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12/06/2009 - 10h22

"Tetris", mesmo aos 25 anos, continua irresistível

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL

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"Tetris" para Game Boy é uma das versões mais populares do quebra-cabeça russo

"Tetris" para Game Boy é uma das versões mais populares do quebra-cabeça russo

Era um tempo em que o Brasil ainda vivia a ditadura, mas o movimento das Diretas Já! fez ecoar no País o desejo pela democracia. Na ficção de George Orwell, era um tempo em que grande parte do mundo estava sob o regime totalitário do Grande Irmão. No campo mundial, dava-se mais um episódio marcante da Guerra Fria, em que a União Soviética boicotava as Olimpíadas de Los Angeles, em represália à retirada dos Estados Unidos nos Jogos anteriores, em Moscou, em função da intervenção soviética no Afeganistão em 1979.

Os jogos eletrônicos não passavam por um bom momento. Depois do "boom" do Atari, aconteceu o "crash dos videogames" nos Estados Unidos e o NES, que viria a ser um grande sucesso, existia apenas no Japão. Mas, por trás da Cortina de Ferro, no coração da Rússia, nascia aquele que é considerado um dos mais reconhecíveis, memoráveis e triunfantes jogos de todos os tempos.

Em 6 de junho de 1984, o matemático Alexey Pajitnov, então com 29 anos, terminou de programar a primeira versão de "Tetris" num computador chamado Elektronika 60, um clone do PDP-11. Os quebra-cabeças eram uma das paixões de Pajitnov, que fez diversos jogos do gênero nas suas horas vagas, enquanto não estava lidando com temas como inteligência artificial ou reconhecimento de falas na Academia de Ciências de Moscou. A inspiração veio do pentaminó, um conjunto de blocos constituído de cinco quadrados arranjados de forma diferentes, cujo objetivo é construir um retângulo encaixando as peças, sem deixar nenhum espaço em branco.

O CRIADOR DE 'TETRIS'
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O autor de "Tetris", Alexey Pajitnov, é um matemático russo que trabalhava na Academia de Ciências de Moscou.
The Tetris Company
Pajitnov mostra a primeira versão de "Tetris", feita no Elektronica 60
Pajitnov simplificou o quebra-cabeça, transformando as peças em "tetraminós", em que eram possíveis sete variações de formato. A regra também foi mudada: em vez de formar retângulos, o objetivo passaria a ser fazer linhas completas. O dinamismo veio com o fato de as peças caírem do alto, cada vez mais rápido na medida em que o jogador consegue mais pontos.

É simples à primeira vista, mas dominar o jogo é tarefa árdua, como comprovaram jogadores e estudos científicos. Com essa fórmula fascinante, "Tetris" - cujo nome veio da junção de tetra (quatro em grego) e tênis, esporte preferido de Pajitnov - não foi apenas um jogo, mas um gênero em si próprio.

O Elektronika 60 era um computador rudimentar, sem modo de gráfico, apenas de texto (o visual era composto de pontos de exclamação e colchetes). Mesmo sem atrativos visuais, o game de apenas 27 KB já mostrava seu poder de magnetizar. "Você não pode imaginar. Eu não conseguia terminar o protótipo. Começava a jogar e nunca tinha tempo para terminar o programa. As pessoas continuavam a jogar, jogar e jogar. Meu melhor amigo disse: 'Eu não consigo mais viver com seu Tetris'", disse Pajitnov à publicação Wired, em 1994. Em 1985 foi feita uma versão para PC (com gráficos coloridos e pontuação) e, de cópia em cópia, o título chegou ao Ocidente pela Hungria.

A luta pelo ouro soviético

A partir de então, começava uma bagunça enorme pelos direitos do game, que até 1989, envolveu softhouses húngaras, inglesas, americanas e japonesas. No fim das contas, a Nintendo conseguiu a licença para desenvolver "Tetris" para consoles e portáteis, tirando da jogada a Tengen (subsidiária da Atari, que chegou a lançar o jogo para NES) e a Sega (que também fez uma versão para Mega Drive, que hoje é um dos mais raros e disputados cartuchos do videogame de 16 bits).

