Rondo of Swords

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Apesar de pequena, a Atlus é uma empresa que tem um público fiel, sempre ansioso por seus títulos com forte influência nipônica, design inovador e ênfase em gêneros como RPG, adventure e estratégia. É o que acontece em "Rondo of Swords", que pega a fórmula de clássicos como "Fire Emblem" e "Advance Wars" e adiciona uma série de novidades bastante intrigantes, com um alto desafio. Um prato perfeito para os aficionados, mas um tanto indigesto para jogadores casuais.

Estratégia implacável

O reino caiu

A ambientação de "Rondo of Swords" não é das mais originais, colocando uma boa trama em um cenário medieval padrão bem conhecido dos videogames. Mas a trama é boa, começando com a morte de um monarca que passa sua espada secretamente para seu guarda-costas e dublê, determinando que ele tome seu lugar e lidere as poucas tropas sobreviventes. Como em todo bom RPG que se preze, os mocinhos vão encontrando todo tipo de figura pelo caminho, com diversas personalidades e habilidades diferentes, compondo um grupo bem eclético.

E as mudanças já começam por aí: como na maioria dos jogos do estilo, você não é capaz de utilizar todos os seus heróis de uma vez só na batalha e alguns acabam ficando de lado, sem desenvolver seus poderes. Para evitar isso, há o chamado "Errand System", em que é possível designar alguns desses personagens para realizar tarefas secundárias enquanto outros vão para a guerra.

Por exemplo, você pode mandar que algum vá até a cidade comprar e vender itens ou treine alguma habilidade durante alguma missão. Ele ficará indisponível durante a luta, mas voltará a ser selecionável logo em seguida, após ter cumprido com aquilo que lhe foi designado - mesmo que haja uma chance de algo dar errado, como ele ser vítima de uma emboscada pelo caminho.É uma variável muito interessante, que demora até ser bem utilizada, o que demonstra o quanto o nível de dificuldade de "Rondo of Swords" é implacável.

Isto se agrava quando exploramos a cereja do bolo, o sistema de batalhas apelidado de "Route Maneuver System", que funciona de uma maneira totalmente diferente de qualquer outro jogo do estilo. Em vez de andar por quadradinhos e colocar seus personagens frente a frente com os inimigos, como na maioria dos concorrentes, aqui seus protagonistas fazem um trajeto entre as forças inimigas, correndo até um ponto específico, vazio, no cenário. Assim, é possível acertar entre três a cinco oponentes em um mesmo turno, e já que os inimigos também fazem a mesma coisa, os combates são muito intensos.

E difíceis também, pois como tudo é muito dinâmico e pode mudar drasticamente, há aquele impulso de fazer tudo de maneira rápida e imprudente, o que é garantia de fracasso. Como em uma partida de xadrez, é vital que você preveja os passos com antecedência de vários turnos, equilibrando bem suas unidades de ataque de curta e longa distância, o que é bastante complicado de se alcançar em apenas algumas horas, exigindo muita dedicação.

Visual antiquado

Com as boas novidades na mecânica de jogo, o grau de dificuldade com certeza lembra os antigos RPGs de 16 bits, e talvez esta tenha sido mesmo a intenção, uma vez que os gráficos e os sons são um tanto quanto antiquados. A música é a mais simplória e genérica possível, que serve, no máximo, para embalar alguns momentos mais empolgantes e mostrar que o jogo está funcionando como deveria, além de algumas breves falas de personagens. Já os gráficos são um pouco mais inspirados, com fortes traços baseados em mangás, mas sem grandes recursos de animação, fazendo apenas o básico, com um visual colorido e chamativo, que agrada mas não empolga.