Numa época em que os games de tiro em primeira pessoa são um dos gêneros mais populares entre os jogadores (pelo menos no Ocidente) e terem tecnologia de ponta no que diz respeito a gráficos, parece anacrônico os jogos de tiro "sob trilhos", que surgiram sobretudo nos anos 90 - sendo "Virtua Cop" um dos maiores expoentes.
Conversões para videogames desses jogos apareceram ao longo da história, sempre acompanhado de controles em forma de pistola. Agora, com videogames como o Wii, que trazem funcionalidades de apontador, não é mais necessário apetrechos extras, e é acompanhado do PlayStation Move, que tem tecnologia semelhante, que surge "Time Crisis: Razing Storm", da Namco Bandai.
O título, na verdade, é uma coletânea: traz três games originalmente lançados para fliperama (e uma modalidade de jogo original que até poderia ser uma boa ideia, mas a realização foi totalmente falha). Atenção aos que não têm o PlayStation Move (ou o GunCon): não percam seu tempo com "Razing Storm", pois o game perde toda a sua graça (que já é parca em muitos momentos).
FPS ou não FPS? Eis a questãoO jogo tem dois momentos distintos. Quando se atém à ação arcade, entrega uma experiência similar a das versões para fliperama: intensa, mas fugaz. O controle Move funciona muito bem em "Time Crisis 4", "Deadstorm Pirates" e o modo arcade de "Time Crisis: Razing Storm". O primeiro tem o desafio; o segundo, a aventura de uma caçada ao tesouro (é como estar dentro de um filme como "Piratas do Caribe"), intercalando tiroteios e atividades que demandam gestos; e o terceiro, a sensação libertadora ao destruir tudo e a todos. Em todos eles, jogar em dupla potencializa a diversão.
No entanto, quando se exige algo mais que atirar e se esconder (ou ativar um escudo) - e aí se inclui as cenas de múltiplas telas de "Time Crisis 4" - o game sai, com o perdão do trocadilho, dos trilhos. O modo de história de "Time Crisis: Razing Storm" propõe ser um game de tiro em primeira pessoa em escala plena, com deslocamento livre em mapas lineares, mas cercado de clichês (o primeiro cenário, por exemplo, é uma favela carioca, com falas em português e tudo).
O pior, no entanto, é que os controles com o Move são simplesmente péssimos. Como se pode imaginar, o Move comanda a mira, que, ao atingir os cantos, faz a tela deslocar e mudar a visão. O problema é que os controles são erráticos e, se é difícil domar a visão em situações de calma, fica extremamente frustrante na hora do aperto. Não ter um ajuste de "bounding box", que determina a "folga" para que a tela comece a se mexer, apenas agrava a situação.
São poucos jogos de tiro no Wii em que a mira funciona direito e fica a dúvida se o Move conseguirá êxito em título de maior peso, como "S.O.C.O.M". Existe um componente multiplayer online no modo de história de "Razing Storm" que é um pouco melhor, mas não chega a compensa devido a simplicidade.
CONSIDERAÇÕES
Juntos, "Time Crisis: Razing Storm" e o PlayStation Move, conseguem entregar a diversão das edições para fliperama, mas, como tal, não é duradoura. A tentativa de acrescentar volume com um game de tiro em primeira pessoa com movimentação livre foi louvável, mas essa modalidade é simplesmente frustrante. No fim das contas, é um jogo para alugar ou passar para frente em um fim de semana.