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Testamos: o Xbox One X tem ótimos gráficos, mas falta algo a mais

Xbox One X ainda não tem previsão de lançamento para o Brasil - Divulgação/Microsoft
Xbox One X ainda não tem previsão de lançamento para o Brasil Imagem: Divulgação/Microsoft

Victor Ferreira

Do Gamehall, em São Francisco*

20/09/2017 04h02

Após passar algumas horas testando jogos no Xbox One X, duas conclusões vieram à minha cabeça. A primeira foi: “estes visuais são realmente impressionantes”.

A segunda foi: “eu não sei se isto é o suficiente para atrair o público”.

Com lançamento previsto para 7 de novembro (ao menos nos EUA, o Brasil continua uma incógnita), a nova versão do Xbox One promete ser “o console mais poderoso do mundo”, e não há motivos para duvidar da Microsoft, seja ao ver suas especificações ou simplesmente ao ver os games em ação.

Confira nossas impressões dos jogos testados no Xbox One X:

“Assassin’s Creed Origins”, por exemplo, traz tons e cores mais vibrantes para o Egito Antigo. “Forza Motorsport 7”, em especial, consegue retratar de forma impressionante os mínimos detalhes nos carros, pistas e condições climáticas das corridas em resolução 4K.

Assassin's Creed Origins - Divulgação - Divulgação
Os visuais do novo "Assassin's Creed" ficam ainda mais impressionantes no novo console da Microsoft
Imagem: Divulgação

Mas, além destes avanços gráficos e um ótimo redesign estético, o Xbox One X é essencialmente uma versão “premium” do Xbox One original -- o que não é necessariamente um problema, mas a meu ver há questões mais importantes envolvendo esta família de videogames.

Não é novidade dizer que o Xbox One está em um distante segundo lugar nesta geração. A Microsoft deixou de divulgar números, mas as estimativas são de que o PS4 tenha o dobro de unidades vendidas até hoje. É natural que a empresa reaja de alguma forma para diminuir esta diferença, mas não sei se a ênfase na potência gráfica é o melhor caminho para isso.

Além do fato de que os consoles mais poderosos de cada geração raramente acabarem como os mais vendidos (o PlayStation 2 e Wii eram os menos potentes, por exemplo), o Xbox One X - assim como o PS4 Pro - é um produto que, para atingir seu potencial verdadeiro, requer um televisor ou monitor de resolução 4K, um item ainda relativamente raro nos lares de todo o mundo.

(Até onde sei apenas uma ou duas pessoas da redação de UOL Jogos tem uma delas em casa)

Um problema maior também era visível no galpão de testes para o console: a maior parte dos jogos presentes eram multiplataforma, com o único grande exemplo verdadeiramente exclusivo da Microsoft sendo “Forza 7”, que chega às lojas um mês antes do Xbox One X.

De fato, com o adiamento de “Crackdown 3”, o grande jogo de lançamento para o novo Xbox é “Super Lucky’s Tale”, cujo visual cartunesco talvez não seja a melhor forma de mostrar o potencial gráfico do console.

A exclusividade (temporária ou não) de “PlayerUnknown Battlegrounds” nos consoles, por sua vez, é uma grande conquista, mas os gráficos - o maior diferencial do Xbox One X -  são talvez a parte menos importante do jogo.

Os próximos exclusivos da Microsoft -- “Crackdown 3”, “Sea of Thieves”, “State of Decay 2” -- só chegam ao mercado em 2018, bem depois das festas de fim de ano, quando o grande público costuma comprar produtos como consoles e eletrônicos em geral.

Crackdown 3 - Divulgação - Divulgação
"Crackdown 3" prometia ser o grande jogo de lançamento do Xbox One X, mas foi adiado para o início de 2018
Imagem: Divulgação

Isso deixa o catálogo do novo console com vários títulos multiplataforma, e embora sejam provavelmente as melhores versões destes jogos tirando as de PC de última geração, vem com a necessidade de comprar um videogame de US$ 500 e talvez até uma nova televisão se quiser vê-los em sua resolução máxima - e sim, a Microsoft prometeu que os jogos vão ficar mais bonitos em 1080p, mas este claramente não é o público alvo do produto.

Não duvido que o Xbox One X encontre algum sucesso - eu trocaria meu Xbox One por ele muito antes do PS4 por um PS4 Pro, já que os avanços técnicos são bem mais claros no primeiro caso -, mas se a Microsoft realmente quer diminuir este abismo de vendas, como já dissemos antes, é necessário mais jogos, mais ideias originais para atrair o público.

Sabemos que a empresa é capaz de fazer isso porque vimos algo assim com o Xbox 360, que com seu sistema de conquistas e ecossistema online revolucionou o jeito de jogar nos consoles. O Xbox One X, por outro lado, é o videogame mais poderoso do mundo.

Mas quando inevitavelmente um console mais poderoso surgir, o que mais ele terá a oferecer?

*O jornalista viajou a convite da Microsoft