A exemplo da versão para PC, "Tetris" foi um sucesso no NES, com oito milhões de unidades vendidas. Mas foi no Game Boy, lançado em 1989, que encontrou a simbiose perfeita. A Nintendo queria um game que não fosse "Mario Bros." ou "The Legend of Zelda" e que pudesse ser apreciado por jogadores de todas as idades e de ambos os sexos. Encontrara em "Tetris" o título perfeito, que foi encartado junto com o portátil.

INSPIRAÇÃO
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A ideia de "Tetris" veio do quebra-cabeça pentaminó.
Assim, o jogo ganhou as ruas, excelente para matar o tempo da fila do banco ou no traslado de ônibus. Pode-se dizer que foi um dos primeiros jogos casuais da história. Assim, mais de 35 milhões de unidades foram comercializadas, e ajudou a construir a popularidade do Game Boy. Em todas as plataformas - foi convertido para mais de 30 sistemas -, as vendas chegam a 125 milhões de unidades.

Mas até 1996, quando Pajitnov pôde ser proprietário de sua própria obra, o matemático não ganhou quase nada com sua criação. Feito numa Rússia socialista, a propriedade intelectual ficou com o Kremlin. Atualmente, quem cuida dos negócios da franquia é a Tetris Company, fundada por Pajitnov e Henk Rogers, um designer holandês que conseguiu os direitos do game para a Nintendo. Os números relativos ao game continuam subindo, pois, oficiais ou não, estão disponíveis para diversos celulares, inclusive no iPhone. A Tetris Company diz que o jogo representa 10% de todas as vendas de títulos para dispositivos móveis. No site Tetris Friends Online Games, mais de um milhão de partidas são disputadas todos os dias.

Diversão atemporal

Quem já jogou "Tetris" - e é raro encontrar alguém minimamente familiarizado com games que nunca tenha gastado uns minutinhos com o quebra-cabeça - sabe de seu poder mesmerizador. Já se disse que "Tetris" penetra profundamente na psique humana. "A parte principal é o 'insight' visual. Você faz sua decisão visual e isso acontece quase imediatamente. 'Insight' significa emoção: pequena, mas muitas delas, a cada dois ou três segundos. O segundo mecanismo é a ação não finalizada. 'Tetris' tem muitas ações não finalizadas que forçam você a continuar e o torna muito viciante. O terceiro é a automatização: em algumas horas, a atividade se torna automática, um hábito, uma motivação para repetir", diz Vladimir Pokhilko, amigo de Pajitnov e ex-psicólogo do Instituto Médico de Moscou.

VARIAÇÕES
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Pajitnov também é autor de games como "Hexic" e "Hatris".
The Tetris Company
"Tetris" já foi programado até em um prédio, inserindo luzes coloridas nos apartamentos.
A realidade é que nunca houve um título tão amigável para quem jamais se interessou por games e que ao mesmo tempo capturasse tanto a atenção dos aficcionados pelo assunto. Qualquer lista séria dos dez melhores jogos da história inclui o clássico de Pajitnov. É um título perene, que pouco mudou em seus 25 anos de trajetória - e continua tão irresistível quanto da primeira vez.

Muitas variações da fórmula foram testadas, mas nenhuma chegou perto de fazer o sucesso dos títulos tradicionais. Particularmente, a edição que mais joguei foi "Tetris Battle Gaiden", para Super Famicom (que só saiu no Japão). Ele trazia vários personagens, cada um deles com quatro poderes especiais. O Ninja, por exemplo, conseguia deslocar os blocos de maneira que eliminasse os espaços em branco. Já o Halloween, que tem cabeça de abóbora, deixava o campo de visão do adversário no escuro. Não era um título da fórmula pura, mas bastante divertido, principalmente no multiplayer.

O próximo passo da "Tetris", diz Rogers, é uma versão do título que "será possível ter jogos internacionais similar às Olimpíadas ou a Copa do Mundo".

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