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Jogamos: Mais bonito, "Dark Souls II" preserva espírito impiedoso

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

14/08/2013 00h01

Jogar "Dark Souls II" é como estar na pele de Anastasia Steele, a protagonista de "50 Tons de Cinza". Você precisa gostar de apanhar e saber encontrar satisfação mesmo na humilhação da derrota. Aqui, o sucesso só vem com paciência, disciplina e é sempre acompanhado de muita dor.

UOL Jogos provou um pouco dessa experiência quase sadomasoquista na última segunda-feira (12), em um evento para a imprensa promovido pela Namco Bandai, em São Paulo. Ao longo de uma demonstração jogável de "Dark Souls II", morremos várias vezes até alcançar o chefão do estágio. E, a favor do game, é preciso admitir: o único culpado por essas mortes é você.

Metal pesado

A demo de "Dark Souls II" era a mesma que foi exibida em junho na E3, em Los Angeles. Quatro classes de personagem estavam disponíveis: um cavaleiro armado com espada e escudo, um feiticeiro, um guerreiro com duas espadas e o Temple Knight, que usa uma alabarda, espécie de machado com um cabo longo como uma lança.

Escolhi o cavaleiro, que lembrava muito o personagem visto nos trailers de divulgação: armadura reluzente, muito aço escovado e uma capa de peles para me proteger dos ataques inimigos. Logo de cara se vê que os personagens estão muito mais detalhados do que no "Dark Souls" original. Roupas, armas, escudo - tudo mostra o esmero da produção.

O cenário é um castelo medieval, com áreas fechadas, catacumbas e áreas externas. Mesmo sendo um trecho relativamente pequeno, é possível ver atalhos e trechos opcionais, sinal de que o jogo preserva uma das características essenciais da série, os estágios não-lineares.

O caminho é pontuado por inimigos menores, os dredlings: guerreiros mortos vivos que parecem cadáveres caídos no chão, até que você se aproxima, quando eles se levantam lentamente, determinados para dar um fim a sua vida. Eles podem estar equipados com espada e escudo ou arco e flecha.

Bem no começo, o novo sistema de iluminação é demonstrado ao pegar uma tocha na parede. Você desce por uma catacumba escura e precisa da tocha para enxergar qualquer coisa. Avançar no escuro é pedir para morrer rapidamente. Uma tática recorrente envolve voltar para uma área iluminada e esperar que os inimigos subam atrás de você.

Para continuar vivo em "Dark Souls II", é melhor não ter vergonha de recuar.

Outro inimigo frequente é um enorme cavaleiro com uma armadura que lembra um casco de tartaruga metálico.

Esse grandalhão ataca com uma enorme maça, capaz de arrancar toda a energia de seu personagem com poucos golpes demolidores.

Pior ainda, ao acertá-lo por trás, aplicando o famigerado 'backstab', o guerreiro cai sobre o pobre aventureiro, esmagando-o no chão com seu corpanzil.

Tática popular no "Dark Souls" original, o 'backstab' passou por algumas mudanças nessa sequência e mesmo jogadores veteranos terão que se acostumar ao novo movimento: no caso do guerreiro, ao aplicar o golpe com sua espada pequena você passará por três movimentos. Uma pancada seguida por dois cortes nas costas.

Segundo a Namco Bandai, cada arma terá um efeito visual específico para o golpe por trás. Mais importante, é preciso executar o movimento em uma distância específica, correndo o risco de errar o golpe e ficar exposto ao contra-ataque mortal do oponente.

Com isso, a produtora espera reduzir a dependência dos jogadores nesse movimento traiçoeiro. Para vencer em "Dark Souls II" é preciso ainda mais dedicação e pensamento estratégico do que no game anterior.

Menos pausas

Um detalhe técnico sutil de "Dark Souls II" é o acesso rápido ao inventário. Você determina quatro itens, um para cada botão direcional, assim como no jogo original. Mas ao lado deles, há espaços menores, que permitem trocar esses itens com toques ligeiros nos botões. Assim, você não pausa o jogo para substituir o equipamento, tornando a jogatina mais fluída.

Para se curar, o jogador pode usar vários itens diferentes, de maneira similar ao que era feito em "Demon's Souls" (PS3). Há também as chamadas 'lifegems', pedras que funcionam como a 'humanidade' do primeiro "Dark Souls".

ASSISTA AO TRAILER DE "DARK SOULS II" DO VGA 2012

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Fantasmas e chefões

Ao explorar o castelo da demonstração, encontramos outro retorno de "Demon's Souls": Black Phantoms que possuem o corpo de outros inimigos. Três deles surgem do ar em um ponto avançado da demo e é preciso lidar com os brutamontes em condições duras... ou tentar fugir, avançando em direção à próxima e derradeira área da demo.

Lá, em um corredor estreito, um feiticeiro dispara bolas de pura energia contra nosso guerreiro. Mais uma dura batalha... ou continuar correndo e atravessar o portal para a batalha contra o chefão. Após jogar algumas vezes "Dark Souls II" fica claro que cada pequena luta se torna uma batalha de vida ou morte, muitas vezes mais difícil do que chefes de fase em outros jogos. Você vai tombar várias vezes até derrotar tudo o que o jogo atira contra seu personagem.

Ao finalmente chegar no chefão, se nota o quanto "Dark Souls II" é o game mais bonito e bem trabalhado visualmente da From Software. O monstro da vez é chamado Mirror Knight. Um enorme guerreiro todo espelhado, como se fosse uma estátua feita de vidro, só que nem um pouco quebradiço.

VEJA TRECHOS DA DEMO DE "DARK SOULS II"

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O cenário da luta final é meio descoberto, como se estivesse em ruínas. Uma tempestade rola aqui fora, com chuva forte caindo na tela e belos efeitos de relâmpagos iluminando a peleja. O Mirror Knight usa os elementos contra o jogador: a criatura canaliza os raios e dispara rajadas elétricas na sua direção.

Seu ataque mais impressionante, porém, vem do escudo: o Mirror Knight finca o escudo no chão, uma peça muito bem ornamentada. Nessa hora, o chefão fica vulnerável para seus ataques, mas de dentro do escudo-espelho, surge a imagem de um guerreiro menor, que sai do escudo e entra na briga.

Se você não der cabo do novo inimigo, o Mirror Knight pode invocar mais um - e talvez ainda mais, não ficou claro se há um limite para esses aliados do vilão. Cada um deles chega equipado com armas diferentes, obrigando o jogador a se adaptar aos novos desafios ou, mais frequentemente, morrer tentando.

  • Divulgação

    Chuva, raios e personagens super detalhados: isso é uma amostra de "Dark Souls II"

Tons de complexidade

O Mirror Knight exemplica bem a experiência que aguarda os jogadores em "Dark Souls II": é um chefão mais bonito, detalhado e complexo do que os inimigos do "Dark Souls" originais.

A luta contra ele é épica e difícil, mas nunca injusta: requer disciplina, dedicação e pensamento rápido para se adaptar à situação. É dura e frustrante, mas bem por isso, a satisfação da vitória, quando alcançada, é inigualável.

A batalha contra essa criatura é uma de muitas que calejarão os dedos dos fãs inveterados a partir de março de 2014, quando o jogo chega ao PC, PlayStation 3 e Xbox 360.