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Perigoso? Saiba o que acontece com seu corpo ao jogar muitas horas seguidas

Apesar de tentadora, a ideia de "turbinar" uma maratona de games com café ou energéticos pode causar diversos efeitos indesejados - Rodrigo Lara/Gamehall
Apesar de tentadora, a ideia de "turbinar" uma maratona de games com café ou energéticos pode causar diversos efeitos indesejados Imagem: Rodrigo Lara/Gamehall

Rodrigo Lara

Do Gamehall

22/02/2017 16h36

No último domingo (19): o streamer Brian "Poshybrid" Vigneault, de 35 anos, acabou morrendo durante a transmissão de uma maratona de "World of Tanks". Ele já transmitia suas partidas por 22 horas e a ideia era arrecadar fundos para doar à Fundação Make-A-Wish, focada em crianças com doenças graves.

Afinal: jogar videogame por muitas horas seguidas pode fazer mal? Para falar sobre o tema, UOL Jogos entrou em contato com a médica Janaína Oliveira e, de cara, ela deu uma boa notícia. “Não existe um consenso sobre o tema, mas diversos estudos apontam que o ato de jogar, em si, é benéfico para a função cognitiva. Games tendem a gerar atividade cerebral e podem aprimorar determinadas capacidades, como a habilidade de fazer mais de uma atividade ao mesmo tempo, a concentração e também o raciocínio lógico”, afirma.

A situação muda quando o exagero entra em cena. Neste caso, os jogadores podem gerar um desgaste excessivo para o corpo. E isso, somado aos hábitos e estilo de vida da pessoa, pode ser a receita para que problemas mais sérios surjam.

O corpo pode sofrer

Indo direto ao ponto: seja você um jogador entusiasta ou profissional, passar diversas horas na frente da TV ou do computador jogando é algo que faz mal. E esta é uma regra que se aplica tanto a todo tipo de atividade, seja ela de lazer ou não. “No caso dos jogos, especificamente, a prática excessiva pode causar problemas ortopédicos, como lesões por esforço repetitivo, tendinites e acentuar quadros de sedentarismo, caso a pessoa não use algumas horas do dia para a prática de exercícios”.

Longas sessões de jogatina acabam causando efeitos prejudiciais ao organismo. Alguns dos sintomas envolvem olhos mais secos, devido ao menor número de piscadas. Quem é “absorvido” pelo game também tende a não parar para se hidratar ou se alimentar, gerando casos leves de desidratação e inanição e levando a alterações metabólicas. Da mesma forma que alguém que passa muito tempo na mesma posição, ficar sentado por horas também pode agravar quem é propenso a ter doenças como trombose.

Outro problema apontado pela profissional - e ressaltado por ela como algo “controverso” - diz respeito ao “vício” em games. Alguns estudos apontam que, por estimular áreas do cérebro ligadas às recompensas, os jogadores podem se tornar dependentes da sensação de sucesso obtida ao avançar em um game, por exemplo.

Além de todos esses problemas, jogar por 15 ou 20 horas seguidas faz o corpo cobrar a conta. “O cansaço decorrente de um número elevado de horas fazendo a mesma coisa, sem parar para descansar ou, às vezes, sem dormir pode levar à falta de concentração e a um estado que lembra o da embriaguez”. Resumindo: às vezes, a receita para passar de um chefão difícil ou superar algum desafio mais casca grossa envolve algumas boas horas de descanso.

Mario dormindo - Reprodução - Reprodução
Descansar é fundamental: além de diminuir o desgaste corporal, uma boa noite de sono melhora a concentração e o desempenho na hora de jogar
Imagem: Reprodução

De olho na saúde

Casos como o do streamer Brian "Poshybrid" Vigneault não devem ser creditados, exclusivamente, ao hábito de jogar videogame. Ainda que a prática excessiva acarrete problemas, consequências mais sérias tendem a envolver diversos fatores adicionais.

Além do já citado sedentarismo e da alimentação desbalanceada, o consumo de substâncias estimulantes como energéticos e café pode mais atrapalhar do que ajudar.

“O consumo exagerado de cafeína pode, além de causar dependência química, gerar palpitações e, posteriormente, queda de concentração, insônia, tremores e quadros de ansiedade. O mesmo vale para energéticos, que além de tudo têm muito açúcar e substâncias que podem sobrecarregar os rins”.  Ou seja: se exagerar na sessão de jogo já não é recomendado, usar essas substâncias para se manter acordado é pior ainda.

O histórico de saúde dos jogadores também deve ser levado em conta na hora de escolher o que e como jogar. Games mais “intensos”, como os de terror, podem colocar quem tem problemas cardíacos ou quadro de pressão alta em risco, uma vez que a adrenalina resultante de encarar desafios ou situações adversas no mundo virtual pode ser comparada a situações estressantes no mundo real. “Games do tipo geram descarga de adrenalina no organismo. Hoje, os jogos emulam uma situação de realidade, com passagens que podem fazer o ‘coração disparar’. O stress causado pelos jogos, em alguns casos, pode ser comparado ao de situações mais extremas do cotidiano, como sofrer um assalto ou um acidente”.

Diante da conclusão de que os games, por si só, não causam problemas, mas o exagero na atividade, sim, qual seria a melhor forma de evitar qualquer risco? A receita é simples: “O ideal é parar por uns 15 minutos a cada hora jogada, seja para simplesmente mexer o corpo, caminhar pela casa ou ver como está o dia. Praticar exercícios e manter o corpo hidratado e bem alimentado também ajuda a evitar problemas”. Além de ser uma questão de saúde, seguir essas recomendações também é garantia de que o jogador aproveitará melhor a sua diversão.