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eSport no Brasil alcançará nível europeu "em poucos anos", afirma Riot

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

19/07/2013 16h48

O fenômeno dos esportes eletrônicos "League of Legends" avançou a um ritmo frenético pelos mercados desenvolvidos, conquistando milhões de jogadores na Ásia, Europa e América do Norte. Agora, com seu jogo já disponível oficialmente no Brasil, a Riot Games pretende fortalecer a comunidade de gamers profissionais no país e na América Latina.

UOL Jogos conversou com Dustin Beck, vice-presidente da divisão responsável pela administração de torneios e eventos de eSports da Riot Games, que explicou quais são os planos da produtora para o Brasil - um 'mercado emergente', em suas palavras.

Leia abaixo:

VÍDEO APRESENTA PERSONAGENS DE "LEAGUE OF LEGENDS"

UOL Jogos: "League of Legends" é um jogo que há anos vem crescendo em popularidade e, com ele, os campeonatos vão se espalhando pelo globo. Como a Riot Games consegue manter esse crescimento ao mesmo tempo em que novos campeonatos surgem?

Dustin Beck: Infelizmente a Riot não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo (ainda), então trabalhamos com ligas parceiras e organizadores de torneios em diferentes regiões. Esses eventos servem como etapas classificatórias, então há um caminho bem definido para jogadores e times profissionais rumo ao Campeonato Mundial em Los Angeles.

E também, como início da Season 3 no começo do ano, nós estabelecemos oficialmente a 'League Championship Series' (LCS) na América do Norte e na Europa. Com isso, criamos uma tabela de regras padronizada para todos os nossos parceiros que realizam torneios pelo mundo. Então mesmo em regiões emergentes, os profissionais têm que trabalhar com os mesmos padrões e regras com quais os profissionais em mercados maiores trabalham.

UOL: Expandir-se para novos mercados é o segredo para melhorar a visibilidade e o interesse em campeonatos? Como esses novos mercados são preparados receber os torneios?
Beck:
O interesse global em eSports está mais alto do que nunca, e isso é muito legal porque em todo novo mercado que entramos já existe um público interessado em eSports. Tome o Brasil como exemplo: estamos no mercado há pouco mais de um ano, mas a cena eSports tinha se desenvolvido a um ponto que já existia uma comunidade incrível de fãs sedentos por competições de "LoL". A resposta do público tem sido consistentemente épica, e estamos reservando para o melhor time brasileiro uma posição no torneio 'International Wildcard' que será realizado no fim de agosto na Gamescom.

Sobre como nós estamos preparando os mercados, nós trabalhamos com os melhores organizadores em qualquer novo território, incrementando a nossa já estabelecida infraestrutura para fazer a cena crescer de maneira orgânica. A ideia é tornar-se um parceiro em novos territórios, e não um conquistador.

  • Combate estratégico é o grande foco do sucesso "League of Legends".

UOL: No último ano "League of Legends" chegou oficialmente no Brasil e desde então a Riot vem preparando campeonatos menores. Nesse ano foi vez da América Latina. Tendo isso em mente, é possível que tenhamos um campeonato de grande porte na região como acontece nos EUA e Europa?
Beck:
É com esse objetivo em mente que estamos trabalhando, sim. Nós queremos todas as regiões sendo capazes de organizar torneios que são tão grandes quanto os de mercados mais estabelecidos, como a América do Norte e a Ásia. A Riot vê eSports como um serviço prestado aos nossos fãs, e nós estamos comprometidos a apoiar a cena em todos os territórios – não importando quão pequeno ele seja – enquanto houver jogadores interessados em "LoL". Se os fãs de eSports querem que a cena cresça e torne-se enorme, nós os apoiaremos.

UOL: Qual é o maior desafio para profissionalizar os jogadores de League of Legends fora do circuito EUA-Europa-Coreia? Atrair patrocinadores, encontrar jogadores que se dediquem ou um outro fator?
Beck:
Todos esses aspectos certamente são desafios, mas a situação ficará melhor na medida em que a cena se desenvolver nos mercados emergentes. Nós vimos exatamente a mesma coisa acontecer na América do Norte, onde a cena não era tão forte quanto na Coreia ou na Europa, mas olhe para ela agora – recordes de público, organizações enraizadas, e o Campeonato Mundial no Staples Center em Los Angeles.

Em todos os mercados que adentramos, o ecossistema de eSports floresce incrivelmente rápido, então eu acho que nos próximos anos, o Brasil e a América Latina estarão onde a Europa está agora.

UOL: Hoje em dia os campeonatos de League of Legends são transmitidos por canais de streaming, porém o jogo possui uma ferramenta própria que permite assistir partidas de amigos com pouco atraso – 3 minutos para ser mais exato. Existe a chance de no futuro os jogadores poderem assistir aos campeonatos direto do jogo, ou seja, de dentro do próprio client?
Beck:
Ainda não posso confirmar nada, mas isso é definitivamente algo que estamos visando.

UOL: Qual é a intenção da Riot Games de profissionalizar os jogadores profissionais brasileiros? Nós sabemos que os jogadores americanos recebem salário da Riot. Isso pode acontecer no Brasil?
Beck:
É possível. Nós pagamos um salário básico para profissionais que ainda não tivessem acordos com patrocinadores assinados, mas apenas para que eles tivessem os meios de se sustentar enquanto trinavam para os eventos da LCS. Eventualmente, e provavelmente em pouco tempo, nós esperamos que os profissionais não precisarão mais de nossa ajuda.

UOL: Mark Rein da Blizzard, disse que é interessante ter outros jogos, como LoL, no âmbito competitivo e que um game não influencia o outro. Seria como comparar a NFL com a NBA. Entretanto, existem campeonatos que acontecem nos mesmos dias e horários, o que acaba dividindo a audiência. Como a Riot encara esse mercado que cada vez mais divide a atenção do público?
Beck:
O eSport ainda é muito jovem, então existem questões práticas que precisam ser resolvidas entre os diferentes torneios e ligas atualmente em operação. Sabe, a Riot está comprometida a ajudar o crescimento do ecossistema de eSports como um todo, e não apenas nossos interesses, então nós com certeza colaboraremos com outros organizadores para encontrar as melhores soluções para problemas assim.