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The World Ends With You

30/04/2008

HENRIQUE SAMPAIO
Colaboração para o UOL
Desde que "Kingdom Hearts" chegou ao PlayStation 2, trazendo uma inusitada e bem sucedida fusão entre os universos Disney e Square, além de uma mecânica de jogo diferente de quase tudo o que já existia, os RPGs japoneses mudaram bastante. O jogo, tal como a própria série "Final Fantasy", que mudou muito de alguns anos para cá, ajudou a instaurar novas tendências de design e roteiro aos jogos do gênero.

Um dos maiores exemplos de que os RPGs evoluíram e não são mais os mesmos é "The World Ends With You" que, não por coincidência, traz personagens criados pelo próprio diretor de "Kingdom Hearts", Tetsuya Nomura. A singularidade do título é tanta que, não fossem pelas muitas opções de personalização, evolução de personagens e poderes especiais, seria difícil inseri-lo no gênero RPG--ou qualquer outro.

Metrópole caótica

Você tem sete dias
O distrito de Shibuya é conhecido por ser uma das regiões mais populosas do Japão. Neste centro urbano, as ruas viram passarela de moda para jovens de roupas excêntricas e exageradamente coloridas e as noites são repletas de atrações, como casas noturnas e bares--uma espécie de Nova York do oriente. Na mitologia de "The World Ends With You", no entanto, existem duas Shibuyas: a RG ("realground", algo como plano real) e a UG ("underground", subsolo), uma espécie de plano que co-existe com a realidade.

Neku e Shiki são dois adolescentes que acordam nesta dimensão paralela, sem lembrar de como foram parar ali. Lá descobrem que são como fantasmas, invisíveis e inaudíveis ao resto da população, e que participam de uma espécie de jogo organizado pelo misterioso grupo Reapers. As regras são simples: todos os jogadores lá presentes precisam participar cooperativamente para cumprir uma missão por dia, que é transmitida através de seus celulares. Se o objetivo não for cumprido dentro do prazo, todos os jogadores são "apagados".

É com base nessa premissa que a história vai se desenvolvendo, sendo que cada dia dos heróis representa uma fase, a qual geralmente traz uma história paralela à principal. Cada fase é uma missão que envolve a interação com habitantes do RG, que é feita por meio da habilidade de ler o pensamento das pessoas, inserir idéias em suas mentes ou mesmo influenciar algumas decisões, já que, para elas, você simplesmente não existe.

Não apenas a idéia por trás do universo do jogo é muito boa, mas o próprio desenrolar da história. A cada missão, novos elementos do enredo, passado dos personagens e regras do jogo dos Reapers são revelados, deixando as coisas sempre instigantes. Tudo é tão bem amarrado e, aos poucos vai te surpreendendo, que você não perderá o interesse pelo enredo em momento algum. Em meio à estagnação de RPGs com as mesmas e velhas histórias batidas sobre reinos encantados e confrontos políticos, "The World Ends With You" serve de respiro ao gênero, trazendo uma profusão de idéias frescas e criativas.

Mundo de novidades

Esqueça (quase) tudo o que você sabe sobre RPGs, pois aqui as coisas são bem diferentes do que você provavelmente está acostumado. O começo, para ser sincero, é uma grande confusão. São tantas informações sobre o sistema de batalha, menus de personalização e desenvolvimento de personagens e poderes especiais que o aprendizado pode ser bastante intimidador.

Veja Neku em ação
É preciso ter paciência, pois se trata de um jogo complexo, que exige pelo menos uma ou duas horas para se ter uma noção geral de como as coisas funcionam. E mesmo após esse período de aprendizado, o jogo vai te apresentando novos elementos de acordo com seu progresso, que vão incrementando a mecânica de jogo, deixando as coisas ainda mais complexas.

Na Shibuya UG, cada indivíduo é capaz de realizar poderes psíquicos para derrotar os Noises, criaturas com detalhes tribais que vivem das energias negativas liberadas pelas pessoas presentes no plano real. E em uma metrópole como Shibuya, o que não faltam são conflitos, preocupação e estresse, e por isso os Noises existem aos montes--e conseqüentemente, as batalhas do jogo.

