"Children of Mana" é o mais recente jogo da série "Mana" no portátil Nintendo DS. O jogo foi desenvolvido pela Nex Entertainment, sob supervisão de Koichi Ishii, conhecido como o pai da franquia.
A história começa na ilha de Illusia, com elementos tradicionais da série, como a Mana Tree (Árvore de Mana) e a Mana Tower (Torre de Mana), que participam dos eventos que desencadeiam um combate entre a vontade do Mana, uma espécie de força mágica que mantém o mundo, e a Sword of Mana, uma espada sagrada que deveria servir ao propósito dessa força mágica. Pela primeira vez, a espada desafiou a vontade do Mana.
A trupe de heróisO jogador terá acesso a quatro personagens, a maioria com seqüelas do grande desastre contado no jogo anterior, "Sword of Mana". Ferrik, Tamber e Poppen, perderam seus pais no decorrer dos eventos, enquanto Wanderer, é um mercador itinerante da tribo Niccolo, uma espécie de coelhos de proporções humanas.
Cada personagem tem uma arma com a qual se identifica mais, assim como maior habilidade com mágica ou atributos extras para força, dando uma pequena gama de estratégias que se adapta à cada tipo de jogador, enquanto torna o multiplayer mais interessante.
O sistema de batalhaDiferente de seus antecessores, "Children of Mana" está ainda mais centrado na exploração de labirintos, com sistema de batalha seja focado na ação (outros termos conhecidos para descrever o estilo de jogo são "dungeon crawler" e "hack'n'slash"), descrições pouco conhecidas para o jogador comum, mas que basicamente significam que você andará muito por labirintos e sempre lutando bastante.
Cada fase é dividida em andares ou salas, e seu objetivo é encontrar um item que lhe permita avançar por estas. Este item pode estar com inimigos, guardado em baús, ou mesmo deixado de lado em algum lugar qualquer. A cada quatro telas avançadas, o jogo interrompe e oferece um menu para equipar armas, gemas e salvar o jogo.
Para combater os inimigos, o jogador tem acesso a quatro armas: uma tradicional espada, uma corrente chamada de Flail, um arco e flecha e um martelo. As armas variam de força, alcance e até mesmo velocidade.
A jogabilidade, no entanto, não é tão precisa quanto deveria, ficando dependente de certos detalhes que nem sempre funcionam, como a mira do arco e flecha, acompanhando sempre o andar do jogador e complicando que ele atire onde realmente quer.
Outro problema que frustra com o passar do tempo é a forma como os inimigos são arremessados quando atingidos - o corpo pode até derrubar outros. Ao invés de colaborar para a experiência do jogo, os inimigos colidem uns nos outros de forma não realista, muitas vezes até voltando para o jogador e derrubando-o. É até divertido no multiplayer, devido às conseqüências em grupo, mas jogando sozinho é só irritante.
Algumas armas elevam ainda mais esse problema, como o martelo, arremessando inimigos com muita força pelo cenário, transformando a batalha em um verdadeiro "pinball de monstros".
Além de armas, o jogador também tem acesso a gemas e itens que podem ser equipados para garantir bônus em atributos. Há um quadro para posicionar suas gemas de forma organizada. Não é possível encaixar gemas maiores que a capacidade atual do personagem e nem todas as gemas têm efeitos positivos.
E por último, mas não menos importantes, os espíritos guardiões, que colaboram com magias e fortalecimento do próprio personagem. É possível carregar um deles consigo e trocá-los na cidade. Cada um colabora com habilidades diferentes, podendo melhorar uma estratégia utilizando um elemento mais forte contra um certo inimigo.
A inteligência artificial dos inimigos não é interessante, eles não se agrupam de forma lógica, não esperam bons momentos para atacar e a maioria simplesmente parece focada em simplesmente tentar matar o personagem o tempo todo, sem pensar nem por um instante nas alternativas para fazê-lo. No final das fases é comum encontrar um chefe, e eles não são muito mais inteligentes que seu inimigo comum.
Mesmo após terminar as fases, é possível retornar com pedidos de outros personagens para missões paralelas, nas quais os labirintos são gerados aleatoriamente, assim como os inimigos. Tanto nas fases comuns quanto nas geradas aleatoriamente, o estilo não é particularmente desafiador ou surpreendente, mas ao menos as comuns exigem mais cuidado.
O jogo conta com multiplayer wireless local para até quatro pessoas, permitindo que mais três amigos se unam à sua aventura por labirintos, em modo cooperativo ou competitivo. O multiplayer é, com certeza, o ponto mais forte de "Children of Mana", e praticamente anula sua repetição ao colocar mais tempero ao jogo. Infelizmente, não há suporte para a Nintendo Wi-Fi Connection, impossibilitando partidas pela internet.
As belas folhas da Árvore de Mana...O visual de "Children of Mana" foi o grande responsável por iniciar a expectativa em volta do jogo, conforme demonstravam-se os mais belos gráficos 2D, do DS. A linda direção artística, aliada a cenários primorosos são um verdadeiro colírio nos primeiros minutos.
É uma pena que o maior nível gráfico fique pelos cenários sem ação - grande minoria, no caso. Faltam de efeitos gráficos mais chamativos nas batalhas, compensados pelas admiráveis imagens de alguns chefes, bem animados e de proporções enormes.
...e o som do vento que ecoa por elasAs músicas de "Children of Mana" são bonitas, mas estão afogadas na monotonia da estruturação dos labirintos. Mesmo agradáveis, elas simplesmente não conseguem reduzir a sensação de repetição.
Os sons são adequados, com cada impacto soando como deveria. Não são irritantes, então mesmo repetindo vários combates, eles não se tornarão um problema. Considerando a simplicidade desse setor, alguns diálogos seriam bem-vindos.
CONSIDERAÇÕES
Não é possível negar que "Children of Mana" decepciona em alguns setores, enquanto mantém a exata qualidade esperada em outros. Mais precisamente, o setor artístico está tão formidável quanto sempre pareceu, mas o jogo nunca tão repetitiva. Pontos positivos são a facilidade para o multiplayer e uma história que realmente vale a pena ser acompanhada, apesar de escondida por trás de labirintos e monstros. O game com certeza agradará boa parte dos jogadores que estavam esperando tanto tempo, mas não a todos.