Cross Edge

OTAVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Os Crossovers, aqueles encontros que misturam personagens de universos diferentes, são o sonho de qualquer fã e já provaram ser eventos de grande sucesso, desde os quadrinhos aos cinema, passando pelos games também. A Capcom é uma empresa que fez escola com isso em suas séries de luta principalmente, como em "Marvel Vs. Capcom", e a agora da Idea Factory tentar também, mas em um RPG.

Do projeto nasceu "Cross Edge", um game bastante tradicional que apresenta os personagens York e Miko em uma história para lá de confusa que os coloca em uma espécie de limbo que funde dimensões paralelas e os coloca frente a frente com personagens famosos de outras produtoras de games. É uma trama totalmente sem pé nem cabeça que serve como pretexto para despejar heróis de jogos como "Darkstalkers", "Disgaea", "Ar Tonelico", "Absolute Blazing", "Mana Khemia", "Atelier Marie" e "Spectral Souls" sem muito critério ou cuidado.

Foi tanta vontade de inundar o jogo com muita gente que fica difícil entender quem está fazendo o que no roteiro, quais são suas motivações, dramas e propósitos. É um problema grave que dilui a narrativa e destrói o principal trunfo de qualquer jogo do gênero. Logo você se você pressionando botões para acelerar os diálogos e ir direto para ação, para ver se as coisas melhoram um pouco.

As lutas funcionam em turnos, em que o jogador deve usar seus pontos de ataque para atingir os inimigos espalhados em quadros marcados no chão do cenário e alternar entre seus heróis rapidamente para emendar combos. É um sistema de combate bastante robusto, mas que também sofre com a confusão de design. Há muita coisa a fazer, como confecção de itens, troca de roupas que dão poderes especiais e receitas a serem descobertas, só para citar alguns aspectos, mas a interface é extremamente poluída, de difícil navegação. Até mesmo o tutorial chega a dar certo medo ao apresentar uma quantidade absurda de menus na hora de explicar o que se deve fazer.

Se tudo no jogo parece complexo demais, não se pode dizer o mesmo da apresentação. Há uma mistura de gráficos 2D antiquados com cenários pobres em 3D, sem qualquer tipo de detalhe, e alguns diálogos pouco inspirados -- disponíveis em inglês e japonês. Tudo isso rodando com uma performance abaixo da crítica, mesmo com o conteúdo instalado no disco rígido do aparelho.