Assim como aconteceu com jogos de futebol, jogadores ficaram acostumados a receber todo ano edições novas de games musicais, em especial as séries "Guitar Hero" e "Rock Band".
Enquanto alguns episódios buscam apenas expandir conceitos bacanas de edições passadas, outros tentam inovar, introduzindo ideias inéditas e outras características. Infelizmente, "Warriors of Rock" falha em cair em uma dessas categorias e, de fato, não agrega nada positivo em seu lançamento.
Apesar de repetir alguns elementos bacanas de "Guitar Hero 5", "Warriors of Rock" é uma produção rasa e pouco inspirada, com ideias que não funcionam. Em linhas gerais, é um jogo que não justifica sua existência.
Guerreiros pouco inspiradosEm essência, claro, o jogo mantém a característica da popular série: oferecer ao jogador dezenas de músicas para tocar em variados instrumentos, como guitarra, baixo, bateria ou até cantando no microfone, tendo como desafio apertar botões coloridos no tempo certo ou cantar no tom correto.
Como grande atração, "Warriors of Rock" apresenta um modo Quest, com uma história épica que se desenvolve conforme o jogador vai tocando músicas de diversas listas. Na promessa seria algo digno de games de RPG, mostrando um embate colossal entre um deus do rock que deve convocar guerreiros para ajudá-lo e assim por diante.
Na prática, a brincadeira se resume a navegar por menus desajeitados, passando por setlists variadas representando personagens diferentes. Eventualmente eles até viram monstros com poderes especiais que afetam na mecânica - por exemplo, a mocinha Echo Tesla acumula o poder especial Star Power ao acertar muitas notas em seguida, em vez de apenas com notas determinadas, como de costume -, mas o efeito prático é pouco, quase nulo, e o visual dos músicos como monstros é feio demais.
Para piorar, as animações que contam a história são ilustrações estáticas com pequenos efeitos especiais. Para um modo que se dispõe a integrar um enredo elaborado em um jogo musical, faltou capricho e disposição - características que sobram, por exemplo, nas animações de corte em "The Beatles: Rock Band".
A questão dos menus não fica restrita ao modo Quest. Na verdade, "Warriors of Rock" carece de organização e uma apresentação mais amigável, problemas solucionados de forma mais eficiente em "Guitar Hero 5", que evitava colocar muitos menus na frente do jogador. Já "Warriors" esconde tudo atrás de opções mil, até mesmo os modos mais voltados para jogatina rápida, como o Quickplay+ e o Party Play.
A set list conta com alguns trunfos, como "Bohemian Rhapsody", do Queen, e o épico musical "2112", do Rush, mas ainda assim é inferior às listas de títulos passados. Claro, há outras bandas fortes, como Megadeth, Aerosmith e Foo Fighters, mas faltam hinos mais fortes e emblemáticos - talvez até porque já tenham sido usados antes, seja em disco ou como conteúdo para download.
Seguindo a cartilha dos predecessores, o título apresenta opções detalhadas para criar seu roqueiro, personalizando seu visual e tudo mais. O modo para criar músicas também se faz presente e logo de cara "Warriors" também oferece opções de se integrar ao Facebook e Twitter, permitindo publicar automaticamente seu progresso e conquistas no game.
Como forma de incentivar a jogar mais e mais, "Warriors of Rock" possui um sistema de objetivos adicionais em todas as músicas, tal qual segurar notas prolongadas pelo maior tempo possível e acertar grandes sequências de notas sem errar. Vencer os desafios rende mais estrelas, que por sua vez ajudam a habilitar novos músicos, cenários e equipamentos - nada muito diferente de qualquer episódio anterior.
Na parte visual continuam algumas melhorias de "Guitar Hero 5", a exemplo de animações mais suaves e efeitos de iluminação e partículas bem decentes, mas a direção artística de maneira geral carece de muita inspiração. Os personagens são caricaturas exageradas demais e os cenários pouco atraentes. Versões passadas resolveram tudo isso de forma melhor, o que passa a impressão de retrocesso.
No final das contas, apesar de tecnicamente ser um jogo que funciona, com dezenas de canções, som cristalino e a variedade de instrumentos que aprendemos a esperar (aliás, podendo misturar como quiser, com qualquer quantidade microfones, guitarras, baixos e baterias), "Warriors of Rock" fracassa feio no modo Quest, a grande novidade alardeada e ainda consegue, sabe-se lá como, errar em pontos nos quais os jogos anteriores acertaram.
CONSIDERAÇÕES
"Guitar Hero: Warriors of Rock" replica a fórmula de sucesso da série musical, mas com pouca inspiração e competência. O modo Quest mostra uma história simplória demais que se resume a navegar por menus confusos e desajeitados. O problema de organização permeia todo o jogo, que sofre ainda com direção artística fraca e uma set list que, apesar da presença de um grande segmento do Rush e outras bandas de renome, tem menos faixas empolgantes para uma banda de rock como outros "Guitar Hero".