: você só tem uma PSN brasileira por causa do X360.
O mesmo vale para a fabricação nacional, que começou em 2011 e resultou numa queda dos preços oficiais do console e, por consequência, no aumento das vendas. O modelo mais barato do X360, com HD de 4 GB, caiu de R$ 1,300 para R$ 700. A resposta do público veio rápido, com o Xbox 360 abocanhando 85% do mercado dos consoles da sua geração no Brasil - juntos, PS3 e Wii dividiam os 15% restantes.
A estratégia foi tão acertada que, nos anos seguintes, a Sony correu atrás e passou a produzir o PS3 por aqui, equilibrando a balança e, eventualmente, superando o Xbox 360 em participação de mercado. A própria Microsoft repetiu a tática com o Xbox One. Produzido no Brasil desde o primeiro dia, o console chegou às lojas com um preço mais competitivo do que o PlayStation 4 e seu absurdo preço inicial de R$ 4 mil.
Quem não se adaptou foi a Nintendo, que, incapaz de competir com Microsoft e Sony pelo mercado nacional, saiu do Brasil no começo de 2014, deixando os fãs nas mãos de varejistas que cobram o quanto querem pelos lançamentos mais cobiçados - games como "Pokken" ou "Mario Maker" saem por R$ 350 nas lojas brasileiras.
Injustiçado
Talvez por ter chegado ao mercado um ano antes do PS3 (e portanto, ser "mais velho") e contar com franquias que, mesmo excelentes, não eram tão conhecidas dos jogadores verde-amarelos, o Xbox 360 nunca foi muito celebrado pelo público brasileiro. Os estigmas da pirataria e das infames luzes vermelhas da morte também não ajudaram.
Aqui no Brasil, o PlayStation 3, mais caro e livre da pirataria durante um bom tempo, ganhou a fama de ser um produto de luxo, sugerindo que os "verdadeiros apreciadores" dos games estavam com ele. O Wii era o console revolucionário e que oferecia os jogos da Nintendo. Para os fãs de "Mario" e "Zelda", isso bastava. O Xbox 360 ficou no meio do caminho.
Outro aspecto que atrapalhou o Xbox 360 foi o Kinect. O sensor de movimentos que dispensa o uso de controles chegou ao mercado junto com o lançamento nacional do X360, quando jogos "de movimento" estavam na moda. Mas, exceto por academias de ginástica e buffets infantis, nunca caiu no gosto dos jogadores.
Com o Kinect, o Xbox 360 passou a ser lembrado também por ter jogos bobos e mais infantis do que a concorrência. Como se o Wii não tivesse dezenas de jogos abaixo da qualidade das grandes produções da Nintendo ou o PS3 não tivesse todo o catálogo do PS Move para esquecer.
É sempre mais fácil (e divertido, para os 'fanboys' da internet) lembrar as falhas de uma plataforma do que os acertos. Mas, independente do "time" para o qual você torce, é preciso reconhecer as conquistas do Xbox 360, um dos principais consoles da última década.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.