Tentando sair da crise, Japão já faz mais jogos mobile do que para consoles
Há quem diga que o futuro dos games está nos celulares. Enquanto o Ocidente discute essa possibilidade, o Japão já vive isso há anos como uma realidade.
Para superar o desinteresse do público japonês em consoles tradicionais, produtoras passaram a investir cada vez mais em suas divisões mobile. E estão se dando bem.
Grandes produções aos moldes antigos como "Metal Gear Solid V" e "Final Fantasy XV" ainda existem, mas já são minoria. Um exemplo da tendência: em 2014, a Square Enix lançou 50% mais jogos de celulares do que para quaisquer outras plataformas.
Entre 2011 e 2013, o rendimento anual da indústria de games mobile japonesa subiu 1.300%, chegando a US$ 5,1 bilhões, segundo a CESA (Computer Entertainment Supplier's Association). No mesmo ano, jogos para consoles e portáteis geraram apenas US$ 4 bilhões no país.
Na mesma medida em que as vendas de consoles como o PlayStation 4 e o Wii U no Japão decepcionam em relação às de seus predecessores, mais e mais empresas tradicionais da indústria voltam suas atenções ao mercado mobile para escapar da crise financeira. É o caso da Sega, que em pouco mais de uma década deixou de fabricar consoles para hoje se focar nos celulares e tablets.
Sucesso absurdo, "Puzzle & Dragons" é inspiração para estúdios japoneses
Motivos sociais
Acostumados a jogar no trem, no intervalo do trabalho ou na escola, gamers japoneses trocaram seus consoles por portáteis, e seus portáteis por celulares ao longo dos últimos anos.
Em 2004, japoneses já tinham "Final Fantasy" e "Dragon Quest" em seus celulares, enquanto a maior parte do mundo ainda esperava por jogos mais complexos que Snake para jogar em seus aparelhos.
Donos de casas e apartamentos pequenos em relação à média mundial, japoneses têm mais conforto ao jogar no celular, que não ocupam espaço. Como a maior parte dos lançamentos é grátis com compras opcionais, para a maior parte dos usuários o hobby também fica mais barato no smartphone.
Fortalecida pelo aspecto social que é foco da maior parte dos títulos do formato, a cultura de jogar no celular cresceu muito rapidamente, e não sofre com estigmas como no Ocidente.
Deste lado do mundo, smartphones são para 'joguinhos' como "Candy Crush" e pequenos spin-offs. Lá, a Capcom lançará "Breath of Fire 6" exclusivamente no formato, enquanto a Square Enix reúne veteranos de seus tempos áureos para trabalhar em "Mevius Final Fantasy".
Sucesso nos consoles nos anos 1990, "Breath of Fire" agora é exclusivamente mobile
A crise dos consoles
Com poucas exceções, as produtoras japonesas sofreram muito com a transição dos consoles para a geração HD.
Ao invés de aproveitarem middleware como a Unreal Engine como fizeram estúdios ocidentais, muitos dos orientais preferiram investir em criar ferramentas próprias para facilitar a produção de seus games de alta definição. E muitos desses projetos deram errado, causando atrasos enormes como o de "Final Fantasy XIII" e lançamentos de qualidade duvidosa.
A decadência do modelo fez com que jogos como "Persona 5" passassem a serem casos excepcionais. Já é comum que produtoras trabalhem em projetos maiores como "Metal Gear V", mas mantenham seus fãs engajados com vários lançamentos mobile de menor escala.
Com orçamentos baixos e rendimentos ocasionalmente estratosféricos, jogos mobile são apostas mais certas para produtoras que passaram por tempos difíceis nos últimos anos. Pense em sua série favorita de jogos japoneses. Pois bem: é bem possível que seu próximo capítulo saia também para, ou talvez exclusivamente para smartphones.
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