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PlayStation 2

Shin Megami Tensei: Persona 4

09/01/2009

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
No mundo dos RPGs, "Final Fantasy" pode ser considerado um filme do tipo "arrasa-quarteirões", daqueles que nem quem é tão familiar ao assunto já ouviu falar. Seguindo essa analogia, a série "Shin Megami Tensei" já seria algo como uma obra de David Lynch, autor de "Twin Peaks", "Estrada Perdida" e "Império dos Sonhos", ou seja, com temática nada convencional, muitas vezes macabra, e, por isso mesmo, apesar de não alcançar um enorme público, é capaz de fazer fãs apaixonados.

Em "Persona 4", a produtora Atlus não quis se arriscar, e repetiu quase na íntegra a mecânica de jogo do antecessor. Alguns pontos polêmicos, como as cenas em que as personagens apontam uma arma contra a própria cabeça, foram retirados, e outras funcionalidades, ajustadas para melhor, tendo como base as reclamações feitas pelos jogadores de "Persona 3".

Deuses, demônios e belas mulheres
Ou seja, quem gostou do jogo anterior da franquia, tem bons motivos para olhar "Persona 4" com bons olhos, cuja trama trata de assassinatos em série. O personagem principal é um jovem da cidade grande que vai passar um ano na casa de um tio, numa cidade interiorana do Japão. Mas em pouco tempo, o outrora tranquilo município de Inaba se torna palco de mortes misteriosas. Como estamos falando de "Persona", é claro que não se trata de simples assassinatos, mas forças de outras dimensões estão envolvidas.

Japonês em todos os sentidos

"Persona 4" é um RPG japonês com batalhas por turnos. Não apenas a mecânica de jogo vem da tradição nipônica, mas o enredo do game, assim como os antecessores, foca a cultura local dos dias de hoje: todo o calendário dentro do game é norteado pelos feriados nacionais do arquipélago, como o dia do mar ou da cultura. Além disso, como mostrado no jogo, há escolas cujos dias letivos incluem o sábado.

O game é inegavelmente interessante, mas demora a engrenar. Nas primeiras horas do game, há pouca interação - o entretenimento é passivo, com muita leitura. O propósito é introduzir o jogador aos poucos para mundo de "Persona", que não tem apenas porções de RPG. Sim, como os antecessores, os protagonistas, por mais que tenham poderes para enfrentar criaturas tenebrosas, são estudantes comuns, e todos os dias da semana precisam frequentar a escola.

Yukiko banca a repórter sexy
Quando o jogador não está em labirintos lutando contra demônios, o game assume o formato de um simulador de vida. Entenda isso como um "The Sims" simplificado, em que o usuário precisa criar laços sociais, seja saindo com amigos, participando de atividades extracurriculares, fazendo trabalho em meio período e namorando. Tudo isso é opcional, mas ao fortalecer as relações interpessoais, o jogador ganha vantagens na hora de criar os Personas, entidades que em última instância definem o poder do personagem principal contra os inimigos.

Mas é um desperdício ignorar esses eventos do dia-a-dia, não apenas por inluir nos combates, mas por trazerem histórias marcantes e facetas desconhecidas dos companheiros, fato que ajuda a criar mais empatia pelos personagens, como se já não fossem carismáticos o suficiente. Mascotes bizarras fazem parte do universo dos RPG japoneses, e, em "Persona 4", esse papel cabe a Kuma, o urso de pelúcia mais cabeça-oca (literalmente!) que já se viu. Suas tiradas são impagáveis. As opções de evento que se tem a disposição são tantas que é impossível ver tudo numa única jogada e, por isso, o usuário deve ficar muito tentado a recomeçar tudo com a opção New Game +, em que o personagem herda grande parte da conquistas da primeira partida.

Será que vai chover?

As condições climáticas, uma das novidades desta edição, modificam diversos aspectos do jogo, e isso é especialmente verdade nos dias de chuva. Com o tempo ruim, os monstros ficam mais fortes, mas o jogador pode experimentar eventos que não acontecem em outros dias, como assistir ao Midnight Channel, um misterioso programa de TV que passa a 0h dos dias chuvosos e que são imprescindíveis para o progresso do jogo. A neblina costuma vir depois do período de umidade e se o jogador não conseguir salvar a próxima vítima do assassino, o jogo acaba, restando ao usuário a opção de retomar um save ou voltar uma semana no tempo.

