Tom Clancy's EndWar

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

A grife de jogos que leva o nome do escritor Tom Clancy é famosa pelos games de ação tática e espionagem, mas após muitos anos explorando os mesmos filões, a Ubisoft finalmente resolveu diversificar com um jogo de estratégia diferente. Movimentando sua equipe de Xangai, a criadora do Rayman resolveu levar em consideração as limitações de interface dos consoles, sem mouse e teclado para facilitar os comandos - assim o microfone se tornou o principal meio de controle de "Tom Clancy's EndWar", ao menos nos aparelhos de mesa.

Já os portáteis ganharam versões reduzidíssimas e simplificadas da mesma trama, criadas pela alemã Funatics. Assim a importância do comando de voz, grande chamariz do título, se perdeu e tais conversões se tornaram jogos de estratégias em turnos comuns, sem grandes atrativos.

3ª Guerra Mundial

Curiosamente, para um título que se baseia na marca do competente Clancy, a história foi justamente o ponto mais fraco dos exemplares para Playstation 3 e Xbox 360. No DS e no PSP então o enredo chega a ser constrangedor, principalmente por conta dos diálogos metidos a engraçadinhos e a falta de uma apresentação que explique melhor os acontecimentos. Aparentemente só é preciso saber mesmo que a Rússia, Europa e os EUA estão brigando por óleo e territórios em um conflito que pode se tornar a 3ª Guerra Mundial.

A ação em tempo real também foi descartada para dar lugar a uma abordagem mais tradicional, em turnos, com mapas divididos por uma malha de hexágonos . São duas etapas: na primeira você movimenta suas tropas enquanto na segunda define os ataques. Há algumas variações interessantes, como ofensivas coordenadas por unidades que se encontram próximas umas das outras ou bloqueios que impedem os inimigos de avançar. Mas o ponto forte reside mesmo no grande número de soldados e veículos disponíveis - divididos entre especialidades - e a versatilidade em montar grupos bastante heterogêneos.

Graças à quantidade de tropas disponíveis e ao dinamismo da ação, "Tom Clancy's EndWar" consegue gerar alguma curiosidade, mas empalidece diante de uma concorrência bem mais atraente e carismática. Com franquias tradicionais, de peso, como "Final Fantasy Tactics", "Advance Wars" ou "Disgaea" presentes em ambos os portáteis, o game da Funatics não consegue se destacar por não apresentar nenhum charme especial.

Parte da culpa também cai sobre a arte simples e quase infantil do jogo, que apresenta soldadinhos mirrados e cenas de combates semi-animadas dignas de alguns jogos da era 8 bits. O fato do mais poderoso PSP apresentar gráficos semelhantes ao do DS também não ajuda muito, deixando um ar de má fé.