Elebits: The Adventures of Kai & Zero

CLAUDIO PRANDONI
Colaboração para o UOL

Um dos primeiros jogos lançados para Wii em 2006 foi "Elebits", game colorido e até certo ponto simplório da Konami, mas que explorava e demonstrava bem à época o potencial do Wii Remote.

O objetivo era vasculhar cenários em busca dos tais Elebits, criaturinhas mágicas dotadas de carga elétrica. A visão era em primeira pessoa e podia-se atirar em objetos com uma espécie de pistola gravitacional apontando na tela com o controle, o que proporcionava assim grande interação com o ambiente.

Desta amigável brincadeira de esconde-e-esconde virtual deriva este "Elebits: The Adventures of Kai & Zero", jogo que dá continuidade à fantástica história do menino Kai e mantém a essência do jogo original, ainda que adaptando o formato para DS com certas perdas e ganhos.

Mecânica preservada

Trailer

A trama é simples e batida de tão clichê: após mil e uma aventuras com Zero, um Elebit Omega, o menino Kai embarca sem querer para um nova jornada ao encontrar um ônibus mágico que é também uma máquina do tempo. Enviado para o passado de um mundo desconhecido, Kai deve recolher Elebits a fim de juntar energia o bastante para voltar ao próprio lar e, claro, de quebra ainda ajudar os habitantes locais ameaçados por um grande perigo.

O roteiro progride sem grandes surpresas ou reviravoltas, culminando em elementos previsíves, tais quais um rival que acaba lhe ajudando e a vila cujo líder dá conselhos valiosos para avançar.

Na mecânica de jogo o intuito continua sendo coletar o máximo possível de Elebits. Novamente entra em ação a pistola gravitacional, mas aqui a perspectiva é outra. Em vez de visão em primeira pessoa, a aventura nos é mostrada em um tradicional visual 2D aéreo, ou seja, como nos antigos jogos de "The Legend of Zelda". Cutucando na tela com a caneta stylus, pode-se vasculhar pedras, árvores e outros objetos para tirar os Elebits da toca. Uma vez ao ar livre, basta tocar neles para paralisá-los e depois encostar no Elebit Omega para os menores serem capturados e assim lhe conceder energia elétrica.

As semelhanças com a série da Nintendo não páram tão cedo. Conforme se avança no mapa, quebra-cabeças inteligentes são apresentados, assim como batalhas com chefes que exigem uso inteligente dos recursos disponíveis. A princípio, Kai dispõe apenas do Elebit Omega chamado Zero, que não tem nenhum poder especial, mas outros são obtidos, cada um com habilidades específicas, por exemplo, atirar fogo e congelar água.

Um dos principais problemas do jogo, contudo, reside na falta de equilíbrio entre esses elementos. Os combates e enigmas são divertidos e engenhosos, mas pouco ocorrem, já a coleta de Elebits é enfadonha e compõe a maior parte da jornada de pouco menos de 10 horas. Para piorar, o modo multiplayer foca exclusivamente nesse esconde-e-esconde pixelado e nada de lutas ou quebra-cabeças, ou seja, dispensável.

Ao menos visual e trilha sonora cumprem bem os papéis que lhes competem. O resultado se assemelha muito a jogos tradicionais de Super Nintendo, com muitas cores vibrantes. Dando um toque de classe, vez ou outra, em menus e cutscenes, aparecem ilustrações belíssimas que lembram até livros infantis. Já as músicas não comprometem nem abrilhantam, apenas marcam presença embalando a empreitada sem irritar.

Além dos modos para vários jogadores, como incentivo para jogar novamente há uma série de conteúdo extra para desbloquear, como vídeos, músicas e fichas técnicas dos Elebits. Pena que não chegam a ser coleções aprofundadas ou dotadas de algo exclusivo, que já não tenha sido visto no jogo. Tira muito do brilho do esforço.