DVD quebrado causa problemas
A porção de combate e exploração de labirintos acontece fora do mundo real. Cada uma das fases representa o interior dos personagens envolvidos: no caso de Yukiko, o cenário é um castelo, pois, apesar de ela não demonstrar interesse pelo sexo oposto, em seu âmago, espera que um príncipe que a leve para longe do cotidiano. Mas o visual dos labirintos fica ora mais perturbador - como o de um garoto que tem dúvida de sua sexualidade - ora mais delirante - caso de um maníaco por coisas antigas. Assim, com divisão de "fases", a exploração fica menos cansativa que no antecessor, que virtualmente tinha apenas um labirinto: uma colossal enorme torre. Desta vez, os personagens não ficam mais cansados ao longo do tempo, mas, mesmo assim, principalmente no começo, é provável que o jogador tenha que desistir da exploração assim que acabar seus pontos mágicos (chamado SP). Os meios para recuperá-los não são nada baratos e, ainda por cima, os itens são escassos.

Estratégia

O sistema inteligente e prazeroso de combate continua, e a Atlus consertou os defeitinhos do antecessor - agora, os companheiros também podem ser controlados pelo jogador. Para se dar bem nas batalhas, é preciso descobrir o ponto fraco dos oponentes, testando as diversas magias e golpes disponíveis. Usar um ataque que o inimigo não suporta não apenas tira mais de sua energia, mas também o derruba, fazendo com que o jogador ganhe um turno extra. Isso continua enquanto conseguir colocar os outros monstros ao chão e quando todos estiverem assim, há a opção de aplicar uma ofensiva em massa, que geralmente define a vitória. Assim, a dificuldade dos combates depende das estratégias que aplicar e isso é especialmente verdade contra os chefes que, não importa o nível em que grupo esteja, quase nunca é presa fácil. Felizmente, o game traz seleção de dificuldade, e o jogador pode escolher o tamanho do desafio. Os inimigos estão visíveis no mapa, mas o que não ajuda é o controle da visão. Apesar de existir quatro botões e um direcional para mover a câmera, nenhum desses métodos realmente funciona.

Tomoe ataca
Novamente, cada personagem pode invocar Personas, alter-egos em forma de criaturas demoníacas. No entanto, o protagonista pode carregar mais de um. Ganha-se Personas durante o Shuffle Time, que acontece aleatoriamente depois de svencer um inimigo, e depois, é possível ir para a sala do veludo para fundir esses seres para gerar novas espécies. Agora, é possível saber de antemão o resultado de um cruzamento e as habilidades que a criatura resultante terá. Lembre-se que quanto mais as tramas sociais estiverem desenvolvidas, mais espécies de Personas - mais fortes, por sinal - podem ser geradas.

Mesmo para um jogo de PlayStation 2, os cenários não são dos mais sofisticados. Ainda, muitas das criaturas e Personas vieram do antecessor. Mas, novamente, o bom trabalho do ilustrador Shigenori Soejima, que concebeu personagens cativantes, faz a diferença. A trilha sonora é um dos pontos altos: misturando vários estilos, mas tendo como principal gênero o pop japonês, as composições são, em geral, inusitadas e pouco convencionais, e integram-se soberbamente ao jogo.

CONSIDERAÇÕES

"Persona 4" é um "Persona 3" com uma outra história. Assim, herda o que o antecessor tinha de bom, como a mecânica de combate e os elementos de simulador de vida, e introduz uma ótima trama policial. As qualidades do game são inegáveis, mas é improvável que, sendo pouco convencional em seus temas, caia nas graças do público em geral. Mas quem já foi fisgado pela excentricidade do game, não terá nenhum motivo para recusar as aventuras da Midnight Channel.

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    Persona 4 (Playstation 2)

    15 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Atlus
    Lançamento: 09/12/2008
    Distribuidora: Atlus
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    RecomendadoAvaliação:
    Recomendado

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