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"Super Mario Party" é ótimo com a galera, mas, sozinho, nem online salva

Rodrigo Trindade

Do UOL, em São Paulo

10/12/2018 04h00

Pense em um jogo que reúne a galera no sofá e promove uma competição acirrada entre amigos. Se você imaginou um game que seja fácil de aprender a jogar, então "Super Mario Party" é exatamente o que você procura.

Lançado no dia 5 de outubro para Switch (por R$ 250,79), "Super Mario Party" é o primeiro game da franquia no console híbrido da Nintendo e explora com sucesso características únicas à plataforma. Mas mais do que isso, o jogo recupera a tradição da série, que começou no Nintendo 64, e traz minigames criativos, divertidos e simples de entender.

Esse último detalhe é importante, porque o jogo não se propõe a trazer uma jogabilidade elaborada, que premia aqueles que se dedicam horas de treinamento. O objetivo é uma experiência leve e descontraída, que pessoas com pouca familiaridade com videogames possam aproveitar.

Nesse sentido, "Super Mario Party" acerta em cheio. Um jogador casual, ou até quem não se considera um jogador, consegue vencer vários minigames e, porque não, uma partida completa. Os joguinhos são de fácil aprendizado, como sobreviver a uma corrida com obstáculos, fritar um cubo de carne, acertar o foco de uma lente ou subir em uma espécie de pau de sebo.

Qualquer um pode vencer essas partidas, que servem como o ponto final de uma rodada do jogo de tabuleiro. A vitória é conquistada por quem somar mais estrelas depois de 10, 15 ou 20 turnos, as três durações para o principal modo do jogo. O jeito de fazer isso varia, porque as estrelas podem ser compradas, roubadas ou ganhas na cerimônia final, que premia o jogador com mais moedas ou mais vitórias em minigames - entre outras variáveis mais obscuras.

Super Mario Party 1 - Divulgação - Divulgação
Um dos minigames tem como objetivo único fritar todos os lados de um cubo de carne
Imagem: Divulgação

Twists na fórmula e online limitado

O tabuleiro é o modo tradicional do jogo, mas "Super Mario Party" tenta se diferenciar dos seus antecessores ao introduzir outras modalidades. Uma delas é chamada River Survival e coloca os jogadores para trabalharem em grupo em cima de um bote, que tem um tempo limite para cruzar a linha de chegada. Outro é o Partner Party, que promove disputas em dupla nos tabuleiros, mas com regras diferentes das comuns.

Ainda há o Sound Stage, onde você disputa minigames de ritmo, e a opção para jogar minigames de forma isolada, sem a necessidade de andar pelo tabuleiro.

O game ainda traz um modo online, que tenta mudar uma tendência da franquia. Para jogadores mais solitários, "Mario Party" nunca teve uma proposta atrativa, já que gastar horas nos tabuleiros contra o computador não tem a mesma graça do que se reunir com os amigos. "Super Mario Party" buscou mudar isso com a Online Mariothon.

Ela até é divertida na primeira vez que você joga, mas cansa rápido, porque disponibiliza um número bem restrito de minigames para competir com outros jogadores.

Super Mario Party 2 - Divulgação - Divulgação
River Survival é um modo que refresca a fórmula clássica de "Mario Party"
Imagem: Divulgação

Peculiaridades do Switch

"Super Mario Party" é um jogo que explora as características exclusivas do Nintendo Switch, uma delas de uma maneira inédita. O jogo é o único - até o momento do lançamento - que permite a integração das telas de duas unidades do console, propiciando experiências assíncronas e joguinhos inusitados, como um duelo de tanques em um mapa de um formato determinado pela forma como você arranjar os dois tablets.

Todos esses minigames experimentais estão em uma área chamada Toad's Rec Room, que fica dentro de um cano escondido no mapa. Parece que os desenvolvedores perceberam que esse pedaço do jogo não seria muito jogado, então colocaram lá no lado, para quem tiver curiosidade.

São apenas quatro joguinhos que permitem essa mistura de telas e é até difícil de explicar como eles funcionam. A realidade é que eles são pouco divertidos e é um trabalhão arranjar um colega com outro console para tirar proveito das características exclusivas.

Além das telas, "Super Mario Party" explora os sensores de movimento presentes nos Joy-Con. A reação imediata a isso é de preocupação, mas o uso dos controles de movimento não é forçado. Quando eles são usados, encaixam bem e agradam, um reflexo dos anos de experimentação da Nintendo com o Wii e o Wii U.

Super Mario Party 3 - Divulgação - Divulgação
"Super Mario Party" mistura tabuleiros clássicos com novidades como dados especiais
Imagem: Divulgação

Apresentação de qualidade

Outro ponto positivo de "Super Mario Party" é a apresentação visual. Com muitas cores e gráficos do mesmo nível de "Mario Tennis Aces", a coletânea de minigames agrada o olhar. O jogo oferece boa variedade de mapas e personagens, o que significa que há pouca repetição no que se vê.

Mario trouxe bastantes convidados para essa festa e cada um deles tem características específicas dentro do tabuleiro. Cada personagem tem um dado especial para jogar a toda rodada, se quiser. Em vez de um número de um a seis, as habilidades especiais podem ser ideais para quem gosta de jogar seguro ou arriscar.

Quem usar o dado do Shy Guy, por exemplo, tem quase certeza que vai andar quatro casas, porque das seis opções, cinco dão esse resultado - a outra mantém o jogador parado no mesmo lugar. Donkey Kong fica no outro extremo, porque ao usar a habilidade especial dele, nada acontece na metade dos casos. Mas quando acontecer, ou o jogador receberá cinco moedas (sem sair do lugar) ou avançará 10 casas (33% de chance).

É uma variável estratégica, que acaba aumentada com outros itens e personagens encontrados nos tabuleiros.

Esse é um exemplo de como "Super Mario Party" tenta recuperar o espírito do passado da franquia, mas ao mesmo tempo trazer novidades para a fórmula. O game é ótimo nesse sentido e ainda traz variedade nos minigames e modos de jogo. Mas se você não tiver como reunir os amigos, a história é completamente outra. As disputas perdem a graça, e nem o modo online consegue compensar.

Nota: 7