Ring of Red

da Redação

Guerra não é uma coisa bonita. O Japão só desistiu de resistir contra os EUA depois de duas bombas atômicas, que provavelmente marcaram um dos momentos mais negros da Humanidade.

Ring of Red contradiz duas coisas da frase acima. A primeira, é que o Japão decide, na versão histórica alternativa do jogo, continuar na guerra mesmo depois das bombas atômicas. Com isso, o país se divide, e interesses americanos, comunistas e nazistas separam a ilha. E uma nova tecnologia surge, que pode mudar o rumo da história: tanques bípedes movidos à gasolina. A segunda diferença é que a Konami incorporou um visual militar no jogo que prova que até mesmo a guerra pode ser bonita.

Antes de mais nada, devo dizer que Ring of Red definitivamente não é para qualquer um. Se você fez questão de perseguir as missões não-obrigatórias de Final Fantasy Tactics e quis ver os dois caminhos de Front Mission 3, o jogo da Konami será uma benção divina. Mas se você já fica impaciente com as lutas de chefe que duram mais que três minutos em um RPG... é melhor procurar por Onimusha. Apenas fãs de estratégia e pessoas pacientes devem experimentar esse aqui.

Você controla um dos mais brilhantes estudantes da academia militar, Masami von Weizegger (descendente de japoneses e alemães), chamado para testar o mais novo AFW (Armored Fighting Walker) alemão. Só que esse enorme robô é roubado, e uma história de intrigas, frustração pessoal e amor se desenrola durante a tentativa de recuperação desse protótipo. Além da tradução bastante abaixo da média (com direito a erros de grafia, gramática e enredo), a versão americana sofreu alguns cortes da censura: quase todas as referências nazistas foram removidas - vídeos de Hitler, cenas com caminhões carregando suásticas, assim como todas as referências às bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki. Isso não apenas prejudica o enredo, fazendo com que as tropas do Sul do Japão tenham como sua única relação com com o nazismo um comandante alemão (sem explicação nenhuma), mas demonstram como os americanos fazem questão de manter o jogo acima de qualquer tema controverso.

Mas se você colocar o enredo de lado, a ação de Ring of Red é incrivelmente original e divertida. Ao contrário do que as fotos indicam, boa parte da ação se dá em um tabuleiro onde você controla suas tropas. Cada tropa é composta por um AFW e alguns soldados de suporte. O truque é saber aproveitar as capacidades desses soldados e planejar o uso de seu AFW. Seu suporte inclui atiradores de elite, morteiros e outros, cada um com uma especialidade: alguns só conseguem matar outros soldados, alguns só podem ferir AFWs, outros se especializam em ataquem à distância e assim por diante. Os AFWs devem ser dirigidos como tanques: você aproxima eles do inimigo com cautela, e daí pode escolher quanto tempo vai gastar mirando: mais tempo, maior possibilidade de atingir o alvo, mas também fica mais vulnerável. A mistura entre estratégia e interação é perfeita, e da bastante ritmo ao jogo.