Apollo Justice: Ace Attorney

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Desde sua origem, na década de 80, a Capcom é uma empresa que constantemente surpreende o público com jogos originais e cativantes. Com o passar dos anos, ela também aprendeu que estes mesmos jogos podem render franquias longas e lucrativas e, não são raras as ocasiões em que a criadora de "Mega Man", "Street Fighter" e "Resident Evil", exagera na dose e explora demais as mesmas idéias, sem adicionar nada de novo.

"Apollo Justice: Ace Attorney" é um destes casos, uma vez que se trata de um jogo posterior à trilogia "Phoenix Wright", lançada originalmente para o Gameboy Advance e que, devido ao sucesso em terras nipônicas, foi relançado para DS e chegou ao ocidente - a Capcom ainda utilizou a idéia para criar um jogo baseado no desenho "Harvey Birdman: Attorney at Law", com os personagens do Cartoon Network. O veredicto? Culpado por repetir exatamente as mesmas coisas, mas, no fim das contas, o delito é parece bem leve.

Advogado substituto

Apesar de contar com o novo personagem do título, a série, para todos os efeitos, ainda é a mesma. Na pele do novato advogado Apollo Justice, você freqüenta os mesmos ambientes e encontra boa parte das pessoas de antes. Para fixar ainda mais a idéia de continuidade, o próprio Phoenix Wright aparece e de maneira bem inusitada: ele é o réu do seu primeiro caso, o assassinato de um jogador de pôquer.

Para aqueles familiarizados com a série, é bom poupar o esforço e dizer logo que, de novo mesmo só alguns personagens e os casos, já que todos os elementos fundamentais da franquia estão lá, imaculados. O estilo anime, com expressões exageradas, personagens caricatos e o humor espirituoso continuam mantendo o clima das tramas e dos julgamentos, assim como a interface de investigação e interrogatório, que funcionam como o habitual.

Já os novatos podem estranhar as referências iniciais aos jogos anteriores e o próprio estilo do jogo, um adventure lento e baseado intensamente na leitura de textos - é bom estar com tempo disponível e o inglês afiado para encará-lo.

Desafios na corte

Apollo Justice faz tudo o que um advogado normal faria - ele questiona testemunhas e inspeciona provas para explorar melhor inconsistências - ainda que de forma histérica e espalhafatosa ao longo de quatro casos.

Para que isto dê certo, você terá que ler cuidadosamente todos os diálogos e depoimentos para pressionar as testemunhas a revelar novos fatos. Diante de algum relato suspeito, é necessário então ir até o inventário de provas e apresentar algum material que possa contradizer a testemunha. Mas como vidas estão em jogo, você não pode errar muitas vezes sob o risco de se dar mal no julgamento.

Mas não basta ter somente tempo livre e saber inglês para se dar bem no jogo. Ele requer muita paciência para ler os mesmos relatos muitas vezes e fuçar as provas para encontrar alguma pista. Ainda que elas façam sentido, nem sempre estas pistas estarão claras à sua frente, o que funciona como uma faca de dois gumes. Se por um lado torna o jogo mais intrigante e desafiador, criando bem o clima de uma investigação, depois de algumas tentativas frustradas você corre o risco de se sentir travado naquela etapa do processo e abandoná-lo. Definitivamente, persistência e olho clínico são fundamentais para o sucesso na corte.