"Blue Dragon" despontou como uma grande promessa para o Xbox 360. Primeiro fruto do estúdio Mistwalker, criado por Hironobu Sakaguchi, criador da série "Final Fantasy", e, portanto, cercado de expectativas.
Não apenas por ele, mas também por conta das participações do compositor musical Nobuo Uematsu e o desenhista Akira Toriyama - reeditando assim boa parte da mesma equipe que fez o clássico RPG "Chrono Trigger", faltou só a participaçãdo do diretor Yuji Horii.
Apesar do trabalho competente, o sucesso não foi o alvoroço que se esperava. Sakaguchi havia prometido algo que ultrapassasse "Final Fantasy", que estabelecesse novos padrões para títulos de RPG.
Tal decepção pode ter desencadeado o fim da exclusividade da série em videogames da Microsoft, já que "Blue Dragon Plus" saiu apenas para Nintendo DS. Menos ambicioso, o título chega apresentando um sistema consagrado, mas eficaz e polido.
Dragões estratégicosA mecânica de jogo de "Blue Dragon Plus" é idêntica à de "Final Fantasy XII: Revenant Wings" e "Heroes of Mana", ou seja, uma mistura entre RPG e estratégia em tempo real. Seguindo o exemplo dos pioneiros "Final Fantasy Tactics" e a série "Fire Emblem", que popularizaram os jogos de RPG e estratégia, não há exploração em cidades, apenas batalhas.
Os comandos acontecem todos na tela de toque e ação acontece quase sem parar. Quando se escolhe um ataque especial, item ou algo de especial é ativado no cenário o tempo para e a cena foca nesse dado acontecimento.
Fora isso, o jogo prossegue sem pausas, obrigando você a decidir movimentos e ataques de toda sua equipe no calor do momento. No começo é confuso e até frenético, mas a generosa dificuldade da aventura permite a você se habituar ao sistema antes que fique muito complicado. A evolução no comando é natural.
O que dificulta a situação um bocado é o visual do jogo. As arenas são 3D e os personagens bidimensionais aparecem como sprites pixelados, estilo 16-bits. Porém, eles são muito pequeninos na tela, ou seja, às vezes selecioná-los em tempo real, com tudo acontecendo, torna-se um problema.
Uma vez que se acostume a essa chata peculiaridade, o ritmo de jogo flui bem. A história é continuação direta do primeiro jogo e mantém o tôm comico e aventureiro durante suas cerca de 20 horas de duração. A dificuldade dificilmente atrapalhará e há um bom número de missões extras para cumprir que dão ainda mais fôlego ao título.
Por fim, a própria mecânica do sistema de batalha empolga graças às diversas possibilidades. São mais de dez personagens jogáveis, cada um com características e habilidades próprias que possibilitam uma série de estratégias distintas. Além disso, há também robôs os quais se pode personalizar as habilidades, permitindo assim criar estratagemas elaborados que se adequem ao seu estilo de jogo.
No visual "Blue Dragon Plus" faz bom proveito do DS, utilizando muito bem as capacidades 2D do aparelho e utilizando poucos elementos tridimensionais, evitando assim aquelas ridículas texturas estouradas que se vê em muitos títulos. Melhor ainda, a jornada é ilustrada pelas belíssimas CGs que fazem verdadeiros milagres na telinha do portátil exibindo diversos detalhes e uma resolução agradável.
As músicas reaproveitam bastante das composições de Nobuo Uematsu para o jogo de Xbox 360, o que de maneira alguma é ruim, pelo contrário. Algumas poucas composições originais e tratamento estilo 16-bits para todas, o que confere um certo charme retrô.
CONSIDERAÇÕES
Menos ambicioso que o jogo original, "Blue Dragon Plus" recicla a mecânica de "FF XII: Revenant Wings" e "Heroes of Mana" para criar uma experiência divertida e dinâmica. O ritmo é veloz, mas o jogo lhe dá chances de dominar o sistema antes de complicar demais. Obviamente, quem encerrou o título de Xbox 360 aproveitará o melhor o enredo, mas para fãs de RPG de maneira geral é uma aventura cativante com um estilo que foge do usual e se dá bem.