Os poderes usados pelos protagonistas vêm de diferentes fontes. No caso de Neku, de broches; de Shiki, de seu pequeno gatinho de pelúcia, um "toyart" criado pela própria garota. Cada broche carrega em si uma habilidade ofensiva ou defensiva, que é ativada quando o acessório é equipado. Quase todos os broches podem evoluir e alguns, inclusive, se transformar, habilitando poderes mais fortes.

Como em Pokémon, colecionar e evoluir os broches acabam se tornando grandes atrativos, até porque, são centenas deles, cada qual com sua característica própria. Existem várias maneiras de adquiri-los, seja através de lojas ou ganhando em batalhas contra inimigos comuns ou chefes. O jogo também permite que dois jogadores conectem seus DS via wireless para a troca de broches.

As batalhas utilizam as duas telas do portátil, com Neku em baixo, na tela de toque, e Shiki na tela superior. Os ataques de Neku são feitos com a caneta, sendo que cada broche exige um movimento diferente da mesma na tela (riscar horizontal ou verticalmente, circular o chão, arrastar objetos pela tela etc.), enquanto os de Shiki são feitos com o direcional, movendo-o para a direção indicada em seqüências de combos.

Ao terminar um combo com Neku, uma esfera esverdeada é passada para Shiki, indicando que seus ataques estão mais potentes. Finalizando um combo com ela, a esfera volta para Neku, potencializando ainda mais seus golpes. O pingue-pongue continua, sempre multiplicando o dano causado pelos ataques, até que algum inimigo quebre a seqüência com um golpe certeiro.

Há também centenas de peças de roupas e acessórios para comprar pelas lojas e shoppings de Shibuya, que como os broches, também melhoram atributos ou dão aos personagens poderes especiais. Cada um desses acessórios possui sua própria grife, que melhoram ou pioram o desempenho de suas habilidades de acordo com o "hype" da marca em cada bairro de Shibuya.

Um passeio por Shibuya
E não é só: Neku e Shiki também precisam parar para comer em uma das dezenas de lanchonetes e fast food espalhadas pela cidade. Cada alimento melhora algum aspecto dos personagens, porém precisa ser digerido antes que você possa se alimentar de novo, o que exige sua participação em algumas batalhas.

São muitos outros os elementos que compõe a mecânica de "The World Ends With You". Trata-se de um jogo recheado de funções e opções, que vão sendo habilitadas de acordo com seu progresso, impedindo que o jogo caia na repetição.

O que importa é o estilo

Uma coisa que definitivamente não falta aqui é identidade. A começar pelo desenho dos personagens, que lembra bastante o estilo de "Kingdom Hearts", mas com traços mais rígidos e angulares. É curioso notar que quase todos são excessivamente magros, quase anoréxicos, a ponto de incomodar.

Durante os diálogos, há todo um visual de HQ, com muitos balões de conversa e pensamentos. Aliás, o jogo todo é um belíssimo trabalho de arte 2D, com ilustrações de cenários urbanos e muitas animações em "pixel art" para os personagens, inimigos e poderes especiais. Grafites, arranha-céus, terminais de ônibus, outdoors eletrônicos: o amálgama caótico de cores e formas das grandes metrópoles é muito bem representado.

Um dos únicos problemas visuais do jogo é o efeito de distorção dos pixels dos personagens causado quando você se aproxima ou se afasta da câmera, o que era comum em jogos do começo da era 3D, que misturavam animações em 2D com ambientes em 3D.

A trilha sonora também merece destaque, com músicas de diversos gêneros, como eletrônica, pop, j-pop, hip-hop e rock, quase todas em versões cantadas. A qualidade do áudio é impressionante, principalmente se levarmos em conta o hardware modesto do portátil. Pela grande mistura de ritmos e estilos, talvez algumas músicas possam desagradar dependendo do seu gosto musical, até porque elas tocam aleatoriamente durante as batalhas e exploração.

CONSIDERAÇÕES

Há tempos não surgia um jogo portátil com tantas qualidades como "The World Ends With You", um título que esbanja estilo e identidade própria. Todos os elementos que o compõem são resultado de muita criatividade e idéias novas. Do enredo à trilha sonora, tudo é tão cativante e inteligente que você terá a certeza de que está jogando algo diferente de tudo que já existiu em relação à jogos portáteis e RPGs.

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    The World Ends With You (DS)

    87 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Square Enix
    Lançamento: 22/04/2008
    Distribuidora: Square Enix
    Suporte: 1 jogador
    ImperdívelAvaliação:
    Imperdível

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